terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Oscar 2007


A cada ano me supreendo mais com a Academia. Parece que eles realmente estão querendo mudar. Este foi o Oscar mais estrangeiro de toda a história da premiação, com uma predominância incrível dos mexicanos.

Os prêmios de atores foram certeiros, inclusive a supresa Alan Arkin que faz o avô doidão de "Pequena Miss Sunshine" brilhantemente. Whitaker e Mirren já eram barbadas. Maravilhosos também. E o lindo "Labirinto do Fauno" também foi muito bem lembrado e deveria ter um relançamento digno por aqui. Lamentei ele não ter ganho o Oscar de Filme estrangeiro. O alemão "A Vida dos Outros" tem que ser muito bom e dizem que realmente o é, um dos melhores filmes já realizados na Alemanha.

Direção não tinha outro. Clint já ganhou muito e recentemente, os outros não eram americanos e Scorcese já havia sido indicado inúmeras vezes por filmes muito melhores inclusive que "Os Infiltrados" e nunca tinha levado. Assim que vi o filme pensei comigo mesmo: Scorcese voltou e voltou inspirado, após os fracos "O Aviador" e o mais ou menos "Gangues de Nova Iorque". Apostei nele 100%, agora melhor filme, eu confesso que não acreditava, embora estivesse torcendo por ele. Uma bela e feliz surpresa. A Academia resolveu homenagear a carreira deste cineasta espetacular que tem em seu currículo um dos filmes da minha vida: "Taxi Driver". Parabéns Scorcese, você já merecia há tempos.

Borat - O Segundo Melhor Repórter Do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América



EUA, 2006
Direção: Larry Charles

Borat já nasceu polêmico. O filme é non sense total. Incesto? tem. Anti Semita? com certeza, mas o que alivia é saber que o próprio Borat é judeu, então ele pode fazer o que fez no filme? Não sei, mas fez e me perdoem meus amigos e amigas da religião judaica, mas é muito engraçado.

Borat entitula-se o segundo melhor repórter do Cazaquistão, que também teve seu filme queimado e chegou a protestar, mas desistiu assim que percebeu que apesar da má publicidade, o turismo cresceu, logo .... Machista? Muuuuuuito.

Borat parte em viagem a América para mostrar o American way of life e realiza os maiores absurdos que se possa imaginar. Pânico? Fica no chinelo perto das proezas de Borat. Chega a beirar a escatologia, mas é muito engraçado.

Podemos tirar algo de bom de tanta besteira? Acredito que sim e a mensagem está bem clara. Borat não é insano e retardado como parece, muito pelo contrário, ele se faz de besta e quem acaba sendo ridicularizado é a pessoa que está do outro lado como por exemplo na passagem em que ele tenta comprar uma arma. Borat entra na loja e pergunta ao vendedor: Qual a melhor arma para matar judeu? E o vendedor solta: Eu recomendaria uma 9 mm ou um rifle. ?!COMO ASSIM???!!!

No Texas, estado mais machista e racista do mundo, Borat fala para o organizador de um rodeio que no País dele, homossexual e muçulmano não tem vez e que eles pretendem exterminar todos, e o texano solta: É o que estamos tentando fazer aqui também. ???!!! O QUÊ???!!!

Eu sei , eu sei, um absurdo, mas o que fazer se aqueles seres que vivem na parte norte são tão bizarros?! Trata-se de piada pronta e Borat somente reapresenta isso para o mundo. Tem também sua perseguição a Pamela Anderson que é o verdadeiro motivo dele cruzar o País.

Comédia politicamente incorreta, escrachada, nojenta e tudo de ruim que você possa imaginar, mas muuuuuito engraçada. Se estiver a fim de dar boas risadas, este é o filme, ou documentário ou sei lá o que, só sei que quase mijei de tanto rir. Como sou bobo. HAHAHAHAHAHAAHA.




A Rainha



Inglaterra/França/Itália, 2006
Direção: Stephen Frears

Mais um filme concorrente ao Oscar que mistura ficção com realidade. E que filmaço. Ele conta a história da reclusão da Família Real Britânica diante da morte da popular Princesa Diana.

Realmente este foi um fato que afetou o mundo. Eu lembro exatamente onde eu estava no dia de sua morte com detalhes, uma lanchonete na Augusta onde hoje é a Osklen. Foi um choque para nós, imagina para os ingleses.

O mundo sempre soube que a Princesa Di nunca foi aceita pela Monarquia Britânica e que sua popularidade causava muita inveja. O silêncio da Rainha diante da tragédia gerou uma crise entre súditos e realeza de proporções nunca vistas. Eis que surge o salvador Tony Blair, que havia sido eleito Primeiro Ministro para salvar a Rainha da fúria do seu povo, através de seus conselhos de bom moço.

Foi Tony Blair quem a chamou de Princesa do Povo pela primeira vez. O silêncio da monarquia pode ser compreendido uma vez que a Família Real acredita que eles são o que são, pois assim Deus quis. Trata-se da tradição contra a emoção. E a Rainha realmente sofre muito com tal situação e não entende porque deveria pronunciar-se diante de tal fato.

A direção de Frears está ótima e os atores, principalmente Helen Mirren, (suspiro) estão sensacionais, Helen realmente rouba o espetáculo em uma atuação impecável digna de todos os prêmios imagináveis, fora que a mulher com 61 anos é um ARRASO!

E pra melhorar, ainda tem as tiradas da Rainha Mãe que não tem papas na língua, proporcionando passagens cômicas diante de tamanha tragédia.

Enfim, um filmaço com tom profetizador. A Rainha que tanto sofre com os tablóides diz para Blair: Você ainda vai saber o que é isso, sua vez vai chegar. Pois é, chegou e ainda não passou.

A Rainha deveria ter dado os conselhos de volta e dizer que não era bom negócio apoiar o louco da América, fazer o que, deu no que deu e cada um colhe o que planta não é mesmo? GOD SAVE THE QUEEN! Ou melhor, Helen Mirren.




Cartas de Iwo Jima




EUA, 2006
Direção: Clint Eastwood

Quando "Cartas de Iwo Jima" recebeu a indicação de melhor filme pensei comigo mesmo: Poxa vida, pobre Scorcese, ter o Clint no caminho pode ser um problema ... Como já sabemos, graças aos Deuses do Cinema, a injustiça foi reparada, mas vamos falar de Iwo Jima.

"Cartas de Iwo Jima" conta a história da invasão americana na ilha de mesmo nome durante a Segunda Guerra pela perspectiva dos japoneses. Pois é, Clint filmou a versão americana e a japonesa. O filme é falado em japonês e foi filmado simultaneamente com a versão americana. Conta com a presença do mais importante e influente ator japonês do momento, o fabuloso Ken Watanabe.

O filme foca nos personagens e não na Guerra em si. Ponto para Clint. As Batalhas estão lá, contudo, não são o mote principal da película. A fotografia do filme é escura, beirando o preto e branco, afinal, o que existe de colorido em uma guerra?

As tais cartas são aquelas enviadas pelos soldados para suas famílias contando sobre o cotidiano na Ilha. Apesar do esforço e comando de Watanabe, com toques da filosofia Samurai, a derrota é certa e alguns grupos resolvem cometer suicídio. Watanabe tenta convencer os soldados a morrerem lutando.

Apesar de ser um filme de guerra, ele chega a ser delicado e sútil na maioria dos momentos. Não poderia ser diferente, já que o diretor dispensa apresentações e possue uma bagagem cinematográfica invejável. Clint é igual á vinho. Logo, os atores estão sensacionais. O roteiro muito bem tramado. E o homem é bom mesmo, pois conseguiu tudo isso através de um tradutor uma vez que não domina o idioma.

Preste atenção no final do filme e você verá que nem tudo são trevas, a luz brilhará! OMEDETÔ Clint.



quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Mais Estranho Que A Ficção




EUA, 2006
Direção: Marc Forster

Muito bom! Charlie Kauffman fazendo escola, inspirando outros roteiristas a escreverem coisas surreais. E olha que o roteirista de "Mais Estranho..." fez a lição de casa direitinho.

Ótimo roteiro, atores idem. Destaque para todo elenco, logo, parabéns senhor diretor. Will Ferrel em um papel mais dramático saiu-se ótimamente bem, tem Dustin Hoffman como o professor, ele não precisa de comentários, Emma Thompson MARAVILHOSA, no papel da escritora esquizofrênica que quer matar Harold Crick, o personagem de Ferrel e ainda tem a doçura da incrível Maggie Gyllenhaal. Ufa, que belo time, ponto para o produtor de casting. Junte isso ao ótimo e originalíssimo roteiro e temos um dos melhores filmes em cartaz nas salas brasileiras.

Harold Crick começa a ouvir uma voz feminina, mas não sabe de onde ela vem. Essa voz aparece descrevendo seus atos ou prevendo um futuro próximo, aliás Crick é um personagem bizarro, sofre de toc, aquela doença que já pegou o Rei e a Luciana Vendramini e nos proporciona boas risadas, sútis, mas satisfatórias.

Trata-se de uma comédia muito inteligente e um roteiro super bem tramado. Crick fica ressabiado e vai procurar ajuda. Entra aí o professor Hoffman. Todos os personagens são exóticos e ótimos, mas os meus preferidos na película são o de Emma e o de Maggie. M A R A V I L H O S A S!

Após conseguir montar as peças do quebra cabeça juntamente com o professor, Crick descobre a quem pertence a tal voz e o encontro entre ele e a voz é o clímax do filme. A tal voz pertence a escritora do papel de Emma que esta escrevendo um livro onde Crick é o personagem principal. Mas Crick é real!!! Emma descobre depois e é tudo uma confusão, mas isso não influe no desenvolver da trama, pelo contrário, ela faz parte.

Ótimos atores, roteiro sensacional e original e uma boa direção. Garanto que você irá gostar e sairá da sala super satisfeito. Se isso não acontecer .... Reveja o filme, porque você deveria estar em um dia ruim rsss. Brincadeiraaaaa.




O Último Rei da Escócia


Inglaterra, 2006
Direção: Kevin MacDonald

O Oscar 2007 já sabe o dono da estatueta de melhor ator: Forrest Whitaker, soberbo no papel do ditador Amin de Uganda. O roteiro é ótimo, misturando ficção com realidade, como por exemplo a inclusão do personagem do médico que vira conselheiro do ditador, aliás muito bem interpretado também pelo ator James Mcavoy.

A câmera na mão também foi um recurso bastante utilizado que caiu muito bem. Não existem afetações no filme, tampouco clichês, lugar comum em tratando-se de filmes que dissertam sobre o continente africano.

Jovem médico resolve fazer trabalho humanitário e escolhe Uganda como destino. Chega no local em plena guerra civil por causa da troca de governantes. Por acaso socorre o ditador e daí nasce uma relação recheada de altos e baixos. É convidado para ser o médico particular de Amin e daí nasce uma estranha amizade com prazo de validade.

No início a vida do médico é só alegria, cede aos prazeres e mordomias que Amin lhe proporciona e por um tempo a ilusão capitalista cega seus olhos. Com o passar do tempo, vai descobrindo o que realmente se passa naquele país e toma conhecimento das peripécias de seu mais novo amigo. Resolve pular fora, mas daí já é tarde demais.

Amin foi um ditador dos piores e como todo ditador, era paranóico, ai de quem o trair e não precisa consumar o fato, a desconfiança basta para eliminar os supostos ratos que estão contra ele.

O filme desenvolve-se de forma fácil e não existem muitos furos no roteiro. Já valeria somente pela atuação de Forrest, que realmente está incrível. A direção está ótima e a fotografia excelente também, ideal para o que o filme exigia, enfim, um filmaço com a presença de um de meus atores favoritos.

Só uma curiosidade: Fique para conferir os créditos. Nele aparece imagens do verdadeiro Amin e não é que o homem era igual ao Mussum! Cacildis! Muito bom.




Babel


EUA/México, 2006
Direção: Alejandro González-Inãrritu

Iñarritu finaliza sua trilogia após os ótimos "Amores Perros", o melhor de todos e "21 Gramas". Criou-se muita expectativa em cima da mais recente obra de Iñarritu, foi um dos filmes mais concorridos e comentados da última Mostra de São Paulo e sinceramente, não sei o porque de tanto rebuliço, aliás eu sei, mas na minha opinião, o filme é decepcionante. Daí o problema da grande expectativa, o tamanho do tombo.

Com certeza a briga com Arriaga, o roteirista, não foi nada positiva para Iñarritu. Sei que os dois divergiam sobre o caminhar da película e Arriaga saltou fora do projeto. Bom para Arriaga que não ficou com o peso do resultado final, muito abaixo das expectativas ao meu ver.

O roteiro final ficou "over" demais, muito forçado. A maneira como Cate é baleada no Marrocos, a fuga ridícula de Gael Garcia Bernal no México ... Pra não dizer que o filme é de todo ruim, posso dizer que o núcleo japonês salva o filme, com os melhores personagens e atores. A atriz principal do núcleo japonês é muito boa e é a história mais sensata e instigante das três apresentadas, que aliás, são interligadas de maneira idiota também.

Com relação as histórias na divisa do México/USA e no Marrocos, ambas são fracas e forçadas, consequentemente não exigem nada dos atores, que aliás não podem ser avaliados porque suas aparições são mínimas.

Pra mim, Iñarritu falhou em seu filme globalizado. Apostou muito na presença de atores consagrados e esqueceu-se de amarrar o roteiro. Só não foi pior por causa dos japs.