quinta-feira, 12 de abril de 2012

PINA


Alemanha/França/Reino Unido, 2010
Direção: Wim Wenders

Na Mostra de Cinema de São Paulo do ano passado, eu e todo o público estávamos ansiosos para conferir o primeiro filme de arte em 3D, mas o filme em questão não era "Pina" e sim o excelente "Caverna dos Sonhos Esquecidos", coincidentemente, de outro mestre alemão da Sétima Arte, Werner Herzog. Mas o filme de Herzog é um documentário, então, podemos sim considerar "Pina" o primeiro filme de arte filmado em 3D.

Wim Wenders, era um grande amigo da coreógrafa alemã e sempre quis fazer um filme sobre sua obra, mas se via impossibilitado de transmitir ao público toda beleza do trabalho de Pina utilizando-se da tecnologia convencional. Realmente, você já tentou assistir dança ou teatro na tela? Dê uma zapeada e vá para a TV Sesc. Invariavelmente você irá deparar-se com alguma coreografia filmada, algo extremamente maçante e que não valoriza em nada o trabalho apresentado. Com o advento do 3D, Wenders finalmente criou coragem para apresentar o universo de Pina e quer saber: Ficou maravilhoso!

O filme intercala breves comentários dos dançarinos que trabalharam com Pina no grupo Tanztheater Wuppertal, com algumas de suas famosas coreografias teatrais. Isso mesmo, as coreografias de Pina eram e ainda são, extremamente teatrais e vigorosas. Se não fosse o 3D, nunca seria possível admirar o belo trabalho na tela. Sendo assim, parece que estamos dividindo o palco com os dançarinos, é possível apreciar cada detalhe, sentir a respiração e cansaço dos mesmos. Puro êxtase.

Filmado nos palcos e em cenários maravilhosos, Wenders nos mostra que o trabalho de Pina independe do local para ser apreciado. Ele é belo em qualquer circunstância, seja no tablado, na piscina ou até mesmo na rua entre os carros.

E o Brasil também está presente no filme. Seu grupo de dançarinos era formado por pessoas do mundo todo, e claro que têmos uma brasileira nele. O Brasil ainda aparece com a arte de OsGemeos grafitada nas paredes de uma estação de metrô embelezando uma coreografia e até uma apresentação embalada por "O Leãzinho" de Caetano Veloso. Tá certo que eles não devem saber o que ele está cantando, mas a melodia casou perfeitamente com a dança apresentada.

Aliás, com exceção de "O Leãozinho", a trilha sonora é um desbunde. Música instrumental contemporânea pensada nota por nota para embelezar ainda mais o filme.

Bom, trata-se realmente de uma obra de arte a altura desta artista maravilhosa que foi Pina Bausch. Uma bela homenagem que foge do convencional, assim como a artista retratada. Sem comparar com produções blockbuster hollywoodianas, este foi com certeza um dos mais belos filmes em 3D que já vi. Não importa se você gosta de dança ou não, Pina vai muito além.

Aproveito para deixar aqui dois conselhos que ela dava aos seus bailarinos:

1) Vocês precisam enlouquecer mais.
2) Dancem, dancem, senão, estaremos perdidos.