terça-feira, 31 de março de 2009

Um pouco de poesia não faz mal à ninguém

Num só dia do homem
estão os dias
do tempo, desde aquele
inconcebível
dia inicial do tempo, em que
um terrível
Deus prefixou os dias e
agonias
até o outro em que o rio
ubíquo
do tempo secular torne à
nascente,
que é o Eterno, e se apague no
presente,
no futuro, no ontem, no que
ora possuo.
Entre a aurora e a noite está a
história
universal. E vejo desde o breu,
junto a meus pés, os caminhos
do hebreu,
Cartago aniquilada, Inferno e
Glória.
Dai-me, Senhor, coragem e
alegria
pra escalar o cume deste dia.
Cambridge, 1968

"James Joyce"
Livro:"Poesias"
Autor: Jorge Luis Borges
Obra: O Pagamento aos Ceifeiros, 1892 de Léon-Augustin L´hermitte

sexta-feira, 27 de março de 2009

14° É Tudo Verdade - Cartas ao Presidente

Letters to the President (Cartas ao Presidente)

Grécia, 2009
Direção: Petr Lom



Contando com um raro acesso aos bastidores do governo do polêmico presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, este documentário apresenta uma radiografia de um de seus mais caros métodos populistas – o estímulo a que a população lhe escreva cartas, contando seus problemas. As pessoas simples que acompanham seus comícios são levadas a crer que ele lê pessoalmente todas essas cartas que, na verdade, são encaminhadas a uma equipe de estudantes de um grupo paramilitar, lotados no palácio presidencial, que tem a missão de respondê-las. Criando a ilusão de uma democracia direta, revela-se o funcionamento de um mecanismo enganoso, em que não se oferecem reais respostas às queixas levantadas e fica evidente a ausência de uma autêntica democracia e liberdade de expressão.

Belo documentário. Petr Lom e sua equipe conseguem imagens e depoimentos polêmicos sobre o governo do exótico e temido presidente Mahmoud Ahmadinejad. Sobre gritos de morte a América e temos direito ao poder nuclear (assustador), o documentário mostra as duas faces da sociedade iraniana atual. A rica e a pobre. Apesar da censura, muitas pessoas criticam abertamente o governo, principalmente os mais jovens e surpreendentemente, as mulheres. Como todo populista, Mahmoud tenta passar a idéia de paizão da população que envia seus pedidos desesperados ao presidente através de cartas, que pensam serem lidas e respondidas por ele. Ledo engano, pois o governo criou um departamento apenas para responder as tais cartas. Mahmoud pede para os pais não chorarem por seus filhos e sim terem orgulho deles, pois tornaram-se mártires. Um enorme outdoor vangloriando uma mãe bomba impressiona. Lembrou-me muito uma série que passou a pouco no Canal Brasil, sobre Cuba. Em uma passagem em especial, uma senhora vangloriava seu grande presidente e comandante Fidel Castro, dizendo que ele é o maior e que seu governo é perfeito. Detalhe: Sua casa não tinha teto. Iranianos vivem situação semelhante, e um até faz uma piada perguntando ao cineasta se não conseguiria um visa para seu país. Depois replicou dizendo que estava brincando. Mas, não, não estava. Enfim, altamente recomendável. Uma frase de um jovem sintetiza bem os problemas do presidente iraniano: Ele é como um fazendeiro, que planta as sementes, mas não as rega. Muito bom!


CINESESC (SÃO PAULO - SP) - 28/03 - 17H00
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL (SÃO PAULO - SP) - 01/04 - 15H00
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL (SÃO PAULO - SP) - 01/04 - 19H00

14° É Tudo Verdade - Tudo é Relativo

Alt Er Relativt (Tudo é Relativo)
Dinamarca, 2008
Direção: Mikala Krogh



Viajando ao redor do mundo, a países tão diferentes quanto Dinamarca, Tailândia, EUA, Japão e Moçambique, investiga-se até que ponto as reações humanas às mesmas situações são as mesmas. Compartilhamos do mesmo modo os sentimentos de felicidade, dor e raiva? Amamos e odiamos com a mesma intensidade? Uma jovem mulher com câncer no seio sente a mesma angústia que uma família que perde todos os seus bens numa inundação em Moçambique? Um trabalhador em condições subumanas em Dubai experiencia a mesma tensão que um soldado norte-americano de partida para o Iraque? Nossos valores, sonhos e expectativas são, finalmente, apenas o reflexo das condições individuais de cada vida, resultado de diferentes contextos sociais, culturais e econômicos?
O documentário pretende mostrar as diferentes percepções ao redor do globo sobre assuntos universais como amor, felicidade e doença por exemplo. Qual diferença entre um casal apaixonado em Moçambique e outro na Dinamarca ou no Japão? Como pessoas lidam com a doença em países diferentes? Bem, achei bem fraco. Para mim, o título do filme não condiz com a proposta, pois na verdade, nada é relativo rsss. Amor é amor em qualquer lugar, o mesmo com a felicidade ou doença, o que muda são aspectos culturais e econômicos e isso é meio óbvio. Esperava mais pela sinopse, mas como o espírito da aventura reina absoluto neste festival, muito mais do que na Mostra, achei normal e o fato de ser gratuito, ajuda a não ficar decepcionado rss.



CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL (SÃO PAULO - SP) - 27/03 - 17H00
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL (SÃO PAULO - SP) - 29/03 - 19H00

quarta-feira, 25 de março de 2009

14° É Tudo Verdade


Começa hoje (para convidados) e vai até dia 05/04, o mais importante Festival de Documentários do Brasil. Idealizado por Amir Labaki, o Festival já tornou-se programa obrigatório para os cinéfilos tupiniquins.
Neste ano podemos destacar "Moscou", o novo filme de Eduardo Coutinho, onde ele aponta sua lente nervosa para o teatro, mais precisamente para os ensaios do Grupo Galpão de Belo Horizonte. Teremos também o tão comentado "Garapa" de José Padilha que aborda a questão da fome.
Com relação a programação internacional, podemos destacar "Tudo é Relativo" que investiga as reações humanas em diversas partes do globo. Destaque também para "Vj´s de Mianmar - Notícias de um País Fechado" sobre um grupo que organiza-se clandestinamente e contrabandeia suas imagens para redes como CNN e BBC. Teremos ainda "Cartas ao Presidente", uma incursão intimista no cotidiano do polêmico presidente iraniano e "Man on Wire" (O Equilibrista), que foi o vencedor do Oscar deste ano.
Para começar a sentir o gostinho de Mostra e encontrar o povo que só vêmos nestes festivais. E claro, conferir belos filmes. Delícia.
Quando: 26/03 - 05/04
Onde: Cinesesc, CCBB, Cinemark Eldorado, Cinemateca e Cinusp
Quanto: Na faixa!
confira a programação no site do festival.

terça-feira, 24 de março de 2009

Maravilhoso e Inesquecível! RADIOHEAD


Chácara do Jóckey - São Paulo - 22/03/2009
Como já havia previsto, o show foi simplesmente divino. Vamos por partes.
Cheguei bem a tempo de conferir a tão aguardada perfomance dos Los Hermanos. O show que estava marcado para acontecer as 18:30, começou inacreditavelmente 5 minutos ... ADIANTADO! Pois é, e assim foi até o último show. Nota 10 para a pontualidade do evento.
Apesar da leve garoa que caia no momento, nada impedia que seus calorosos fãs entoassem as canções a plenos pulmões. Fiquei até traumatizado com um guria que não cantava, mas sim berrava sua voz de taquara rachada no meu ouvido. Um horror rs. O som dos Hermanos estava mais baixo que as 2 atrações que seguiriam.
Como só comecei a acompanhar o trabalho da banda a partir do 4° disco, que eu acho muito bom, para mim o show foi ótimo, pois baseou-se nas músicas desse trabalho princilpamente. E ainda pude curtir Amarante ao vivo com sua voz rasgada, que cá entre nós, é muito melhor que o papa feto Camelo.
Para os fãs de verdade, o show foi o pior de todos e reinvidicavam a execução de canções como "Primavera", URGH! Me safei dessa. O show terminou com Amarante dizendo: Até algum dia, ou seja, nada de planos concretos de retomarem a banda, pelo menos por enquanto.
O Kraftwerk foi convidado pelo Radiohead para abrir a turnê sul-americana. Com apenas um dos membros originais, o show da banda alemã de quase 40 anos de estrada foi baseado em clássicos como "The Robots"(com a tradicional substituição dos membros por suas réplicas mecânicas), "Autobahn" e "Trans-Europe Express". Para os interessados foi um ótimo show e para quem queria dar uma descansada antes do main course da noite, foi a pedida para tomar uma cervejinha (5 pilas) e comer alguma coisa.
Aliás, a estrutura do setor de serviços foi um HORROR! Imagine 2 barraquinhas, uma de pizza e outra de cachorro-quente, fritas e refrigerante. Imagine agora, 3 caixas para atender 30.000 pessoas. Tava pior que barraca de quermesse. Você paga caro por um serviço de merda. 1/2 hora pra conseguir pegar uma ficha. Mais 15 minutos pra conseguir pegar uma pizza das mais simples (8 pilas). Fala sério! Todo grande show é a mesma porcaria. Um desrespeito total com o consumidor.
Mas falemos de coisas agradáveis. E põe agradável nisso. O show principal da noite começou pontualmente as 22:00. Um cenário maravilhoso e futurista compôs o palco. Era como pilastras de ferro de variados tamanho que desciam do teto que juntamente com o trabalho fenômenal de iluminação, criava efeitos abstratos e surreais de acordo com a canção executada. Temos ainda a criatividade no uso dos 3 telões.
O Radiohead sempre procurou executar um trabalho de excelente qualidade e isso não resume-se à música. Eles são muito preocupados com a questão que a imagem da banda transmite. Seus videoclips são super elaborados, originais e criativos, com uma mensagem sempre à espera de ser captada. Com as capas dos discos não é diferente e consequentemente, com os telões de seus shows, também não. Um espetáculo.
O som dos caras é minuncioso e preciso. Quem entende um pouco de música, vislumbra-se com os arranjos e a genialidade da trupe de Thom Yorke e as expressões faciais de deslumbramento eram visíveis no rosto da platéia. Meu grande desejo é poder ver um show deles em uma casa de shows pequena, onde se pode acompanhar a evolução de cada nota desta banda única no cenário musical atual.
Estão sempre inovando e se reconstruindo, vide a genial idéia de lançar o último álbum "In Raibows" na internet, onde o público poderia pagar quanto quisesse pelo disco. E o começo do show foi baseado neste último trabalho.
Depois vieram clássicos como "Paranoid Android", "Karma Police" e "Fake Plastic Trees". A banda voltou para 3 bis. E quando todos pensavam que o hino "Creep" ficaria de fora do set list paulistano, Thom Yorke volta para cantar a canção com o público que foi ao delírio no desfecho desta noite memorável.
Eles merecem todo reconhecimento que conseguiram. E se não bastasse, ainda são super engajados com a Sétima Arte. Quer perfeição maior que esta? A banda é responsável pela trilha de "Choke", último filme do roteirista de "Clube da Luta", Chuck Palahniuk e que esteve presente na última Mostra de Cinema de São Paulo e já foi comentado por aqui. Ainda temos o baixista Colin Greenwood que compôs as canções para o longa "Woodpecker" de Alex Kapovsky e a aclamada trilha composta pelo guitarrista Johnny Greenwood para o excelente "Sangue Negro". Ufa!
Então, nada mais justo do que abrir uma excessão e adicionar na Rádio Trilha, algumas canções da melhor banda da atualidade que proporcionou aos brasileiros o melhor show deste ano, do ano passado e do ano que vem. De arrepiar. Thanx my Lord!
ps: Nem a demora para sair do estacionamento oficial (35 pilas!) foi o suficiente para tirar o sorriso do rosto. Sorte dos responsáveis, pois foi um verdadeiro caos. Eu pessoalmente, consegui sair à 1:40. O show acabou 0:10. E ainda querem fazer a Copa no Brasil. Por favor! Mas continua tudo lindo e minha semana será maravilhosa.


quinta-feira, 19 de março de 2009

Um pedido de respeito!

Procuro sempre atender aos pedidos de meus poucos e fiéis leitores. Mesmo porque, este foi o primeiro pedido que o blog recebeu hahaha. Então, quero deixar nas entrelinhas ... que interatividade é legal. Façam seus pedidos.

Este foi especialissímo, pois partiu do mais fiel leitor de que este blog dispõe. Então, seu pedido é praticamente uma ordem hehe.

Um pedido de qualidade.

Com vocês: Giulia Y Los Tellarini interpretando Barcelona. Muito bom!

Finalmente!


OWWWW YESSSS!!! Este é o grande show que eu e milhares de fãs vêm aguardando a muito tempo. Após inúmeros rumores, finalmente sua passagem por terras tupiniquins está confirmada.

Considero Radiohead a melhor banda de rock em atividade a um bom tempo. Era o grande show que eu vinha aguardando com ansiedade. Aquele show imperdível. Quando soube da confirmação, madruguei na net para garantir meu passaporte da alegria.

Quando comprei, não haviam informação sobre as outras bandas, também não me importava, mas não é que o resultado saiu muito melhor que a encomenda? Além da maior banda da atualidade, ainda teremos os vovôs da eletrônica Kraftwerk e a ex-banda nacional mais cultuada desde Legião Urbana, Los Hermanos.

Confesso que odiava os Hermanos de Ana Júlia. Fui me interessar pelo trabalho deles a partir do excelente 5° disco. Camelo é um compositor de respeito e Amarante um belo músico. A banda acabou, mas resolveram voltar apenas para abrir para o Radiohead, ou seja, não é a volta do Los Hermanos, pois eles se reunirão apenas para este show em especial.

Se não bastasse tudo isso, o evento será realizado na Chácara do Jóquei, lugar perfeito para este show. Tive a oportunidade de conferir Iggy Pop e Sonic Youth no saudoso Claro que é Rock, festival que ocorreu no mesmo local a uns 3 anos atrás. O espaço é muito bom e deveria ser mais aproveitado. No Claro que é Rock foi tudo perfeito e desta vez parece que não será diferente.

Ou seja, promete ser uma noite inesquecível e já estou contando as horas. Depois desse, só vai sobrar a Amy, até que surja outro fenômeno. Depois blogarei as impressões do mega evento. Owww Yesss!!!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Entre Os Muros Da Escola


França, 2008
Direção: Laurent Cantet


Baseado na obra de François Bégaudeau, que interpreta o protagonista, "Entre Os Muros Da Escola", é muito mais um retrato da sociedade francesa do que propriamente um filme para professores.

Filmes sobre a relação mestre e aluno existem vários, mas nenhum que aborde o tema de maneira tão verdadeira. A maneira como foi filmada, no estilo documentário, contribue muito para esta sensação de crú e realidade.

O mote do filme está na diversidade étnica da França e na falta de identidade de que sofrem os filhos de imigrantes que vivem naquele país. Teoricamente são todos franceses, mas nenhum deles se identificam com o país europeu. São filhos de imigrantes marroquinos, chineses, arábes que sofrem de uma total falta de identidade. Seja com o país onde nasceram ou com o país de seus ancestrais.

É abordado também a fase extremamente complicada que é a adolescência e as mazelas proporcionadas por um mundo globalizado, mas a essência da película está nas diferenças e preconceitos sofridos por estes alunos.

O racismo em nosso país sempre existiu de maneira camuflada. Não digo que sofri preconceito na infância, afinal, meu pai é japonês. Mas o fato de minha mãe ser brasileira, não me livrou dos famigerados apelidos. Era jaspion, pinto pequeno, filho de pasteleiro, filho de tintureiro, como se isso fosse algum defeito e motivo de vergonha. Mas as palavras possuem dimensões diferentes quando são dirigidas para crianças. Criança é cruel. Mas no meu caso, sempre soube lidar muito bem com a situação e nunca me senti diminuido, tampouco isolado por este fato. Mas pessoas mais sensíveis com certeza sofreram e muito. Vide os grupos de orientais que só andam em bandos. Com certeza, estes sofrem de uma tremenda falta de identidade.

O filme mostra uma relação muito próxima entre mestre e aluno e ao mesmo tempo muito distante. Um castigo mais severo talvez seja necessário, mas daí vem o sentimento de culpa em saber que a decisão tomada na escola poderá acarretar em um mudança total de rumo para aquele adolescente. Existem fatores externos que estão fora do alcance dos professores para avaliar o comportamento de uma criança, e tomar uma decisão mais drástica, pode representar um peso que será carregado por muito tempo. O que fazer? Qual o limite desta relaçaõ?

Ao mesmo tempo que o personagem de Bégaudeau sofre com este dilema, o filme mostra até que ponto a escola deve e pode interferir no comportamento da criança. A grande verdade que podemos constatar, é que não existe o método perfeito de ensino. Na verdade, acredito que está tudo muito errado. Acho que deveríamos trabalhar para achar o potencial de cada criança e não vomitar um monte de matérias que nunca serão lembradas e tampouco utilizadas.

Os muros da escola, representam o muro da intolerância. O muro da falta de identidade de um imigrante que não se sente chinês e tampouco francês. O muro é na realidade, um grande abismo que deve ser superado para que possamos viver harmoniosamente. Sentir que somos aceitos pelo país que nossos ancestrais adotaram.

Felizmente, este problema de identidade não aconteceu comigo, mas todos sabemos que ele está aí, rondando e esperando as vítimas mais frágeis. Muita coisa tem de ser mudada.

Um belo filme que levou merecidamente a Palma de Ouro em Cannes e concorreu ao Oscar de filme estrangeiro deste ano. Essencial para todos.





Vicky Cristina Barcelona


EUA/Espanha, 2008
Direção: Woody Allen


Viva a Espanha! Viva Barcelona! Que filme delicioso Mr. Woody. Que os ares europeus fizeram muito bem para este diretor não restam dúvidas, mas em Barcelona, com certeza sua criatividade foi além. Desta fase européia, considerava até então, "Match Point" seu melhor trabalho, mas "Vicky Cristina" superou todos.

Duas americanas partem para Barcelona para fazer turismo. Uma esta noiva e de casamento marcado, a outra, esta em busca de novas experiências que possam ajudá-la no seu desenvolvimento como atriz.

Num belo dia vão à uma exposição e conhecem o artista e homem sincero, interpretado pelo excelente Javier Bardem. Que elenco caros amigos. Todos talentosos e lindos! Scarlett Johansson, Rebecca Hall e a estontante Penélope Cruz. Uma trinca de muito respeito. E ainda temos o sortudo e belo também, Javier Bardem. Agora junte este elenco à beleza monumental desta cidade. Cenário perfeito para amores de verão e loucuras calientes.

Cristina é liberal, adora aventurar-se e costuma pensar com o coração. Vicky é a certinha (aparentemente), racional e caxias. Seu discurso de boa moça é tão convicente que ela mesma acredita na sua inocência, até que se prove o contrário. Bardem faz o papel do galante vivido. Sedutor, sua sinceridade parece atrair ainda mais as inocentes americanas. Chega um momento, em que o homem não precisa mais viver de rodeios. Muita sinceridade talvez assuste, e sabemos da enorme dificuldade das mulheres lidarem com essa libertinagem, mas confesso que a sinceridade me agrada e muito.

Bardem faz um convite para as duas: Que tal um fim de semana em Oviedo, onde poderemos nos divertir e eventualmente fazer amor? Foi mais ou menos assim o convite. Poucas horas depois estavam todos no avião. Vicky indignada e Cristina, toda aberta.

Não entrarei em maiores detalhes, mas posso adiantar que a certinha põe o casamento à perigo. A libertina, começa a achar que não é tão liberal assim e Javier ... Bem, esse tá na dele hehehe.

Eis que surge então o furacão Penélope Cruz no papel da ex-esposa de Bardem. Uma mulher explosiva, linda e talentosa. Totalmente o oposto das americanas sem sal. Sua entrada no filme melhora o que parecia impossível. Se até então o filme já estava delicioso, com sua chegada o filme fica perfeito. E está criado o quadrado amoroso mais sexy e divertido do cinema recente.

O filme envolve e passa num piscar de olhos. Os diálogos, como não poderiam deixar de ser, são um caso a parte na obra deste mestre das relações amorosas. Inteligentes e cômicos. Direção impecável e ator e atrizes sensacionais. Temos ainda a cidade de Barcelona como uma das protagonistas e cenário para esta história sensual. Todos estes elementos agregados, fazem de "Vicky Cristina Barcelona", um dos melhores filmes de 2008.

Um filme sobre amores casuais, amores de verão, amores que não sobem a serra, loucuras de momento, desejo e liberdade. Quem guia nossas vidas somos nós. Você tem certeza de que está feliz e faz o que seu coração manda? Espero que tenha a resposta na ponta da língua. E lembre-se: Nunca é tarde, mas quanto antes, melhor. Não tenha medo de ser sincero. Sensacional.





sexta-feira, 6 de março de 2009

Bollywood na Cinemateca


Pois é, a Índia está na moda. É novela, é filme ganhando o Oscar ... Logo, esta Mostra de Cinema Indiano não poderia chegar em hora mais propícia.

Em sua 3° Edição, a Mostra Bollywood e Cinema Indiano acontece do dia 17 à 29 de Março na bela Cinemateca.

Este ano a mostra traz produções policiais recentes que abordam o terrorismo no país, os tradicionais romances mela cueca que tanto sucesso fazem por lá e até um filme de terror, ou seria terrir?

Enfim, uma ótima oportunidade para se interar do que anda acontecendo no cinema de lá. E lembre-se, "Quem Quer Ser Um Milionário?" não tem nada a ver com a produção local, portanto não vale dizer que você conhece o cinema indiano com base nesta produção inglesa.

Vai lá e dilata sua cultura. E o melhor de tudo: É NA FAIXA!

Ciclo Felinni no CineSesc



No embalo da exposição de Mimmo Cattarinich - O Mago da Luz, sobre o fotógrafo de produções de diretores como Bertolucci, Almodovár e o próprio Fellini, o CineSesc nos presenteia com a chance de rever grandes clássicos do mestre na tela da sala mais charmosa de Sampa.

Do dia 06/03 à 15/03, serão exibidas obras-primas como "Roma", "Satyricon", "A Estrada", "A Doce Vida", "Amarcord", "A Voz da Lua" e "Os Palhaços".

Imperdível para qualquer amante da Sétima Arte. Fellini no telão, não é todo dia.

Vai lá: CineSesc

Hitchcock na Net


O portal de vídeos Joost, disponiblizou recentemente nada mais nada menos que 5 filmes na íntegra do mestre.

Sei que assistir a filmes na telinha do monitor não é o ideal e até já comentei sobre o assunto por aqui, mas existem meios de ver o conteúdo da telinha na sua tv. Dá uma procurada no Google. E se não estiver com paciência para se dar ao trabalho, vai na telinha mesmo, afinal, os filmes de Mr. Hitchcock sempre serão grandes independente da mídia.

Os filmes disponibilizados são: "The 39 Steps", "Rich and Strange", "Sabotage", "The Lodger" e "Young and Innocent".

Mais uma maravilha da Santa Net. Esbalde-se.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Midnight Cowboy


EUA, 1969
Direção: John Schlesinger

Fuçando minha dvdteca recentemente, encontrei este belo filme que fazia tempos que não assistia. Gosto de rever os filmes pois você sempre acaba percebendo novos detalhes e tendo novas impressões.

Midnight Cowboy conta a história de um cowboy (claro) que sai do Texas em busca de donas de casa carentes e sedentas por um macho de verdade. Disseram pra ele que Nova Iorque era o lugar ideal para se dar bem e que assim que ele pisasse na Big Apple, choveria mulheres pois os homens de lá eram muito frouxos. Ele acreditou e se mandou com a certeza de que era o último macho na face da Terra. Seu futuro estava decidido: Ganhar dinheiro dando carinho para dondocas insatisfeitas.

O cowboy é interpretado magistralmente por Jon Voight, isso mesmo, o campeão, pai do menininho mais fofo das sessões da tarde de minha geração. Se você está na faixa dos 30, com certeza se lembra da cena do pai (Jon), dando um tapa no menininho e gritando: VOCÊ É UM ATRASO DE VIDA! I-n-e-s-q-u-e-c-í-v-e-l hehehe. Se você é mais novo, Jon Voight é nada mais nada menos que o pai da bela Angelina Jolie, então muito respeito com o homem!

Perambulando por Nova Iorque com seu visual marlboro man, ele flerta e aborda mulheres oferecendo seus serviços de amante profissional, o que gera situações cômicas, principalmente depois que as mesmas descobrem que ele quer receber.

Mas as coisas não saem como ele havia planejado e eis que surge o malandro vagabundo para ajudá-lo. O personagem de Dustin Hoffman (maravilhoso) tenta aproveitar-se da inocência do caipirão, lhe mete o golpe e some. Dias depois, todo ferrado, sem dinheiro e sem ter onde ficar, o cowboy cruza com o vagabundo por acidente e vai tirar satisfações. O filme que parecia uma comédia dá uma reviravolta incrível e o vagabundo de outrora, vira um anjo na vida do cowboy. Nasce então uma das mais belas amizades do cinema americano.

Vencedor do Oscar de melhor filme, roteiro e diretor, Midnight Cowboy é um filme sobre amizade. Dá pra perceber um tempo diferente, uma montagem que já não estamos mais acostumados, mas ainda assim, é muito bom. Engraçado e emocionante, o filme toca e mexe com a gente, sem contar as interpretações magistrais desta dupla. Ambos foram indicados ao prêmio de ator. Um filme para ver e rever. Cinemão de verdade, na essência e na veia!






terça-feira, 3 de março de 2009

Neruda


PARA QUE NADA NOS AMARRE, QUE NO NOS UNA NADA.
neruda

Cinemadicto na Mundo Mundano


Queridos amigos(as), leitores do meu coração. É com muita alegria que venho informar que graças a este blog fui convidado para ser colunista do hiper, cool, megablaster site, Mundo Mundano. Mais um canal onde você poderá deleitar-se com textos um pouco diferentes do que costumo postar por aqui, além do excelente time de colunistas e a proposta inovadora deste excelente trabalho que a Mundo Mundano vem desenvolvendo.

Aqui ou ali, sempre junto com você! Viva!

Oscar 2009 - Uma Análise Racional dos Resultados


Pois é, cai do cavalo hehehe. Meu primeiro sentimento com o resultado foi de indignação, mas baixada a poeira, já consigo analisar mais friamente o ocorrido. Acho que somente eu não acreditava que "Quem Quer Ser Um Milionário?" pudesse ganhar. Já tava tudo escrito.
O Host deste ano foi Hugh Jackman, um australiano. Melhor atriz coadjuvante foi a bela Penélope Cruz, uma espanhola. Melhor diretor, Danny Boyle, um inglês e melhor filme "Slumdog", uma co-produção Inglaterra/Índia.
Em tempos de Obama, o resultado mostra-se totalmente dentro da nova visão que os EUA querem passar de si mesmos para o resto do mundo: Uma nação mais aberta e receptiva.
Continuo achando que a premiação não foi merecida, mas já acho também que foi até bom o que aconteceu. Boyle representa uma nova geração de cineastas e uma nova maneira de fazer Cinema. Só espero que não tenha sido coisa de momento e que a tendência continue. Quero acreditar que o Oscar mudou. Espero que sim.
Só fico imaginando se "Cidade de Deus" tivesse sido lançado nesta nova fase da Academia. Com certeza teríamos feito história. Mas não há de ser nada, se continuar assim, nosso dia chegará.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Orquestra Tipica Fernandez Fierro - Auditório Ibirapuera / 28.02.09


Esta foi a terceira temporada da Orquestra portenha com casa cheia aqui pela terra brasilis. Com o sucesso, vêm também as imposições e para meu azar, tive que aguentar a banda amiga de abertura Arbolito.

Concordo que temos que ajudar os amigos e dar oportunidades, mas precisava tocar 1 hora?! Acredito que 1/2 hora já estaria de bom tamanho, afinal, fui lá para ver um show de tango.

Este foi o primeiro show da banda Arbolito fora da Argentina. A banda tenta misturar músicas regionais e folclóricas da América do Sul com rock. Chico Science fez isso por aqui de maneira extraordinária e Manu Chao também se sai bem, mas os amigos arbolitos ... Bem, talvez eles ainda venham a melhorar, mas a música é muita chata. Para se ter uma idéia o melhor do show deles foi a performance saltitante da dupla gordinho careca de sarong laranja e magrinho cabeludo a lá Bethânia. Ambos é claro, calçando suas sandalinhas hippies. Eles ficavam pulando pelo palco executando coreografias horrendas hahaha. Mas foi engraçado pelo menos. Na boa, amo música do mundo inteiro, quanto mais exótico melhor, mas nem tudo dá para ficar ouvindo por muito tempo. Nossos irmãos bolivianos que tocam suas zampoyas no centro são muito melhores, mas vamos falar do que interessa.

A primeira impressão é a de que o que está no palco é uma banda de rock. Cabeludos (que isso, quase não existe cabeludo na Argentina), dreadlocks, óculos escuros, bermudas e regatas. Enfim, se não fosse pelos 4 bandonéons, 4 violinos, 2 cellos e o piano, poderia facilmente achar que teria errado de show. Mas tudo bem, eu já sabia o que me aguardava. Jovens tocando um tango de respeito.

O show também lembra um concerto de rock tamanha a garra e sentimento impostos nas belas execuções e o barulho produzido. A iluminação e cenários muito bem trabalhados também dão seu toque de inquietude desta jovem e competente orquestra. Eles tocam alto e você sente o respirar do bandonéon e o choro do violino penetrar no seu corpo. O vocalista é um show a parte. Extremamente carismático e dono de uma voz poderosa ele brinca com a platéia e debocha de tudo.

Tango com Garra! Esqueça os terninhos, aqui temos uma orquestra de tango jovem, estilosa e muito talentosa. Um super show para ouvidos apurados. Tango forte, nervoso, com estilo e sangre! Compreendes?