segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Terra Vermelha


Brasil/Itália, 2008
Direção: Marco Bechis


Com certeza este foi o ano do índio, ao menos no que diz respeito ao Cinema. Tivemos os ótimos documentários "Serras da Desordem", obrigatório, e "500 Almas". E para fechar com chave de ouro, este sensacional "Terra Vermelha", com certeza um dos grandes filmes do ano e obrigatório para toda a nossa nação.

Infelizmente foi preciso um italiano para realizar o filme definitivo e fidedigno sobre a situação enfrentada nos dias atuais pelos verdadeiros donos desta terra chamada Brasil.

Rodado no Mato Grosso do Sul, "Terra Vermelha" nos apresenta a luta dos indíos Cayowáa contra os latifundiários locais que acham que aquela terra lhes pertence.

O filme é baseado em fatos reais, infelizmente, e aborda com uma realidade cruel os inúmeros suicídios que ocorreram durante determinado período entre os jovens indígenas desta tribo aqui retratada.
O filme foca na falta de identidade dos jovens que não sabem se devotam-se as suas tradições ou deixam inserir-se na sociedade branca e doente impulsionada pelo consumismo. Sentem-se pressionados de ambos os lados e não se identificam com nenhum.

O filme mostra também como é explorado o turismo selvagem para gringos que acreditam em tudo o que vêem. A cena inicial, digo sem dúvida alguma, é uma das mais fortes e antológicas do cinema atual.

Outro grande momento é quando o personagem do latifundiário tenta argumentar com o líder da tribo de que está naquela terra à 60 anos. 3 gerações produzindo comida. De que aquilo tudo lhe pertence por direito. A resposta não poderia ser melhor, não vou contar para não estragar a surpresa da força desta cena.

O filme mostra também a relação entre brancos e índios, que até parece ser amistosa, mas a história guarda muitas mágoas para que essa relação seja saudável.
O filme é lindo e obrigatório para nossa população. Um belo roteiro. Atores sensacionais, principalmente no lado do elenco indígena que foram maravilhosamente dirigidos por Bachis.
Em tempos de "Raposa do Sol", o tema não poderia ser mais atual. Quem somos nós para delimitar onde os índios podem viver? Vocês tem que ficar na reserva ... Eles que deveriam dizer onde podemos ficar. O que fizemos com nossos índios? O que estamos fazendo com os poucos que nos restaram? Um país que não respeita seu passado, não pode ter um futuro digno. Cada um colhe o que merece e no nosso caso, nada de ruim que acontece por aqui deveria ser surpresa. Seremos eternas vítimas de nossos atrozes colonizadores. Uma herança impossível de se orgulhar.
Ótimo filme. Era preciso alguém de fora mesmo para conseguir retratar sem milongas essa história vergonhosa.

ps: São Paulo com certeza é a cidade do país com mais salas de cinema. O fato de "Terra Vermelha" estar somente em uma sala da capital, representa a importância que a população dá aos nossos índios e sua situação: NENHUMA! E o mais triste de tudo isso é constatar na pele que o gringo se preocupa e se interessa muito mais pela situação do que nós. Metade da sala no dia em que fui ver o filme era composta por uma audiência de ... FRANCESES. Tá certo que haviam 20 pessoas na sala, mas ainda assim, uma vergonha!







Um Conto de Natal


França, 2008
Direção: Arnaud Desplechin

Que país poderia transpor para a película as mazelas de uma família em frangalhos? Se sua resposta foi França, parabéns, você sabe que os franceses adoram dissecar os podres familiares na telona. E na minha humilde opinião, são os que o fazem da melhor maneira, as vezes um pouco exagerado é verdade, mas ainda assim, o realizam muito bem.

Nesta melancólica comédia de humor negro ou poderíamos classificar o filme também como um drama engraçadinho. Não importa, o sarcasmo está onipresente neste filme. Muito dele representado pelos personagens da eterna bela Catherine Deneuve e do excelente Mathieu Amalric.

A personagem de Catherine descobre que está com um câncer. Sem o tratamento, lhe resta pouco tempo de vida, contudo, o tratamento tampouco representa a salvação. Se por acaso seu organismo rejeitar a medula doada, a doença poderá acelerar. Um drama certo? Errado. Na verdade, quem mais sofre com tudo isso é o marido de Catherine que tenta a todo custo convencê-la de optar pelo tratamento. A própria doente trata a doença de maneira super normal e não se mostra muito preocupada. Mantém até um certo ar blasé, típico de sua cultura, como quem não tá nem aí com a proximidade da morte.

Mediante esta situação, a família que não se reunia à anos, resolve passar o natal ao lado da matriarca doente. E la se vão os filhos, sobrinhos e netos para a casa de Catherine. Ótima oportunidade para lavar a roupa suja de anos não é mesmo? É sim, a tragédia está anunciada.

Catherine procura na família alguém que tenha a medula compatível para que seja realizado o transplante e por ironia do destino, o filho pouco amado e irmão odiado (interpretado por Mathieu é claro) é o único compatível. Quer dizer, temos o neto também, mas ele faz parte do hall de personagens que eu eliminiaria do elenco.
A conversa entre mãe e filho é um dos grandes momentos do filme. Um dos poucos na verdade. Catherine e Mathieu destilando todo veneno e sarcamo imaginários.

Agora falemos um pouco sobre o filme. Acredito que o filme seria muito melhor se cortasse ao menos metade dos personagens. O neto louco, a nora ninfomaníaca que deu para todos os membros da família, a irmã deprê e o irmão frágil são absolutamente desnecessários. É claro que cada um tem seu papel no filme e não digo que deveriam ser cortados por completo, pois suas ações são essenciais para o desenrolar da trama, mas não daria tanta importância. Da mesma maneira que entraram, eles sairiam. Sem muito alarde. Mas não, o diretor reserva um momento de explicação de cada personagem e essa enrolação desnecessária faz com que o filme atinja 2:30 sem que haja necessidade.

O personagem de Mathieu é o melhor de todos. Sua namorada também proporciona bons momentos. Ela está lá pra causar burburinho e o faz muito bem. Entra e sai do filme sem muito alarde, como muitos dos personagens citados acima deveriam ter sido trabalhados. O patriarca da família proporciona a parte cultural que não poderia faltar em um filme francês é claro. Ele é responsável por citações de mestres franceses e é fã de jazz, o que traz momentos muito agradáveis para nossos ouvidos, seja através da música ou da poesia.

O filme está longe de ser ruim. É bonzinho até. Quem não está acostumado a acompanhar filmes franceses e esteja estreiando na cinematografia francesa talvez até ache o filme sensacional, mas para quem troca Hollywood pelo cinema europeu, há de concordar que "Um Conto de Natal" é mais do mesmo. Família problemática, reunião em torno de um ente doente e lavação de roupa suja faz parte de muitas fitas francesas.

O negócio é ver quem consegue ser o mais arrojado. Quem faz os melhores diálogos e quem ousa "ousar" mais. Aqui por exemplo, Arnaud disserta sobre uma mãe que não se importa com a morte. Essa mesma mãe admite ao filho que não gosta dele e ele retruca dizendo que divide o mesmo sentimento com relação à ela, mas vai doar sua medula. E ainda temos a nora que na noite de natal dá para o primo do marido e esse acha tudo super normal.

Admito que a França seja um país muito mais avançado em todos os sentidos, mas essa vontade de mostrar que são seres muito mais evoluídos que o resto do mundo e que trata bizarrices como a coisa mais normal do mundo já está virando marketing e ficando difícil de engolir. Talvez eles tenham que começar a rever essa necessidade de ser a nação mais "prafrentex" do Universo, pois alguém pode querer conferir e se não corresponderem ... Por Mathieu e Catherine e claro, pelas palavras do patriarca e suas intervenções jazzísticas. O resto não interessa muito.








quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz Natal!





segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Rebobine, Por Favor


EUA, 2008
Direção: Michel Gondry

HAHAHA! Só de lembrar já me mijo de rir. Eu sei, eu sei. Como algo que já é esperado pode causar risadas? Concordo que talvez a expectativa tenha sido quebrada de tanto que falou-se deste filme, mas acredite, vale a pena e é muito engraçado. Longe de ser mais uma comédia americana mongolóide. Não o filme também não prima pela inteligência e tampouco é este seu objetivo. Seu foco é entreter e de quebra render uma justa homenagem a tantos personagens que fizeram parte de nossa adolescência na já distante década de 80. E isso ele faz muito bem.

A começar pela escolha do elenco. Jack Black aqui está em casa e o papel caiu como uma luva para ele. Temos ainda Mos Def que sempre admirei, principalmente após conferir o homem atuando no palco quando vivi em Nova Iorque. Um arraso de ator. E coadjuvantes como Danny Glover e Mia Farrow, que andava sumidinha, não é pra qualquer um.
Em uma decadente cidadezinha de New Jersey, o personagem de Danny Glover ainda insiste em manter uma video locadora com fitas vhs. Pobre coitado, é claro que em tempos de dvd, o negócio vai mal, muito mal. O lema da loja é: Uma fita, um dólar, um dia. Mas quem ainda aluga vhs? E para piorar, o prédio onde está instalada a loja é o mesmo onde ele vive e está sendo ameaçado de demolição caso ele não faça as reformas exigidas pela prefeitura. Problemas não faltam e a solução não poderia vir de maneira mais torta.

Um belo dia após uma tentativa de sabotar a rede elétrica local, que por acaso o deixa magnetizado, o personagem de Jack Black entra na locadora e desmagnetiza todas as fitas deixando-as em branco. Os poucos clientes começam a pressionar e a solução encontrada é eles próprios refazerem os filmes solicitados.

O primeiro é Ghostbusters em sequências de lacrimejar os olhos. Tudo muito tosco, mas com uma criatividade e energia incríveis.
A intervenção faz um sucesso que eles não imaginavam que pudesse ocorrer. Logo surgem outros pedidos e outros filmes até ficarem famosos localmente. Filmes como "Robocop" e "Rush Hour" são refilmados à maneira deles ocasionando em sequências que arrisco dizer que já nasceram clássicas. A imitação de Jackie Chan está impagável.

Um filme sem muitas pretensões a não ser a de divertir. E qual o problema nisso? Tem coisa melhor do que rir e sair do cinema flutuando de alegria rsss. Um único porém talvez seja que os filmes homenageados tenham ficado datados. Não adianta levar seu sobrinho de 10 anos pois ele não conhece os filmes aqui homenageados. É muito mais engraçado para nós trintões rsss.

Divertido, bem feito e muito criativo. Ótimas interpretações e um belo roteiro original. E não venha me dizer que trata-se do "Saneamento Básico" americano como disse algum crítico nojentinho de um jornal que não vou citar o nome. Rebobine é muuuuuuuuuito melhor. Sem comparações.
Para este povo, se o filme não faz pensar e não carrega centenas de metáforas, não vale a pena. Se faz rir com piadas normais então .... Não presta. Eita povinho amargo. Vai comer chocolate meu filho!







O Silêncio de Lorna


Bélgica/Inglaterra/França/Itália/Alemanha, 2008
Direção: Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne

Mais um belo trabalho dos belgas e irmãos Dardenne. Em "O Silêncio de Lorna", os irmãos focam na questão dos imigrantes que vão à Europa em busca da tão sonhada cidadania que na visão deles é a única maneira de poderem sonhar com um futuro melhor ou um presente digno, mas o caminho a ser percorrido para atingir tal objetivo é árduo e cruel na maioria das vezes.

Lorna é uma imigrante albanesa que arruma um casamento falso com um belga drogado (interpretado muito bem pelo ator fetiche dos irmãos, Jeremie Renier). O plano inicial era casar com um drogado, pois a chance de uma morte por overdose é grande e logo, ela nem precisaria dár-se a o trabalho de inventar alguma desculpa para conseguir o divórcio, afinal, ser viúva neste caso é muito mais natural e melhor para sua imagem.
O drogado exige cuidados e é muito carente. E embora ela não queira envolver-se, aos poucos ela vai cedendo. Lorna não é uma mulher cruel, ela pagou pelo casamento ao louquinho drogado como é chamado pelos bandidos que circulam Lorna e sofre com as recaídas de seu "suposto" marido. Ela só quer conseguir sua cidadania e abrir um restaurante para viver dignamente com seu namorado.
Lorna tenta de todas as maneiras evitar o plano da overdose e começa a se autoflagelar para tentar dar entrada ao divórcio alegando que o marido à agride. Ela tenta convencê-lo de que esta seria a melhor solução, porém ele é incapaz de levantar a mão para ela. E por aí vai.

Além da questão da imigração, os Dardenne abordam principalmente o sentimento de culpa que pode devorar internamente uma pessoa até levá-la à loucura. E quem conhece o trabalho dos irmãos, sabe que não se deve esperar um final feliz.


O roteiro é muito bom e os atores estão excelentes. Alguns momentos são muito delicados e os poucos sorrisos de Lorna no meio de tanta decepção são como um arco-íris no meio do cinza.

Resumo da ópera: devemos sempre estar atentos as nossas decisões e escolhas, pois as consequências podem ser desastrosas e nos afetarem por toda a vida. Saiba bem o que você quer e tenha certeza de que os meios, justificam o fim. Belo filme.








Madonna em Sampa 20.12.08


Finalmente a rainha do pop resolveu dar o ar de sua graça novamente em terras tupiniquins. E pode-se dizer que foi uma espera dolorosa, afinal, passaram-se mais de 10 anos da sua última visita.

O terrorismo que foi criado em torno das condições do show foram absurdas. Vá de táxi. Tão cobrando R$ 200, 00 reais nos estacionamentos. Vai chover. Houveram furtos na entrada e por aí vai o dramalhão. E claro, que eu, como a maioria das pessoas que foram ao show do Sábado, já foram precavidas, como se fosse alguma novidade adotar um esquema diferente para acompanhar um evento de tamanha magnitude. Quem está acostumado a frequentar grandes shows, sabe que o tumulto faz parte, estamos no Brasil gente e nada do que aconteceu foi novidade. Faça a sua parte direitinho que nada vai atrapalhar.
Resumindo, sai de casa as 18:00 em direção a casa de um primo que mora próximo ao estádio, lá deixei o carro e ele me levou, me deixando na porta. Assim que cheguei, peguei a fila da pista e em 10 minutos estava pisando no gramado "rosa". Fácil assim? Pois é. Como não sou um fã doente e nunca pretendi ficar grudado no palco, mesmo porque, agora inventaram a pista VIP e isso não iria ocorrer mesmo, resolvi ir após a abertura dos portões e driblar o tumulto da entrada. A chegada foi mamão com açucar e outras pessoas comentavam a espantosa tranquilidade com que chegaram ao Morumbi.

As 20:00 em ponto Paul Oakenfold entrou no palco para seu set de músicas poperô de fm, tentou até puxar o saco dos brazukas tocando Rappa e Marcelo D2, mas a galera queria mesmo ver a Diva e assim que o público começou a ameaçar as primeiras vaias, ele pegou sua vitrolinha e mandou-se.

A chuva ameaçava e até chegou a cair, mas foi muito pouco e nada atrapalharia aquela noite. As 21:30 Madonna pisa no palco para o delírio da galera. Somente meia horinha de atraso, isso mesmo. O set list do show foi uma mescla de sucessos eternos com sucessos recentes. Todos os clássicos como "Vogue", "Like a Prayer" , "Human Nature", "Isla Bonita", "Borderline" receberam novos arranjos e pelo visto, foram aprovadíssimos pelo público.

A produção do show é digna de nota máxima e não poderia ser diferente em tratando-se de Madonna. Os cenários grandiosos, os figurinos, os bailarinos, o show divido por temas, os super telões que interagem com o cenário de maneira que eu nunca havia presenciado. Não fui ao show por ser fã de sua música, sou fã da mulher Madonna. Fui para ver todo seu circo, o conjunto da obra. E a mulher domina o palco e seu público como ninguém, sem contar que os shows em terras brazukas são famosos por fazerem grandes artistas quebrarem o protocolo. Madonna estava mais simpática do que nunca, falando com o público, brincando. Na hora de alguém da platéia pedir a música que ela canta à capela, o escolhido se deu mal. Você é bonito Ronaldo, mas escolheu a música errada, soltou para o fã espremido na grade da pista vip.

Sou fã mesmo de rock n roll e para mim o importante são 4 caras no palco debulhando seus instrumentos sem muito frufru. Mas não poderia deixar de ver a maior artista do século em atividade. No meu trabalho é muito importante acompanhar novas tendências e a Madonna dita tendências pelo mundo e esta sempre cercada do que há de melhor no mundo do entretenimento. Os melhores produtores musicais pop como os fantásticos "Timbaland" que tudo que tocam vira ouro. Ela quer manter-se no mainstream, quer ser a maior de todas e trabalha muito para isso. E na verdade, acho que já atingiu esse status a um bom tempo.

Teve um crítico que disse que o show era mais business do que show. E qual o problema do business meu amigo? Este foi o modelo que escolheram para nós e a não ser que você viva em Cuba ou na Coréia do Norte, mesmo porque o comunismo Chinês não deve durar muito mais tempo, você tem que se adaptar ao capitalismo queridão. Pára com esse romantismo e nostalgia de um tempo que não volta mais e olha pra frente. Pega um pouco do "sweet" da Diva e seja menos amargo. Todos precisam de dinheiro, a questão é como utilizá-lo e isso vai de cada um. Dúvido que ele encontre algum fã que tenha alguma crítica com relação ao show. Pode ter certeza amigão, de que assim que ela tocou o primeitro acorde, todos os problemas enfrentados para conseguir vê-la em ação foram esquecidos. Ela tem esse poder. Ela pode e fez por onde, goste você ou não.

O show foi excelente, ocorreu as mil maravilhas e estavam todos muito felizes, extasiados ao final. Digam o que disser, ela é a rainha do pop meus caros e mantém este título com muito louvor.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Queime Depois de Ler


EUA, 2008
Direção: Joel e Ethan Coen

Após a ressaca de prêmios do excelente "Onde os Fracos Não Têm Vez", os irmãos Coen voltam à cena com esta ácida comédia de humor negro.

Agente da CIA é despedido e resolve escrever um livro sobre sua experiência na agência. Um cd contendo um rascunho do livro vai parar em uma academia onde dois funcionários o encontram e passam a chantagear o agente, exigindo dinheiro para devolver as informações que "supostamente" poderiam interessar à alguém.

Aqui os irmão Coen estão na sua praia. Humor negro é uma de suas especialidades se não for a maior. E nada como a fama para conseguir juntar esta verdadeira constelação. Brad Pitt? Tem. George Clooney? Também. E a mulherada? Que tal Tilda Swinton? Fraco não né. Mas ainda não acabou. Ainda tem a excelente Frances McDormand de "Fargo" e a lenda John Malcovich hehehe. Todos extremamente bem dirigidos, o que resultou em interpretações no mínimo marcantes.

Temos o personagem bobalhão de Pitt em uma atuação cômica com direito a um dos cabelos mais ridículos do Cinema. Chega a ser exagerado é verdade, mas o exagero é proposital, bem caricato mesmo para avacalhar com a sociedade americana. George Clooney e Frances são o fio dramático que sustenta a parte "tragédia" da película em atuações empolgantes e competentes. Malcovich dispensa comentários e dirigido por esta dupla então ...

Os irmãos conseguem dar um tom cômico à este roteiro melancólico e trágico. Temos a paranóia americana representada pelos russos. A traiçao e banalização da instituição "casamento" mostrada como algo fadado ao fracasso. Temos um retrato muito triste da solidão em tempos de internet com seus deprimentes "blind dates". A obsessão pelo corpo perfeito, que no caso deste filme, é o mote principal e o total descaso com a vida humana. Qual o preço de uma cirurgia plástica?

É claro que acabamos rindo de tudo. Os atores são sensacionais, o roteiro é ótimo e os diretores sabem manipular como ninguém sua platéia. Mas temos algumas poucas passagens dramáticas que representam a idéia principal do filme, como quando Frances vai encontrar pela primeira vez um homem de um site de relacionamentos sem saber o que esperar, representação máxima da solidão de alguém que chegou no seu limite e está desesperada. A violência gratuita dos minutos finais com Malcovich e sua machadinha. O encontro à la "Os Infiltrados" de Clooney e Pitt, nada disso esta ali por acaso.

A verdade é uma só: A raça humana é sádica por natureza e se diverte com a desgraça alheia. Como os Coen não são bobos, exploram como ninguém essa característica instintiva de nossa espécie.
O filme é muito bom. Ainda bem que é uma comédia, pois este roteiro em outras mãos correria o grande risco de ser extremamente depressivo.










quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Amor à Flor da Pele - A Trilha


Não poderia deixar de incluir no "Trilha da Hora" esta sensacional obra realizada para o filme "Amor À Flor da Pele" de Wong Kar-wai. Aliás, este foi o filme que me despertou para o universo deste diretor chinês de quem hoje sou grande fã. Se bem que não gostei muito de sua incursão pela América com "Blueberry Nights" não. Acho melhor ele manter-se em sua moldura asiática, mas valeu a tentativa, afinal, temos sempre que buscar novidades em nossas vidas não é mesmo? E isso é assunto pra outra postagem.

O fato de Kar-wai dar extrema importância para a música em seus filmes não é questão de marketing como poderíamos dizer que é o que acontece nas trilhas de Tarantino, ótimas, mas nem sempre necessárias. Kar-wai sempre filma o amor e muitas vezes este amor é melhor representado pela música do que pelas imagens.

Aqui, o caminhar em câmera lenta dos atores fetiches de Kar-Wai (Tonny Leung e Maggie Cheung) são acompanhados pela maravilhosa melodia de Shigeru Umebayashi. Dá para ouvir perfeitamente a agonia e sofrimento de seu violino. Lindo. Temos também a sensacional trilha de Michael Galasso que marca a solidão e a melancolia da sequência no Templo de Angkor Wat. E se não bastasse, ainda há toda a recriação da Hong Kong da década de 60, ou seja, estamos na era do rádio e as canções populares e tradicionais daquele período não poderiam ficar de fora. Como consequência, temos a presença de Nat King Cole que pontuou esta época. Mas a minha música preferida do filme é "Yumeji´s Theme". Eu poderia ficar o dia inteiro ouvindo e me lembrando daquelas cenas sob a chuva, aquela melancolia no ar, Tony Cheung e seu cigarrinho encostado no muro sob a luz e Maggie Cheung chegando toda linda em seu belo vestido. M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O! Sou suspeito pra falar rsss.
Você sai do cinema com a música na cabeça, que faz com que lembremos consequentemente de seus personagens e suas histórias. No meu caso a música não saiu até hoje e com certeza não irá sair, pois trata-se de uma das mais belas trilhas já realizadas para um filme. Lindo demais. Então chega de conversa e vamos viajar no tempo, para a Hong Kong de 1960 ao embalo destas lindas músicas. Boa viagem!
1. Yumeji's Theme 2:29
2. Mo-wan's dialogue 0:09
3. Angkor Wat Theme I 2:12
4. ITMFL I 2:09
5. "Aquellos Ojos Verdes" - Nat King Cole 2:12
6. "Shuang Shuang Yan" - Deng Bai Ying 2:53
7. ITMFL II 1:03
8. Radio Zhou Xuan Announcement / "Hua Yang De Dian Hua" - Zhou Xuan 3:18
9. "Quizas, Quizas, Quizas (Perhaps, Perhaps, Perhaps)" - Nat King Cole 2:45
10. "Bengawan Solo" - Rebecca Pan 2:51
11. ITMFL III 1:32
12. "Shuang Ma Hui" - Zhang Yun Xian and Hou Li Jun 1:13
13. Li-zhen's dialogue / "Te Quiero Dijiste (Magic Is The Moonlight)" - Nat King Cole 2:42
14. Te Quiero Dijiste - Nat King Cole
15. Angkor Wat Theme II 2:05
16. Casanova's Flute 2:18
17. Yumeji's Theme / Lizhen's dialogue 2:29
18. Angkor Wat Theme Finale 2:44
ps: não costumo colocar o álbum inteiro. sempre dou uma editada de leve, corto umas músicas, troco de lugar. Nesta trilha em especial, resolvi tirar pouca coisa, pois todas as músicas são importantes para suas imagens e ao ouvir esta trilha, automaticamente o filme vêm a cabeça, com aquelas cenas maravilhosas rsss. Então tem bastante música. Uma delícia rs.



Confira os filmes que tocam na Radio Trilha:
- Back to the Future (De Volta para o Futuro) - 1 música
- Ferris Bueller´s Day Off (Curtindo a Vida Adoidado) - 1 música
- In the Mood for Love (Amor à Flor da Pele) - 17 músicas
- Into the Wild (Na Natureza Selvagem) - completa
- Once (Apenas uma Vez) - 5 músicas
- The Talented Mr. Ripley (O Talentoso Ripley) - 1 música

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Zeitgeist - The Movie


Aproveitando a deixa do último post, venho aqui falar sobre este polêmico documentário amador lançado em 2007 no serviço Google vídeo, onde em poucas semanas tornou-se o filme mais visto, tendo até Novembro do ano passado, 8 milhões de page views.
Produzido e escrito pelo até então anônimo Peter Joseph, Zeitgeist aborda assuntos extremamente polêmicos como o Cristianismo, 09/11 (September eleven) e as famosas Guerras Mundiais e do Vietnã.
Coloca tudo no mesmo barco para chegar a conclusão de que tudo que conhecemos e "acreditamos", não passou de encenação e enganação para facilitar a manipulação da massa pelos "Homens atrás da cortina".
Uma mistura de Michael Moore com o documentário de Al Goore. Não, isso não foi uma crítica rs. Talvez por tratar-se de um anônimo e sem nenhuma amarra com ninguém nem nada, Peter realizou um trabalho que vai fundo nas suas convicções e nos oferece explicações mais que plausíveis para quem sempre teve uma pulga atrás da orelha com as explicações que a "caixa" nos dá.
Jesus Cristo foi uma farsa? O September eleven foi um trabalho interno? Qual foram os verdadeiros motivos para que ocorressem as famigeradas Guerras? Tá tudo aqui, explicado nos mínimos detalhes. É somente questão de você decidir em quem acreditar.
Infelizmente, acho que a versão de Peter para os fatos é a que melhor se aproxima da realidade. Triste, mas real.
"O dia em que o Amor superar o amor pelo poder, daí sim, o Mundo conhecerá a paz."
ps: sei que não é confortável assistir à um filme na tela do comp, mas juro que vale a pena tentar. Eu por exemplo assisti em 3 partes rsss.




Veja o filme. Vai lá: http://video.google.com/videoplay?docid=-1437724226641382024

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Kirill

Essa Internet é uma loucura mesmo ... Em tempos de Youtube, a TV tradicional vem cada vez mais perdendo seu espaço e audiência. O surgimento de produções de qualidade feitas exclusivamente para o internauta era questão de tempo.
Tentativas já foram feitas. All TV é um exemplo. Acho que somente trazer a televisão como é feita tradicionalmente para o "meio" internet, nunca vai funcionar. Pelo menos não agora. Quando tivermos tudo reunido somente em um aparelho, daí sim poderemos usufruir de uma infinidade de possibilidades. Navegar, interagir, conversar, comprar. Fazer tudo isso apenas com o controle remoto ou simplesmente com um toque de dedo na tela. Um futuro não muito distante.
Kirill é uma série de suspense e ficção produzida pela produtora holandesa Endemol, isso mesmo, aquela do Big Brother, para a MSN inglesa, isso mesmo, aquela do amado e odiado messenger. São pequenos episódios de 3 minutos em média cada. Tempo aliás muito bem pensado, afinal, o computador não costuma ser o aparelho mais apropriado, tampouco confortável para se assistir algo muito longo. (ainda) rs.
Assisti aos 5 primeiros e confesso que me pareceu bem interessante. Não sou desses fanáticos por séries. Gosto muito de Lost e é o único que acompanho. Tentei ver Heroes, mas não passei da 1° temporada. Agora tem os clássicos Seinfield e Friends, sempre gostosos de se assistir.
Kirill parece com Lost, muito até rss. Não o roteiro claro, mas o suspense, a câmera, a fotografia, a música, mas principalmente o suspense, aquela vontade de querer saber o que vai acontecer no próximo episódio, e como são curtinhos, você acaba vendo tudo que há disponível de uma tacada só. Pelo menos foi assim comigo.
Mas o legal mesmo é que no meio de tudo isso, a única forma de comunicação disponível para o protagonista é um, um, ummm BLOG! Outros dois personagens também mantém seus Blogs onde o espectador pode interagir e obter informações complementares sobre a série. Ainda não entrei na nóia de tentar procurar pistas nos Blogs em questão e espero que isso não aconteça rs. Mas se entendi bem o projeto, acho que vou ter que achar um tempinho extra para os tais blogs. Estaria eu me tornando um "geek"?! NÃO, NÃO! hahaha.
O que realmente me atraiu foi a qualidade da produção, top. E se você pensar que foi feito exclusivamente para a net ... Tem também a questão da contemporaneidade do projeto. Uma série produzida para a Internet onde a única forma de comunicação do protagonista com o Mundo é um Blog e aí eu, você, podemos visitar os Blogs dos personagens e descobrir informações precisossímas hehehe. Vejo Kirill como um rascunho de algo inevitável de acontecer na indústria do entretenimento em um futuro muito próximo.
Mas é claro que pode acontecer de você resolver dar um olhada (é de graça e você faz o horário), achar tudo uma bosta gigante e me xingar por ter perdido seu tempo hahaha. Vai saber. Eu mesmo, talvez se não me remetesse tanto à Lost eu não estaria nem aí e talvez nem estivesse escrevendo agora. Mas com certeza a idéia é muito boa, isso você não pode negar hahaha.




Gostou do trailer? Então manda ver no full screen e vai: Kirill

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Rebobine Por Favor, A Exposição



Diretamente de New York chega à São Paulo a exposição interativa inspirada no filme "Rebobine Por Favor", nova película de Michel Gondry, diretor do adorável "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças".

No filme estrelado por Jack Black e Mos Def, o personagem de Black desmagnetiza as fitas da locadora onde trabalham. Resolvem então, refilmar os filmes à sua maneira, ou seja, toscamente.

A idéia da exposição (sensacional ao meu ver) é fazer com que os frequentadores realizem seus próprios filmes utilizando-se de alguns dos cenários do filme original.

Funciona assim: Formam-se grupos de até 6 pessoas, só é necessário cadastrar-se em um dos grupos ou formar o seu com amigos. Escolhe-se um dia disponível e na data e horário marcados é só aparecer no MIS com o rg na mão. Todo o material será fornecido pela produção da expo, figurinos, câmera e etc. Ao final, o filme será exibido para que possamos conferir o delírio realizado hehehe. Muito bom!!!


Fiquei na pilha de fazer um filminho trash rss. Alguém se candidata a formar um grupo comigo? Alguém? Alguém? rsss. Visitem o site da expo. Quem sabe não se entusiasmam ao ver as super produções realizadas pelos "new yorkers". Instrutivo e divertidíssimo hehe.



vai lá: http://www.rebobineporfavorexposicao.com.br/site.html

Venezia Cinema Italiano IV


Começou ontem a versão brasileira do Festival de Cinema mais antigo do mundo. São sete filmes, sendo seis inéditos e a cópia restaurada de "Os Monstros" de Dino Risi que foi premiado pelo conjunto da obra no Festival de Veneza de 2002.

Os filmes serão exibidos no Centro Cultural São Paulo e na Sala Bombril gratuitamente. Retirar ingressos com uma hora de antecedência.

Ta dada a dica. Cinema de qualidade na faixa! Que delícia. Veja a programação:

Cine Bombril

- Quarta (26/11) 19h30: Terra Vermelha/21h30: Il Papà di Giovanna
- Quinta (27/11) 21h30: Un giorno perfetto
- Sexta (28/11) 21h30: Il seme della discórdia
- Sábado (29/11) 19h30: Os Monstros/21h30: Pa-ra-da
- Domingo (30/11) 19h30: Almoço em Agosto

Centro Cultural São Paulo

- Terça (25/11) 20h: Terra Vermelha
- Quarta (26/11) 17h30: Debate com Silvio Orlando e exibição de Il Papà de Giovanna
- Quinta (27/11) 20h: Il Seme della Discordia
- Sexta (28/11) 20h: Um giorno perfetto
- Sábado (29/11) 20h: Almoço em Agosto
- Domingo (30/11) 18h: Pa-ra-da/20h: Os Monstros

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Trilha da Hora - Into The Wild - Eddie Vedder


A música faz parte de muitos filmes. Ela tem participação fundamental no andamento do roteiro, nas características dos personagens e principalmente na edição.

Os cinéfilos mais ortodoxos vão dizer que filme bão mesmo é aquele com fotografia terrível e sem música. Ainda bem que não somos tão rigorosos assim né. Também acho que na questão Cinema, a música não seja elemento fundamental, pelo contrário, quem sabe filmar o silêncio filma qualquer coisa, mas quando é a opção e bem utilizada, pode operar verdadeiros milagres.

Inauguro este pedacinho da farmácia então para falarmos da música do cinema. As trilhas inesquecíveis, as imagens que vem imediatamente a cabeça ao ouvir os primeiros acordes daquela canção, a trilha sonora antes e depois de Tarantino ...

A trilha que me deu a idéia para a criação deste marcador foi a trilha do filme "Na Natureza Selvagem".

Conferi este belo trabalho de Sean Penn na Mostra do ano passado. Na época a linda trilha já havia me chamado a atenção. O tempo passou e semana passada em uma daquelas andanças na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (embaçando para o filme da repescagem deste ano) deparo-me com este cd. Uma escutadinha básica bastou para tomar a decisão da compra. Em pleno crowd da livraria eu conseguia visualizar Alex Supertramp brincando na sua casa sem teto.

Eddie Vedder incorporou o personagem e realizou um trabalho sensacional. Meio folk, com algumas baladas, um toque de ukelele e até tambores indígenas (americanos) em alguns momentos, resultando numa sonoridade perfeita para as lindas imagens. Tudo isso embalado pela voz rouca de Vedder. Perfeito!

Realmente este cd já ta furando o rádio do meu carro, e como ele é curtinho, dá pra ouvir duas vezes no longo trajeto percorrido todo dia, que não seria tão longo, se não fosse nosso querido trânsito. Mas enquanto ele fizer minha mente visualizar o rio de Alex no lugar do fétido rio Pinheiros, continuará furando. Daqui a pouco vem outro filme, outra trilha ...

Aproveitei a deixa e criei também a Radio Trilha, radio do blog que será dedicada exclusivamente ... as trilhas que fazem, fizeram e irão fazer a nossa cabeça. Então deixo vocês com as lindas canções de "Na Natureza Selvagem".

ps: o filme é bom, rs.

All songs written by Eddie Vedder, except where noted:

  1. "Setting Forth" – 1:37
  2. "No Ceiling" – 1:34
  3. "Far Behind" – 2:15
  4. "Rise" – 2:36
  5. "Long Nights" – 2:31
  6. "Tuolumne" – 1:00
  7. "Hard Sun" (Indio) – 5:22
  8. "Society" (Jerry Hannan) – 3:56
  9. "The Wolf" – 1:32
  10. "End of the Road" – 3:19
  11. "Guaranteed" – 7:22
    • "Guaranteed" contains the hidden track "Guaranteed" (Humming Vocal) at 4:40

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Piaf, Um Hino ao Amor

França/ Inglaterra/ República Tcheca, 2007
Direção: Olivier Dahan

Quando era piazinho a voz dessa mulher já mexia comigo. Agradeço minha mãe por ter embalado a trilha sonora de minha infância nas tantas viagens de carro que fizemos. Piaf, Aznavour, Chico Buarque ... Posso dizer que fui muito bem introduzido no universo musical e guardo seus resquícios até hoje.

Deixei de ver este filme várias vezes, não porque não quisesse, pelo contrário, mas o tempo foi passando, saiu do cinema, eu nunca achava disponível para locar ... e não é que ele deu de cara comigo neste fim de semana. Peguei sem pensar.

Um filme maravilhoso sobre uma personagem ímpar dotada de um talento genial. As cinebiografias costumam ser o trabalho perfeito para qualquer ator mostrar seu potencial. Podemos citar alguns exemplos como "Ray", "Johnny and June", "As Horas", "Capote" e por aí vai. Marion Cotillard não deu chance as suas concorrentes na corrida pelo Oscar de melhor atriz. Simplesmente excepcional sua imersão na personagem de Edith Piaf.

Se não bastasse a atuação de Marion, o filme é muito bom com um roteiro bem tramado e atores coadjuvantes que mantém a qualidade da fita. A vida sofrida de Piaf também ajudou bastante.

Praticamente abandonada pelos pais, foi deixada menina ainda na "Casa de Moças" da avó onde viveu por algum tempo e conheceu Tetine, que foi praticamente sua mãe durante o período em que lá viveu. Belo dia o pai resolve aparecer e a levou para trabalhar com ele no circo onde era contorcionista. Começou a acompanhá-lo em suas apresentações de rua e numa dessas descobriu seu dom.

Cresceu cantando nas ruas para sobreviver e foi descoberta pelo personagem de Gérard Depardieu que a levou para cantar em cabarés. Foi seu primeiro mentor. Depois veio outro que a fez explorar a exaustão todo seu talento, mas sempre pegando no pé com relação a dicção e entonação, apresentação visual e corporal. Ela dizia: "Eles não se importam com minhas mãos, com minha aparência, eles querem me ouvir cantar..." Virou uma estrela.
Genial ela já era. O seu pânico diante da primeira grande apresentação deixa evidente de que ela não se encaixava neste mundo. Ela tinha uma visão totalmente peculiar da vida. Vivia em um mundo somente seu onde 90% dele era ocupado pela música. Tudo isso agregado aos inúmeros traumas sofridos no decorrer de sua vida. Parecia que não havia outro destino para ela a não ser acabar sozinha, pois todos que se aproximavam dela, principalmente aqueles que ela muito amou, não terminavam muito bem. Essa mulher sofreu demais e de todo este sofrimento, surgiu uma das maiores cantoras que este mundo já testemunhou. Sem dúvida, uma artista genial e eterna, com um talento inquestionável e uma música maravilhosa, que por sinal, não sai de minha cabeça.

Non, Je Ne Regrette Rien - Não, Eu Não Lamento Nada Non, rien de rien - não, nada de nada Non, je ne regrette rien - não, eu não lamento nada Ni le bien qu'on m'a fait - nem o bem que me fez Ni le mal, tout ça m'est égal - nem a dor, tudo aquilo sou eu mesmo Non, rien de rien - não, nada de nada Non, je ne regrette rien - não, eu não lamento nada C'est payé, balayé, oublié - nem o bem que está acabado e esquecido Je me fout du passé - eu tiro sarro do passado






Bienal do Vazio?


Segundo o curador Paulo Herkenhoff a Bienal vive uma crise ética em relação a seus conselheiros. ???!!! E o Kiko? Então resolvem deixar um ANDAR INTEIRO vazio em um dos eventos mais importantes do calendário de arte nacional e internacional como forma de protesto?!

Existem diversas maneiras de protestar, mas essa do VAZIO, foi demais. Enfia um monte de obra de artista independente que batalha por um mísero cantinho em qualquer galeria e nunca consegue porque não é "chegado" do curador ou do galerista. Coloca uma tela e disponibiliza o espaço para instalações de vídeos e performances. Qualquer anarquia artística preencheria muito melhor o espaço do que esse vazio ridículo.

Como em uma Bienal de arte a estrela da vez pode ser o VAZIO?! Pois é meus amigos. Cada um colhe o que planta não é mesmo, depois não adianta ficar culpando Deus e o mundo por tudo de ruim que acontece neste país. Arte e educação. Sem elas, não há solução. Leia trechos de algumas opinões sobre esta Bienal da Vergonha. Triste, muito triste.

"Sob o ponto de vista do curador ele conseguiu o que queria: deixar a todos indignados! Mas eu acredito que a função da Bienal seja maior do que deixar o mundo indignado. O curador conseguiu! Ele acabou com a terceira maior exposição de arte do mundo! Um verdadeiro Iconoclasta!"

"Então, simplesmente esqueça os corredores repletos de visitantes, a quantidade infindável de trabalhos, a necessidade – em todas as edições que vi – de ir mais de uma vez e os trabalhos que nos farão pensar por dias seguidos. Acredite: reserve somente uma hora do seu dia e torça para algo melhor surgir daqui a dois anos."

"O vazio é o nada. É ausência de tudo. É a falta de preenchimento de algo. É oco, inodoro, incolor e quiçá insípido. É desprovido de conteúdo. É vazio. Um tanto anacrônico considerar a proposta do vazio na 28º Bienal de Artes de São Paulo sendo algo de vanguarda. A todo o momento somos estimulados a lidar com a complexidade do múltiplo, o acúmulo material e intelectual, o preenchimento do tempo e do espaço a fim de suprir as necessidades existentes. Somos impulsionados ao consumo. A satisfação do ser está intimamente ligada ao ter. A felicidade é moeda de troca: só é feliz aquele que se realiza ao mesmo tempo na vida pessoal e profissional. Quando há o vazio, há a impressão de que algo saiu errado. Logo somos levados a crer que os objetivos não foram alcançados; falhamos. Existe uma incompetência subtendida no conceito do vazio que chega a superar a própria percepção da ausência. Pode-se dizer que a angustia que toma conta de nossos sentidos chega ser um alento, pois ela preenche a sensação do nada que havia até então."

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Acabou.


Após 3 semanas intensas respirando e vivendo cinema (um pouco acima da média rotineira rs), chega ao fim a 32° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

38 filmes, 25 cafés e algumas novas amizades depois, posso dizer que a Mostra estava mais organizada neste ano. Claro que problemas houveram e sempre irão acontecer, mas acredito que foram minimizados neste ano ou eu tive muita sorte, pois só enfrentei problemas no meu 1° dia de Mostra.

Filas intensas, noites mal dormidas, refeições esporádicas e discussões cinematográficas fazem parte deste evento que é um dos maiores do Cinema no Brasil. Mas não fique triste não. Pra quem quiser continuar no clima, já começa hoje o Indie Festival, já comentado por aqui e logo em seguida vêm o Mix Brasil, depois o Varilux de Cinema Francês e por aí vai. Opções não irão faltar, mas como a nossa querida Mostra, somente no ano que vem. Já estou com saudades. Te vejo na sala escura.

Acompanhe abaixo, a minha já tradicional lista dos melhores e piores da Mostra.

Os Preferidos

1 - Sonata de Tóquio

2 - Three Monkeys

3 - 24 City

4 - Alexandra

5 - Il Divo

6 - Aquele Querido Mês de Agosto

7 - A Floresta dos Lamentos

Deliciosas Surpresas

1 - Estranhos

2 - Machan

3 - Jodhaa Akbar

4 - Absurdistan

5 - Eu Quero Ver

6 - Moscou, Bélgica

Graaaandes Filmes

1 - A Caixa de Pandora

2 - Horas de Verão

3 - Gomorra

4 - O Estranho em Mim

5 - Um Homem Bom

6 - Cinzas do Passado Redux

Decepções

1 - Café dos Maestros

2 - A Fronteira da Alvorada

3 - Mais Tarde Você Entenderá

4 - Varsóvia Sombria

5 - Tulpan

Bombas

1 - Tony Manero

2 - Mortalmente Deliciosa

3 - Formidável

That´s all folks! Ano que vem tem mais. Inté!

ps: ainda tá sentindo falta da vinhetinha antes dos filmes? Vai lá e mata a saudade! Vinheta da 32° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Hanami - Cerejeiras em Flor

Apenas Trudi sabe que seu marido Rudi está sofrendo de uma doença terminal e ela precisa decidir se vai contar a ele ou não. O médico sugere que eles façam algo juntos, como realizar um velho sonho. Trudi decide não contar ao marido sobre a gravidade de sua doença e aceita o conselho do médico. Ela há muito tempo gostaria de ir ao Japão, mas primeiramente convence Rudi a visitar seus filhos e netos em Berlim. Quando chega na cidade, o casal percebe que os filhos estão tão ocupados com suas próprias vidas que não têm tempo para sair com eles. Na segunda viagem que Rudi aceita fazer com a esposa, ela morre repentinamente. Rudi fica devastado e não tem a menor idéia do que fazer. Através do contato com a amiga de sua filha, Rudi compreende que o amor de Trudi por ele havia feito com que ela deixasse de lado a vida que queria viver. Ele começa a vê-la com outros olhos e promete compensar sua vida perdida embarcando em uma última jornada, para o Japão, na época do festival das cerejeiras, uma celebração da beleza, da impermanência e de um novo começo.

Alemanha, 2008
Direção: Doris Dörrie

Muito se comentou sobre este filme nos bastidores da Mostra. Todos com quem eu conversava e que haviam visto diziam que era lindo, que eu não poderia perdê-lo na repescagem. Criou-se uma expectativa de minha parte e lá fui eu hoje conferir Hanami.
Hanami é o nome da festa que se dá no Japão para celebrar o desabrochar das flores de cerejeira que duram somente uma semana. No filme tem a função de ligar a festa à mulher de Rudi que filosofa sobre efemérides.
A primeira parte do filme não me cativou. Demorei para ser conquistado por ele, fato ocorrido também com meu amigo Daniel.
Na primeira parte os protagonistas descobrem que já não conhecem mais seus filhos e que os mesmos já não têm mais tempo disponível para eles. Eles sentem que são um peso para os rebentos ingratos.
O excesso de imagens bucólicas como patos, o mar, o poste de luz e alguns "slowmotions" à la Wong-Kar-Wai chegaram a me irritar. Para mim soava como algo forçado, mas na segunda parte do filme tudo começa a se encaixar.
Para mim o filme ganhou muito com a entrada da personagem "Yu". Uma japonesinha linda que enxerga o mundo de outra maneira e que Rudi conhece por acaso em um parque. A aproximação dos dois é instantânea e natural. Os momentos que Rudi pensou em passar com seu filho, foram transferidos para a doce "Yu".
O filme trata de dois assuntos específicos. Primeiro, que não devemos deixar para depois o que podemos fazer hoje. Depois que morre, não adianta ficar arrependido e pensar no que poderia ter feito de diferente. O "se" não existe. Seize the day pode ser um velho clichê, mas é sábio. Se não fosse assim, o tempo presente não teria este nome não é mesmo? Por isso decidi que amanhã irei almoçar com minha mãe.
O segundo assunto, trata sobre tentarmos sermos nós mesmos e nos livrarmos das amarras, da jaula que nos impede de realizar e buscar nossos sonhos e vontades, por mais absurdas que possam ser. Quando Rudi conhece "Yu", ele começa a entender que a vida é muito mais do que simplesmente acordar, trabalhar e dormir. Solta suas amarras e se libera de qualquer pudor para realizar o sonho de sua mulher que ele não permitiu que ela realizasse. Acho que nos preocupamos muito com os outros. O que importa é estarmos felizes com nós mesmos. Se isso agrada aos outros ou não, azar.
Se todos enxergassem o mundo como "Yu", tenho certeza de que seríamos mais felizes. Uma garota de 18 anos foi ensinar ao velho Rudi como ser ele mesmo. Chega de viver de aparências. Se todos nós vestissemos as mesmas roupas, ninguém utilizaria-se do terrível pré-julgamento. É o que acontece na pousada onde Rudi e Yu se instalam para esperar o Monte Fuji perder a vergonha. Sob aquele teto, ninguém é melhor que ninguém.
O filme ainda traz uma crítica ao Japão atual que como no resto do mundo, sofre com a globalização e os cortes drásticos que provocam o desemprego ao mostrar "Yu" vivendo em um acampamento "homeless". Realmente é uma situção recente. Quando estive no Japão a quase 10 anos atrás, lembro-me de ter visto somente um mendigo durante os dias que lá permaneci.
Resumo da ópera: - Seja você mesmo e não se importe com que os outros dizem ou acham. E claro, não deixe para amanhã, o que você pode fazer hoje. Básico, clichê e verdadeiro. Amanhã talvez seja tarde.
ps: Momento Monte Fuji em família ... Não tem preço!