terça-feira, 31 de julho de 2007

O Céu Está Em Festa



Sou daqueles que ao pegar o jornal lê primeiro o caderno de cultura. Hoje ao abri-lo me deparei com a chocante notícia de que Ingmar Bergman falecera. Chocante porque sempre imaginamos nossos ídolos como imortais. Ele já estava velhinho e recluso vivendo na Ilha de Farö, que foi cenário para diversos de seus filmes, mas a morte anunciada sempre vêm seguida de um certo desconforto.


Mas Deus resolveu não parar por aí. Ligo a tv e vejo: Morre Michelângelo Antonioni. Como assim?! Eles devem ter confundido! Infelizmente não houve confusão alguma, na verdade Antonioni, assim como Bergman, faleceu na segunda, mas somente hoje a notícia foi divulgada.


Nossa, que baque! Dois dos maiores cineastas do século partiram no mesmo dia. Coincidência?


Meu amigo seu José ligou para lamentar o ocorrido e tecermos algumas palavras sobre esses dois mestres insubstituíveis. A maior preocupação de Seu José é que os grandes mestres estão partindo e não existe ninguém para tomarem suas cadeiras, não existe nenhum sinal de que a qualidade e excelência de seus trabalhos tenham seguidores a altura.


Filmes memoráveis como "Morangos Silvestres", "O Sétimo Selo", "Fanny e Alexander ", "Gritos e Sussurros", "Blow up", "Profissão Repórter", para citar apenas algumas das obras destes dois mestres da Sétima Arte, serão referência enquanto a humanidade existir.


Bergman soube filmar como ninguém a solidão e o silêncio. O diretor de muitos cineastas. Deixo aqui minha humilde homenagem para esta dupla inesquecível e memorável do cinema.


A obra - prima está a caminho, uma vez que os dois resolveram trabalhar juntos no Paraíso.


Descansem em paz mestres.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Parabéns! 2 Anos de Blog!!!



É isso aí galera. Hoje, dia 13 de Julho "O Crítico Sou Eu" (antigo blog) comemora seu segundo ano de existência. Não poderia haver dia melhor para celebrar, afinal, hoje também é dia mundial do rock.


Neste ano o Blog resolveu democratizar a cultura e abrir espaço para todas as áreas de manifestações artistícas.


Após mais de 150 filmes comentados, na verdade são 155, o Blog está apenas engatinhando. A idéia é ser um instrumento de consulta para aqueles que tenham um gosto semelhante e que com o passar do tempo adquiriram um patamar de confiança para escolher um evento a partir de nossas resenhas cinematográficas.


Mais um ano inicia-se e estamos sedentos pelos próximos 150 filmes. A intenção do blog também é ser o mais interativo possível, sem vocês leitores, não razão de existirmos, portanto incentivo-os a escreverem para a gente e mandarem suas críticas, opiniões, reclamações e etc.


Resmunga aí meu!!! Pois é, 2 aninhos de vida, com muita saúde e ávido por conhecer e aprender cada vez mais. Parabéns para nós!!! Vida longa ao blog e Rock N´Roll forever!!! Obrigado por ler.



cinemadicto@hotmail.com

quinta-feira, 12 de julho de 2007

15° Anima Mundi



Atenção galera, o 15° Anima Mundi, festival mundial de animação chega à São Paulo.

Do dia 11/07 à 15/07 teremos a oportunidade de conferir animações inéditas e consagradas do mundo inteiro, sem falar das palestras, cursos e mesas animadas que também integram o festival.

Os preços dos ingressos variam de R$ 3,00 à R$ 6,00 reais, uma verdadeira merreca. E algumas das atividades paralelas são gratuitas. IMPERDÍVEL!!! Corre para o Memorial. Te vejo lá.

serviço: http://www.animamundi.com.br/

Ratatouille


EUA, 2007
Direção: Brad Bird

Mais um excelente trabalho dos estúdios Pixar. Depois de "Toy Story", "Procurando Nemo" e "Carros", chega as telas brasileiras o maravilhoso "Ratatouille".

O nome diz respeito ao famoso prato camponês francês feito com legumes. Sou suspeito para difagar sobre animações pois sou fã incondicional do gênero, mas posso dizer que "Ratatouille" faz parte das melhores.

Remy, um ratinho diferenciado encontra-se perdido no meio de seus familiares. Ele sente que não pertence àquele mundo e possui um faro raro. Em meio a confusão de um acidente ele perde-se da família e vai parar na cozinha do restaurante que já fôra um dos mais renomados de Paris. Lá ele vê sua chance de realizar seu grande sonho através das mãos do aprendiz Linguini. Este por sua vez, precisa do trabalho e Remy quer colocar em prática seus dotes culinários. Juntou-se a fome com a vontade comer e o resto é pura diversão.

Remy desenvolve uma técnica para manipular Linguini tal qual um fantoche e começa a reviver os tempos áureos do restaurante que anda por baixo desde a morte de seu mentor, que persegue a consciência de Remy e lhe incentiva o tempo todo.

O restaurante está nas mãos do Chef Skinner que só se importa com dinheiro e difama a tradição do restaurante. Temos ainda o abobinável crítico Anton Ego que dará o veredito final necessário para o estabelecimento decolar. A voz de ego é do sensacional Peter O´Toole.

Tudo é muito bem feito. Os produtores passaram por estágios em restaurantes de Paris para mostrar fielmente o funcionamento do coração de um restaurante. Pesquisaram sobre vinhos, todos os exemplos citados na animação são reais, enfim, um trabalho minimalista e impressionante.

O diálogo de Remy com Linguini se dá através de mímica, colocando cada ser no seu devido lugar. O simpático ratinho ainda dá exemplos de bom comportamento e manipulação com a comida. Você sai do filme com vontade de comer, é impressionante o cuidado com os detalhes.

O roteiro é ótimo, os personagens resolvidos e maduros e a animação maravilhosa. Excelente programa para satisfazer o simples ato da diversão como ela deve ser: leve e divertida. Muito bom.





Ventos Da Liberdade



Alemanha/Itália/Espanha/França/Inlgaterra/Irlanda, 2007
Direção: Ken Loach

Uma das sessões mais concorridas da última mostra de São Paulo, "Ventos da Liberdade" foi o grande vencedor da Palma de Ouro de Cannes do ano passado.

Novamente o ótimo Cillian Murphy dá o ar de sua graça nos cinemas, desta vez para interpretar um jovem médico que abdica de uma promissora carreira para lutar ao lado de seus camaradas pela independência irlandesa.

Esta dado o mote do filme. Realmente não há muito o que se dizer. O filme nos mostra um povo lutando pelo direito de ir e vir em seu próprio país, que na época, era dominado pela Inglaterra.

Você verá então, cenas de soldados humilhando os mais fracos, ouvirá diálogos ufanistas por parte dos irlandeses, táticas de guerrilla dos locais, traições de ambas as partes e blá blá blá. Nada de novo portanto. O tema realmente é muito bom e isso torna o filme especial, mas a forma como é conduzido não apresenta nenhuma novidade.

O filme cresce na sua parte final quando o conflito entre irmãos cresce consideravelmente. Para que a Inglaterra aceitasse evacuar suas tropas da Irlanda, foi imposto que soldados locais fizessem o papel dos ingleses, ou seja, a situação piora, uma vez que agora você recebe ordens de um conterrâneo a serviço do Rei! E é exatamente isso que ocorre entre os irmãos, personagens principais. O irmão de Cilliam agora é subordinado do Rei e exige que Cilliam abra o bico sobre tudo o que sabe ou escreva sua carta, que metafóricamente quer dizer para ele deixar suas últimas palavras para quem ele ama.

Você morreria pelo seu País deixando para trás mulher e família? Você mataria seu irmão pela pátria? Você mataria seu melhor amigo porque quando torturado ele revelou segredos confidenciais? Eu acredito que não, eu não faria isso, meus valores são outros, apesar do meu enorme amor pelo meu País. Mas, no filme de Ken Loach, morrer pela pátria é sinal de bravura.

Os irlandeses são famosos por tal comportamento, onde coloca-se a pátria antes de tudo, mas acredito que os tempos são outros, o idealismo com essas proporções já não se encaixa nos dias atuais e eu morreria sim pela minha pátria, só que a minha pátria é minha família e meus amigos.

Bom filme, mas exagerado, romântico e idealista demais.





Baixio Das Bestas


Brasil, 2007
Direção: Claudio Assis

Assis já assumiu que chegou para chocar. Sua obsessão pelo submundo verdadeiro e polêmico fica mais uma vez evidente em Baixio. Após a excelente estréia como diretor com "Amarelo Manga", Assis mais uma vez provoca com a realidade cruel de sua lente no nervoso "Baixio das Bestas".

Em um minúsculo povoado do interior de Pernambuco, Assis apresenta um leque de personagens e histórias que de tão fortes chegamos a duvidar que tais fatos e pessoas podem ocorrer e existir. Um avô que explora a neta de 16 anos, mostrando sua nudez para quem pagar. Um grupo de jovens vândalos e perdidos que só fazem fumar maconha, cheirar e bater em prostitutas. (Qualquer semelhança não é mera coincidência).

Como contra-peso podemos encontrar os personagens do Maracatu, que nos trazem momentos de frescor mediante tamanha brutalidade, embora metafóricamente, eles tenham participado da morte do velho escroto que explora a neta.

Os atores estão muito bem dirigidos, mas não chega a ser um trabalho excepcional, com excessão do ator que faz o avô, porque você realmente sai do cinema com nojo do velho. O personagem de Matheus Nachtergaele na minha visão não encaixou como o diretor pretendia. Ele é uma espécie de mentor dos jovens aloprados. Tá certo que suas falas com tom profetizante são bem interessantes, mas ainda acho que ele é desnessário. Seu papel poderia ter sido interpretado muito bem pelo próprio Caio Blat que é uma espécie de Alter Ego do personagem de Matheus.

Aliás, o personagem de Blat, não poderia cair melhor para ilustrar os fatos ocorridos no Rio de Janeiro, onde jovens endinheirados surram pessoas inocentes por diversão. Ele faz o playboy inconsequente e irresponsável que só pensa em causar e quer a comida no prato quando chega em casa, não respeita a mãe, que cega, trata o filho como uma criança inocente.

A bela revelação de "O Céu de Suely", Hermila Guedes só aparece pra apanhar, coitada, e o grande papel feminino, fica para a performance de Dira Paes, poderia ser da garota explorada, mas ela só existe pra mostrar o avô escroto.

A fotografia do mestre Walter Carvalho está excelente. As cenas dos homens observando a garota nua não poderia estar melhor fotografada, nos trazendo a sensação de proibido e sombrio que a cena pede. E o final com a água da chuva caindo, casa perfeitamente com o texto metafórico. Lindas imagens.

Assis nos oferece o que ele faz de melhor: Dissecar as aberrações bizarras do ser humano e seu comportamento. Escroto não é Assis mostrar isso na tela grande, escroto sim, é você sair do cinema com a certeza de que aquilo está longe de ser ficção, e essa conclusão, não poderia ser mais dolorida.

Crú e verdadeiro sim, sem nenhuma maquiagem e totalmente necessário.