terça-feira, 23 de março de 2010

OMEDETÔ KUROSAWA

Konna Yume Wo Mita


Ô equilíbrio distante
Distante de mim, distante de minha realidade!
longe de meus sonhos?

Planos que sonhei e não vivi
Derrotas que ganhei e que sofri
Mas se me arrependi? gostaria eu de estar no lugar que perdi?
Seria eu?

Se minhas derrotas podem ser minhas vitórias…
Se meus sonhos podem ou não ser minha ilusão…
Sigo com meus sonhos!
Nunca sonhei em vão.

Tiago de Azevedo Aguiar



Quem em sã consciência
dá-se a beleza
sem deixar rastro?

segunda-feira, 22 de março de 2010

ILHA DO MEDO


EUA, 2010
Direção: Martin Scorcese

Martin está com tudo e a parceria com Di Caprio parece que estusiasma mais ainda o homem. E cá entre nós, os dois formam uma bela dupla, dessas que já ficaram para a história da Sétima arte recente, como Johnny Depp e Tim Burton ou Penélope Cruz e Almodóvar.

Em a "Ilha do Medo", Martin retoma o thriller, o suspense presente em obras suas como "Cabo do Medo" e porque não dizer, um pouco do cinza de "Taxi Driver". Sim, afinal, temos ai dois exemplos de personagens pertubados, que falam sozinhos e ouvem vozes ...

A "Ilha do Medo" conta a história de dois agentes federais, Di Caprio e Mark Ruffalo, que vão investigar o desaparecimento de uma paciente em uma instituição de segurança máxima para criminosos com distúrbios psicológicos. Instituição essa que fica em uma ilha sombria e misteriosa.

Martin cria o clima perfeito para as paranóias e loucuras de seus personagens. Uma forte tempestade aproxima-se e os agentes ficam impossibilitados de saírem da ilha. Não demora muito para que os dois comecem a desconfiar de que algo de muito errado acontece naquela ilha e que os responsáveis pela "prisão médica" escondem muita coisa.

Trata-se de um filme muito bem pensado e com um roteiro minuncioso e elaborado, que não dá trégua para dispersões. Sim é difícil e até meio confuso em alguns momentos, mas isso não é obstáculo, pois o filme faz com que você não desgrude os olhos da tela.

Os atores como sempre na mão do mestre Scorcese estão ótimos, principalmente Di Caprio e o excelente Ben Kingsley.

Arrisco até a dizer que Martin bebeu na fonte de Kubrick, mais precisamente na fonte de "O Iluminado", que é na minha opinião e na de tantos outros, um dos melhores filmes de suspense e terror já realizado. O terror psicológico sofrido pelos dois protagonistas de ambas as películas são semelhantes, claro, guardadas as devidas proporções.

Thrillers psicológicos com reviravoltas inesperadas não são novidade, mas o que é novidade? Martin sai-se muito bem mais uma vez. O homem não precisa provar mais nada e mostra mais uma vez porque é um dos grandes mestres da arte em atividade. Belo trabalho.





sexta-feira, 19 de março de 2010

SOUL KITCHEN

Alemanha/Turquia, 2009
Direção: Fatih Akin

Zinos, um jovem dono de restaurante, está sem sorte. A namorada o trocou por um emprego em Xangai e ninguém mais frequenta seu restaurante desde que trocou de cozinheiro. Até que sugerem um novo nome para o estabelecimento e esse nome pega: todos começam a comentar o novo ponto de encontro da cidade, o Soul Kitchen. Mesmo com os negócios indo muito bem, o coração do jovem continua partido e ele resolve ir atrás de sua ex-namorada, deixando o restaurante nas mãos do irmão Illias – para, ao final, perceber que ambas as decisões foram péssimas.
Akin superando-se a cada filme e mostrando que não é cineasta de um assunto só, pelo contrário, o homem transita com tranquilidade nas mais diversas searas e vai muito bem em todas elas. Sua cinematografia é diversificada e sensacional. Temos o premiado "Contra a Parede", o documentário musical "Atravessando a Ponte - O Som de Istambul" e o drama "Do Outro Lado". Todos diferentes e maravilhosos.
Agora ele chega com essa comédia imperdível e divertidíssima. E olha que comédia é sempre um desafio para o cineasta. Aqui Fatih mostra seu lado pop e cômico maravilhosamente. Personagens incríveis, um roteiro que apesar de não ser sensacional segura bem a onda e uma direção como sempre impecável. O homem manda muito. E apesar de ser uma comédia, Akin não deixou de lado o tema central de toda sua cinematografia: o imigrante na Europa. Claro, que aqui, de maneira bem mais leve e sucinta, mas ainda sim, presente.
Ele deve ter pensado: Deixa eu fazer um filme pra divertir, não preciso ser cabeça o tempo todo e ja demonstrei do que sou capaz. É isso aí. Os pseudo intelectuais tupiniquins tem que parar com esse negócio de que que só é bom aquilo que faz pensar, aquilo que é parado, cheio de metáforas e para ser mais direto, chato. Dá-lhe Akin! Muito bom.




IN EDIT BRASIL 2010


Você gosta de documentários? E de música? Então você não pode perder a 2° edição do In Edit Brasil, festival de documentários musicais que começa hoje para o público e vai até 28/03. O Festival está em várias salas alternativas a precinhos camaradas e até de graça!
Destaque para "Heavy Metal In Baghdad", sobre a única banda de metal do Iraque, o já consagrado "Fabricando Tom Zé", "Botinada: A Origem do Punk no Brasil", do ex-vj Gastão Moreira, "Woodstock: Now and Then" sobre os bastidores do festival, "Johnny Cash´s America" para quem gosta do homem, "Icons Among Us: Jazz In The Present Tense", imperdível para amantes do gênero e "The White Stripes - Under Great White Northern Lights", que acompanha a turnê realizada em 2007 comemorando os 10 anos da dupla.
Essas são minhas dicas, mas tem muito mais. Visite o site do Festival para escolher outros filmes e conferir horários e salas. Muuuito legal!

quinta-feira, 11 de março de 2010

CORAÇÃO LOUCO


EUA, 2009
Direção: Scott Cooper

Velho ídolo da música country encontra-se decadente, tocando em bares pequenos e lugares bizarros, como um boliche, para basicamente garantir sua bebedeira de todo dia. Ao conhecer uma jovem mulher ele volta a escrever belas canções, como as que fizeram seu sucesso no passado.
Ao ler esta sinopse é impossível não comparar "Coração Louco" a "O Lutador", filme que esta na minha lista de melhores do ano passado. Mas apesar das semelhanças, o filme de Cooper está aquém.
Ambos os filmes tratam do mesmo tema: A volta por cima através do amor. Só que este tema por si só vem acompanhado de diversos clichês e é ai que entra a mão do diretor. Ou a falta dela.
O trunfo do filme esta na bela interpretação do até então injustiçado Jeff Bridges e na poderosa trilha. Mas cá entre nós, o trabalho de Mickey Rourke em "O Lutador" foi tão bom quanto ou até melhor que o de Bridges. Vai entender.
Achei equivocada a escolha do elenco coadjuvante.Maggie Gyllenhaal é uma graça, além de talentosa, mas apesar da indicação ao Oscar, achei que sua personagem foi pouco explorada. Colin Farrel, também bom ator, não engana ninguém como astro da country music. Sabe quando o ator não combina com o personagem? Tive essa sensação. E Robert Duvall também não era a melhor figura pra interpretar o melhor amigo. Nada combinou, mas até que agradou. Sabe, é bom, legalzinho, mas poderia ser muito melhor.
O roteiro é fraco e chega a ser meio forçado e previsível em dados momentos, como quando a criança, filho da personagem de Maggie some.
Mas quer saber, a trilha de T-Bone Burnett, responsável também pela trilha de "Ei, Meu Irmão, Cadê Você" (ótima) é muito poderosa e essa sim, caiu como uma luva para o personagem de Bridges. Jeff interpreta algumas canções e manda muito bem.
A trilha + a história de amor e redenção + o belo trabalho de Bridges, valem o ingresso.
É do ser humano dar valor as coisas somente quando as perde. Até amadurecer para reconhecer, muita água rola. Um dia deixamos nosso lado Bad Blake no passado. E que permaneça por lá.
ps: Após algum tempo fora do ar devido problemas técnicos, a Radio Trilha volta com tudo destacando a trilha de "Coração Louco". Música de qualidade. O country bebeu na fonte do blues do sul dos EUA. Dos escravos das plantações de algodão. De Bo Carter e Robert Johnson. Destaque para as belas "The Weary Kind" e "Brand New Angel" e o sumo do blues "Once a Gambler". Muito bom!




A FITA BRANCA


Alemanha/Áustria/França/Itália, 2009
Direção: Michael Haneke
"Os eventos que se passaram ali, naquele vilarejo, no início do século, são de extrema importância para se compreender os efeitos dramáticos que aconteceriam na Alemanha, décadas depois".
Com essa frase dá-se início o filme. Primeiramente gostaria de ressaltar que não entrarei em questões históricas. Muitos criticaram o filme de Haneke não por falta de qualidade, mas sim, pelo argumento raso do roteiro. Realmente apontar o dedo para a Alemanha e dizer que a sociedade germânica é a única responsável pelo Holocausto é algo muito fácil e confortante, eximindo qualquer outra nação do sentimento de culpa. Uma tese no mínimo duvidosa, uma vez que parte do austríaco Haneke, afinal, seu país abraçou com orgulho a anexação na Alemanha de Hitler. Mas como eu disse, isso é assunto para outra discussão, muito interessante por sinal, mas deixemos isso para a aula de história.
Diretor de outras polêmicas e chocantes películas como "Caché", "Violência Gratuita" e "A Professora de Piano", Haneke nos apresenta sua mais recente e excelente obra "A Fita Branca".
O filme aborda a história de uma comunidade rural na Alemanha lá pelos idos de 1910.
Estranhos acidentes começam a acontecer nesta comunidade, gerando medo e apreensão entre todos. Aliás, taí uma coisa que Haneke faz como ninguém. Ele coloca o problema, mas não apresenta a solução, deixando o espectador aflito, tentando desvendar os crimes, quando na verdade, o que importa é o porque de tais crimes terem sido cometidos.
Os personagens são poderosos. O médico prepotente que molesta a filha, a parteira submissa e seu filho deficiente mental, o barão dono das terras, o pai protestante e autoritário que amarra o filho na cama para não se masturbar, o tímido professor que narra a história e reluta em acreditar no que desconfia. E as crianças. Excelentes.
Talvez seja vago resumir o filme à uma tentativa de explicação das origens do mal que resultaram no Holocausto, mas a alusão é muito clara. A começar pela tal fita branca que dá nome ao filme.
Para lembrarem de seus pecados, o pai protestante amarra uma fita branca no braço dos filhos. A cor branca representa a pureza, aquilo que eles devem reconquistar, através da submissão e dos castigos. Uma clara menção à Estrela de David utilizada para distinguir socialmente os judeus. O filho da parteira, o garotinho deficiente mental é violentamente torturado. A história diz que a Alemanha aniquilou milhares de deficientes mentais pois eram considerados incapazes de sociabilizar. E tem ainda uma das cenas fortes, quando um pai descobre que seu filho roubou a flauta do filho do Barão. O pai espanca seu filho violentamente, lembrando e muito a truculência executada pela SS nos campos de concentração.
Entende-se então, que a sociedade autoritária e patriarcal alemã gerou sentimentos de profundo desprezo, indiferença e crueldade na geração jovem do início do século XX. A geração que abraçou o nazismo e adotou Hitler como mentor.
A fotografia é impecável e as atuações sensacionais. Tudo no seu devido lugar e com muita classe. Até impactante.
Ame ou odeie, o filme é forte, e independente das teorias históricas, não se pode negar que temos aqui um belo exemplo do que a magia do cinema é capaz de proporcionar. E mais uma vez, o tema Holocausto mostra-se interminável. Haneke soube explorá-lo com originalidade e inteligência. Um filme para ver, rever e debater, ame ou odeie.



segunda-feira, 8 de março de 2010

"Avatar", o grande derrotado da noite


A cerimômia até que foi legalzinha. Steve Martin e Alec Baldwin formam uma bela dupla cômica, apesar de não terem aparecido muito. Foi um Oscar com algumas surpresas, principalmente nas categorias de melhor filme, filme estrangeiro e roteiro original.

Concordo que "Avatar" não é filme para levar o prêmio principal, mas "Guerra ao Terror" tampouco o era. Se não era pra impulsionar a maior bilheteria de todos os tempos, que dessem o prêmio para quem realmente merecia: "Bastardos Inglórios". Outros filmes poderiam figurar na lista principal como "A Fita Branca" e "O Segredo Dos Seus Olhos", mas ficaram restritos ao prêmio de Filme Estrangeiro.

A Academia tentou melhorar após a bomba do ano passado. Isso mesmo, "Quem Quer Ser Um Milionário?" poderia facilmente concorrer ao "prêmio" de pior filme de todos os tempos, mas ela vem se contradizendo há tempos e cá entre nós, quem realmente entende e ama o cinema, só continua acompanhando a festa por causa de seu glamour histórico, mas trata-se de um Festival totalmente injusto e que envolve muitas outras questões para chegar aos seus vereditos duvidosos. Infelizmente, não é somente a arte que conta na festa do tio Sam.

Sem dúvida alguma os grandes momentos foram a premiação de melhor ator e atriz, até porque, o anúncio de melhor filme foi tão insosso e afobado, que eu quase perdi. Pareceu que o tempo estava acabando e o anúncio foi atropelado. Ok, coisas da televisão, mas que é meio broxante com certeza é.

Gostei da homenagem à John Hughes, diretor responsável por filmes inesquecíveis de minha adolescência como "Curtindo a Vida Adoidado" e "Clube Dos Cinco", mas porque cargas dágua a Academia só lembra do homem morto? Eita povinho bizarro.

Vamos a lista dos vencedores:

Melhor Filme: "Guerra ao Terror" de Kathryn Bigelow, Mark Boal, Nicolas Chartier e Greg Shapiro

Melhor Direção: Kathryn Bigelow, "Guerra ao Terror"

Melhor Atriz: Sandra Bullock, "Um Sonho Possível"

Melhor atriz Coadjuvante: Mo'Nique, "Preciosa - Uma História de Esperança"

Melhor Ator: Jeff Bridges, "Coração Louco"

Melhor Ator Coadjuvante: Christoph Waltz, "Bastardos Inglórios"

Melhor Animação: "Up - Altas Aventuras" - Pete Docter

Melhor Filme Estrangeiro: "O Segredo dos Seus Olhos", de Juan José Campanella (Argentina)

Melhor Direção de Arte: "Avatar" - Rick Carter e Robert Stromberg (Direção de Arte); Kim Sinclair (Decoração do set)

Melhor Fotografia: "Avatar" - Mauro Fiore

Melhor Figurino: "The Young Victoria" - Sandy Powell

Melhor Montagem: "Guerra ao Terror" - Bob Murawski e Chris Innis

Melhor Maquiagem: "Star Trek" - Barney Burman, Mindy Hall e Joel Harlow

Melhor Trilha Sonora: "Up - Altas Aventuras" - Michael Giacchino

Melhor Canção: "The Weary Kind", "Coração Louco" - Ryan Bingham e T Bone Burnett

Melhor Roteiro Original: "Guerra ao Terror" - Mark Boal

Melhor Roteiro Adaptado: "Preciosa - Uma História de Esperança" - Geoffrey Fletcher

Melhores Efeitos Visuais: "Avatar" - Joe Letteri, Stephen Rosenbaum, Richard Baneham e Andrew R. Jones

Melhor Edição de Som: "Guerra ao Terror" - Paul N.J. Ottosson

Melhor Mixagem de Som: "Guerra ao terror" - Paul N.J. Ottosson e Ray Beckett

Melhor Documentário: "The Cove" - Louie Psihoyos e Fisher Stevens

Melhor Documentário em Curta-metragem: "Music by Prudence" - Roger Ross Williams e Elinor Burkett

Melhor Curta-metragem: "The New Tenants" - Joachim Back e Tivi Magnusson

Melhor Curta-metragem de Animação: "Logorama" - Nicolas Schmerkin

quinta-feira, 4 de março de 2010

AND THE OSCAR GOES TO ...



Ta chegando a hora caros amigos. Vamos palpitar. Com certeza a edição 2010 será muito mais interessante que a insossa do ano passado. Façamos então as apostas. Então é o seguinte: Entreguem logo a estatueta para o Tarantino! "Bastardos Inglórios" é uma obra-prima, mas serei mais racional desta vez.

Mais uma vez quem acompanha a premiação pela tv do plim plim será prejudicado. O início do prêmio se dará através de flashs por causa do BBB! No ano passado foi o Carnaval e agora isso. Carnaval ainda vai, é uma festa popular e cultural, mas BBB! Resta a TNT para os privilegiados. Eita Brasil ...


Melhor Ator

* Jeff Bridges – Crazy Heart
* George Clooney – Amor Sem Escalas
* Colin Firth – Direito de Amar
* Morgan Freeman – Invictus
* Jeremy Renner – Guerra ao Terror

Quem leva: Jeff Bridges
Quem deveria levar: Jeff Bridges

Coração Valente segue a mesma linha de O Lutador, ou seja, emoção à flor da pele com atuação primorosa. Se no ano passado a Academia vacilou ao não dar o prêmio para Mickey Rourke, neste ano o mesmo não deve acontecer com Bridges, que merece há tempos.

Melhor Diretor

* James Cameron – Avatar
* Kathryn Bigelow – Guerra ao Terror
* Quentin Tarantino – Bastardos Inglórios
* Lee Daniels – Preciosa
* Jason Reitman – Amor Sem Escalas

Quem Leva: Kathryn Bigelow
Quem deveria levar: Tarantino

Realmente o trabalho de Bigelow é excelente, mas eu simplesmente não bati com o filme. Sei lá, não aconteceu. Já Tarantino fez tudo que se espera de um diretor de mão cheia. Mas Bigelow já ganhou vários prêmios, além do que, pode ser a primeira mulher a levar na categoria.

Melhor Roteiro Adaptado

* Distrito 9
* Educação
* In The Loop
* Preciosa
* Amor Sem Escalas

Quem leva: Amor Sem Escalas
Quem deveria levar: Amor Sem Escalas

Temos aqui uma categoria disputada. Nick Hornby mais uma vez faz um belo trabalho com Educação. Distrito 9 é a melhor ficção dos últimos tempos. Mas Amor Sem Escalas tem um roteiro ótimo e belas atuações.

Melhor Roteiro Original

* Guerra ao Terror
* Bastardos Inglórios
* O Mensageiro
* Um Homem Sério
* Up – Altas Aventuras

Quem Leva: Bastardos Inglórios
Quem deveria levar: Bastardos Inglórios

Tarantino deveria levar tudo!

Ator Coadjuvante

* Matt Damon – Invictus
* Woody Harrelson – O Mensageiro
* Christopher Plummer – The Last Station
* Stanley Tucci – Um Olhar do Paraíso
* Christoph Waltz – Bastardos Inglórios

Quem leva: Christoph Waltz
Quem deveria levar: Christoph Waltz

Pára tudo se Waltz não levar. Acredito que os outros candidatos tenham ótimas atuações, mas Waltz esta soberbo como o agente cínico, inteligente e bem-humorado. Sem surpresas. Espero.

Melhor Atriz

* Sandra Bullock – O Lado Cego
* Helen Mirren – The Last Station
* Carey Mulligan – Educação
* Gabourey Sidibe – Preciosa
* Meryl Streep – Julie e Julia

Quem leva: Sandra Bullock
Quem deveria levar: ?

Taí uma categoria que não posso opinar muito pois não vi o trabalho de três das concorrentes, então vai por eliminação. Streep de novo? Não vai ... Mulligan e Sidibe vão muito bem, mas nada fora do comum. Mirren não ouvi falar muita coisa, mas sobre Bullock ... Parece que o filme fez muito sucesso por lá e até foi indicado ao prêmio principal.

Melhor Atriz Coadjuvante

* Penelope Cruz – Nine
* Vera Farmiga – Amor Sem Escalas
* Maggie Gyllenhaal – Crazy Heart
* Anna Kendrick – Amor Sem Escalas
* Mo´Nique – Preciosa

Quem leva: Mo´nique
Quem deveria levar: Mo´nique

Mais uma barbada. Espero. Farmiga é linda, mas seu trabalho foi normal. Kendrick sim está muito bem e até acho que teria chances se não fosse por um mero detalhe: Mo´nique está uma MONSTRA em Preciosa.

Melhor Animação Longa-Metragem

* Coraline
* O Fantástico Sr. Raposo
* A Princesa e o Sapo
* The Secret of Kells
* Up – Altas Aventuras

Quem leva: Up
Quem deveria levar: Coraline

São todos excelentes sem dúvida. Coraline conquistou meu coração com sua linguagem a lá Tim Burton, além de seu belo roteiro e visual maravilhoso, mas Up, não fica muito atrás e foi um estouro de sucesso.

Melhor Filme

* Avatar
* O Lado Cego
* Distrito 9
* Educação
* Guerra ao Terror
* Bastardos Inglórios
* Preciosa
* Um Homem Sério
* Up – Altas Aventuras
* Amor Sem Escalas

Quem leva: Avatar
Quem deveria levar: Bastardos Inglórios

Bastardos é hour concours, então falemos dos candidatos que restam: Avatar e Guerra ao Terror. Sejamos sinceros, Guerra ao Terror já foi muito além do que se imaginava e isso será provado com a premiação de Bigelow, mas Avatar é um fenômeno e vem batendo recorde atrás de recorde. Alguma dúvida de que a Academia dará a turbinada final para Avatar?

Melhor Direção de Arte

* Avatar
* O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus
* Nine
* Sherlock Holmes
* The Young Victoria

Quem leva: Avatar
Quem deveria levar: Avatar

Não conferi todos os concorrentes, mas Avatar além de ser primoroso, é realmente inovador.

Melhor Fotografia

* Avatar
* Harry Potter e o Enigma do Príncipe
* Guerra ao Terror
* Bastardos Inglórios
* A Fita Branca

Quem leva: Avatar
Quem deveria levar: Avatar

Categoria super concorrida. Guerra ao Terror chega forte com sua pegada documental. A Fita Branca inova utilizando o charme do preto e branco. Bastardos é hour concours como já foi dito. Sobrou quem? É claro meu amigos. Mas quer saber. Merece.

Melhor Figurino

* Brilho de Uma Paixão
* Coco Antes de Chanel
* O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus
* Nine
* The Young Victoria

Quem leva: Brilho De Uma Paixão
Quem deveria levar: Brilho De Uma Paixão

Filmes fantásticos e de época sempre concorrem na categoria. Já ficou até meio banal, não querendo desmerecer o trabalho dos figurinistas. Então arrisco que Brilho De Uma Paixão possa surpreender com sua elegância discreta.

Melhor Montagem

* Avatar
* Distrito 9
* Guerra ao Terror
* Bastardos Inglórios
* Preciosa

Quem leva: Guerra ao Terror
Quem deveria levar: Guerra ao Terror

Pois é. Parece que a razão anda meio confusa. Embora não tenha gostado do filme, tenho que admitir que a montagem se destaca. E outra, a Academia quer aproveitar a ocasião dos dois grandes concorrentes serem um ex-casal. E nesta categoria o prêmio será merecido.

Melhor Filme Estrangeiro

* Ajami (Israel)
* El Secreto de Sus Ojos (Argentino)
* The Milk of Sorrow (Peru)
* Un Profète (França)
* A Fita Branca

Quem leva: A Fita Branca
Quem deveria levar: O Segredo Dos Seus Olhos

O Segredo dos Seus Olhos é maravilhoso. Cinemão da mais pura qualidade. Mas A Fita Branca além de ser um grande filme é impactante. E tá levando todos os prêmios que vê pelo caminho, entonces ...

Melhor Trilha Sonora Original

* Avatar
* O Fantástico Sr. Raposo
* Guerra ao Terror
* Sherlock Holmes
* Up – Altas Aventuras

Quem leva: O Fantástico Sr. Raposo
Quem deveria levar: O Fantástico Sr. Raposo

Não vi Sherlock e dentre os outros concorrentes, com certeza Sr. Raposo de Wes Anderson destaca-se. Se não for ele, imagino que seja Sherlock.

Melhor Canção Original

* “Almost There” – A Princesa e o Sapo
* “Down in New Orleans” – A Princesa e o Sapo
* “Loin De Paname” – Paris 36
* “Take it All” – Nine
* “The Weary Kind” – Crazy Heart

Quem leva: Crazy Heart
Quem deveria levar: Crazy Heart

A Disney sempre vem muito forte na categoria e "Down in New Orleans" é uma grande concorrente, assim como "Take it All" do musical Nine. Mas você já ouviu "The Weary Kind"? Não pode ser outra.

Melhor Edição de Som

* Avatar
* Guerra ao Terror
* Bastardos Inglórios
* Star Trek
* Up – Altas Aventuras

Quem leva: Avatar
Quem deveria levar: Avatar

Melhor Mixagem de Som

* Avatar
* Guerra ao Terror
* Bastardos Inglórios
* Star Trek
* Transformers: A Vingança dos Derrotados

Quem leva: Avatar
Quem deveria levar: Avatar

Melhores Efeitos Especiais

* Avatar
* Distrito 9
* Star Trek

Alguma dúvida?

Melhor Maquiagem

* Il Divo
* Star Trek
* The Young Victoria

Quem leva: The Young Victory
Quem deveria levar: The Young Victory


É isso aí. Dia 07/03 estaremos ligados.

O SEGREDO DOS SEUS OLHOS



Argentina/Espanha, 2009
Direção: Juan José Campanella

A incursão de Campanella ("O Filho da Noiva", "Clube da Lua") dirigindo sitcoms nos EUA como "Law & Order" e "House" agregou e muito ao seu trabalho como diretor. Em "O Segredo De Seus Olhos", Campanella apresenta um domínio de linguagem incrível. Passeia entre passado e presente com extrema segurança, além de transitar entre gêneros como suspense, humor, romance e política com maestria. Ou seja, o homem evoluiu demais. O romantismo e leveza ainda estão presentes como marca registrada de seu trabalho, mas o domínio da técnica conquistada com o belo currículo, torna Campanella um dos grandes nomes da Sétima Arte latina.

"O Segredo De Seus Olhos" traz a história de Benjamim Espósito (Ricardo Darín), que ao aposentar-se da carreira de oficial de justiça, pretende escrever um romance sobre um crime que nunca saiu de sua cabeça. O estupro e assassinato de uma jovem nos anos 70. Mas não foi somente o crime brutal que nunca saiu de sua cabeça. Irene, sua superior na época também nunca saiu de sua cabeça, embora tenham se passado 25 anos e ambos tenham tido suas experiências conjugais.
Confesso que estava meio de saco cheio da superexposição de Darín, mas essa dupla (Darín/Campanella) funciona muito bem. Darín está ótimo no papel de Espósito, aliás, os personagens são incríveis. Temos o excelente Sandoval como o braço direito e "pinguço" de Espósito. O homem é uma comédia e vêm dele a parte cômica do filme. Temos também o marido da jovem assassinada. Um personagem forte e intrigante, além de misterioso.

O roteiro é simplesmente divino. O homem consegue colocar na mesma panela, tragédia, romance, aventura, política e suspense. O plano sequência que deixou boquiaberta grande parte dos profissionais de Cinema é um espetáculo. Durante 5 minutos Campanella desce sua câmera de um helicóptero, entra na arquibancada de um estádio e inicia uma perseguição nervosa ao suspeito, que só será interrompida dentro da cancha. Com certeza, fruto de sua experiência com "Law & Order". Os diálogos acompanham a miscelânea e são inteligentes, engraçados e emocionantes. E a maneira como casou tudo isso, não poderia ter sido melhor.

E como todo grande filme, existe sempre aquelas palavras que levaremos para sete palmos da terra. As proferidas por Sandoval são simplesmente divinas: Um Homem pode mudar de tudo. Mulher, país, trabalho. Mas uma coisa ele não pode mudar nunca. Um homem não pode mudar, de paixão! Verdade? Com certeza.

O Oscar vem perdendo credibilidade a cada edição porque eles não reconhecem o cinema estrangeiro e ainda acreditam que eles fazem o melhor cinema do mundo. Como entretenimento e indústria, não podemos negar que eles são imbatíveis, mas em matéria de qualidade, ja faz tempo que não são os únicos. "O Segredo De Seus Olhos" poderia tranquilamente figurar entre os melhores filmes do prêmio principal. Conferi 9 dos indicados e cá entre nós, somente "Bastardos Inglórios" é digno de estar na lista e o pior de tudo, é que eu sei que não vai ganhar. Enfim, a festa do cinema americano corre o risco de daqui alguns anos, ser transmitido somente para eles mesmos.

Mas falemos de coisas boas. Campanella nos presenteia com um FILMAÇO, isso mesmo, em maiúsculas e o final ... Confesso que chorei. Lindo!




Melhor Filme Estrangeiro

quarta-feira, 3 de março de 2010

UM HOMEM SÉRIO



EUA/Reino Unido/França, 2009
Direção: Joel Coen e Ethan Coen

Mais uma vez a dupla dinâmica volta a atacar. Os irmãos Coen são incríveis e não existe um filme da dupla que tenha me desagradado. São todos acima da média sempre e de vez em quando, fazem uma obra-prima como o recente "Onde Os Fracos Não Tem Vez".

"Um Homem Sério" conta a história do judeu Larry Gopnick, professor de física de uma Universidade nos EUA da década de 60. Larry encontra-se as vésperas de ser promovido. Profissionalmente parece que as coisas andam bem, mas e a vida sentimental de Larry? Seria ele um homem feliz? Não. Mas isso não fica claro até que sua mulher pede o divórcio e Larry, o homem sério, não entende o motivo da separação. Aliás, ele não entende nada. Trata-se de um homem sério e infeliz que nunca questionou nada. O típico ser que é sempre o último a saber de tudo. O filhos não o respeitam. A filha vive se maquiando e reclamando do tio que não sai do banheiro. O filho vive fumando maconha e reclamando da antena da tv. A mulher reclama do casamento e faz suas exigências, prontamente atendidas por Larry. O homem sempre viveu no piloto automático até então.

Larry procura então os conselhos de 3 rabinos, que na verdade, não irão ajudar em absolutamente nada. A resposta será encontrada por ele mesmo da pior maneira possível. Uma vida dedicada a família e ao trabalho resultou em um homem apático e acomodado. Valeu a pena?

Como de costume, os irmãos Coen transitam como ninguém nas obras de humor negro. Diálogos e personagens sarcásticos, roteiros inventivos e claro, mensagens embutidas em cada frame. Nada é por acaso nas obras da dupla. E sim, mais uma vez, um final com tom enigmático, mas nem tanto, pois fica bem claro o significado de cada acontecimento na vida de Larry Gopnick.

Um ótimo filme para se pensar e muito nas escolhas que tomamos em nossas vidas. O destino não faz tudo sozinho.


Melhor Filme e Roteiro Adaptado