sexta-feira, 20 de abril de 2007

Keane - SP - 17.04.07 - Credicard Hall



MUITO BOM!!! Semana passada comentei com minha namorada: Vamos no show do Keane? Vamos. E no dia seguinte fomos comprar os ingressos para um dos melhores shows que assisti ultimamente e olha que já fui em muuuuitossss shows. Só para citar aguns dos últimos, teve Strokes, Iggy Pop, U2, Sonic Youth, Franz Ferdinand, White Stripes ....

O show do Keane foi surpreendente. Tive a felicidade de assistir a primeira apresentação no Brasil de uma banda no auge. Maravilha. O entusiasmo e a felicidade de dispor de uma platéia como a nossa, com tamanha energia, que modéstia parte, não existe em nenhum outro lugar do mundo.

O show começou com apenas 15 minutos de atraso. A curiosidade maior era: Conseguirá uma banda ser rock n´roll sem guitarra e baixo? A resposta é SIM! Vocal, batera e teclado. Apenas com esses elementos o Keane conseguiu preencher o Credicard Hall, os músicos são ótimos, mas acredito que o grande trunfo da banda está nos potentes vocais de Tom Chaplin, o vocalista da bochecha rosada que quanto mais corria pelo palco mais vermelha ficava.

Nos intervalos das músicas Tom falava o quanto estava feliz por participar daquele momento e que não existia platéia como a nossa. O homem preenche o palco e tem carisma. Aliás, a banda toda mostrou-se muito simpática e receptiva, além de acessível, como você poderá ler no decorrer desta crítica. Quem escreveu o texto abaixo tirou as palavras da minha boca, logo, aí vai ...

Alguém disse que era um show de rock para meninas. Talvez. E daí? Esse tipo de apartheid da ignorância era mais comum nos anos 80, quando os roqueiros ironizavam bandas como Pet Shop Boys, Depeche Mode, Human League - diziam que era tudo boiola e que rock era coisa de macho. Jesus, que tempo confuso!

Disseram também que as baladas do Keane seriam fatais para diabéticos. Besteira, ninguém tem que ter vergonha de gostar do que se gosta, mesmo quando é um lance descaradamente sentimental. Se bateu, bateu.

O show é tecnicamente e cenograficamente muito bem resolvido. As imagens estilhaçadas em diversos pequenos telões, no palco, são precisas e bonitas. Chaplin falou contra a guerra, auxiliado por um poema irlandês no telão, arriscou aquele português demagógico (“Exta cançau é dedjicada au Bracil”) e correu como um cabrito. E então alguém deu uma bandeira do Brasil para Chaplin, ele esticou no teclado com a ajuda de duas garrafas de água.





Crazy - Loucos De Amor


Canadá, 2005
Direção: Jean - MarcVallée

Crazy foi uma das sessões mais concorridas da última Mostra de Cinema de São Paulo, tanto que somente agora pude conferir a obra graças ao velho Gemini, a sala mais cult em atividade, cinemão das antigas. Até o carpete ainda está lá, tudo super kitsch e original! Antes de começar o filme Ray Coniff na música ambiente embala a sala. Um must hahaha. E o melhor: A programação costuma ser muito boa, é barato e você ainda ganha uma paçoquitaaaa. HAHAHA.

Crazy conta a história de um rapaz especial desde sua infância, quarto filho de cinco homens, sua mãe acredita que ele possue dons especiais, como o da cura através do pensamento, dom esse que nos proporciona algumas das risadas no decorrer do filme. Seus irmãos são assim classificados: o esportista, o intelectual, o garanhão drogado, esse um dos personagens principais juntamente com o suposto homossexual que tem o poder da cura e o caçula gordinho e cabeludo.

A mãe é generosa e coruja e o pai bem tradicional e machista nem imagina que um filho seu possa ser gay. Na verdade o rapaz também não sabe, ainda não se encontrou ou não conseguiu sair do armário. O diretor abusou das canções e a trilha sonora é um verdadeiro deleite para os amantes do rock n´ roll. Conforme os personagens crescem a transformação musical os acompanham, principalmente o protagonista. Floyd, Bowie, Pistols, está tudo lá. Uma maravilha.

A tensão do filme acontece quando as pessoas começam a desconfiar de sua opção sexual, assim como o próprio se sente perdido e a reação do pai ao descobrir. Os conflitos entre o irmão gay e o irmão mais velho garanhão também criam uma alta tensão na película e ao final, percebemos que apesar das diferenças um não existe sem o outro.

Apesar de ser um filme com temática gls, não há nenhum beijo homossexual, tampouco cenas de nudez e sexo, mostrando que os chamados filmes da diversidade sexual não precisam mostrar sacos e pintos sacolejando livres por aí.

Um filme que mostra o valor da família. Nosso sangue.





terça-feira, 17 de abril de 2007

Pecados Íntimos


EUA, 2006
Direção: Tood Field

Atores ótimos, principalmente a querida e eterna chubby girl Kate Winslet. Tem também Patrick Wilson que vem destacando-se ultimamente com ótimas atuações. Personagens bizarros? Sim, todos eles. A menos estranha talvez seja Jennifer Connelly ... Pensando bem, ela também não escapa, uma vez que faz documentários para a PBS. Roteiro, assim como os personagens, bizarro. Não que seja algo diferente, novo e escroto, mas incomoda um pouco. Ok, essa era a intenção, mas acredito que o objetivo não foi alcançado.

Em uma pacata cidade do interior americana o pior pesadelo está por acontecer. Pedófilo que fôra condenado no passado cumpre sua pena e está de volta ao cotidiano da cidade. A população se arma para conviver novamente com esse monstro. Mas ele representa 30% do filme no máximo. O que pega mesmo é a relação entre Patrick e Winslet.

Mães costumam se encontrar em um parque local para jogar conversa fora e levar os filhotes para se divertirem. Kate é uma mãe um tanto relapsa e não aguenta o papinho republicano das colegas. Eis que surge Patrick com seu filho nos ombros. Ele não se mistura e as mães ficam fantasiando sobre aquele homem. Elas fazem uma aposta com Kate. Ela aproxima-se do rapaz e ainda dá um beijo nele para desespero das outras mulheres.

Kate quer chocar. Comportamento típico de quem não está feliz com a vida que leva. Seu marido ricaço, fica se masturbando no computador com uma calcinha usada de alguma musa internética enfiada na cara. A vida de Kate se resume a cuidar da filha. Descobre em Patrick algo em que se agarrar e o mesmo acontece com ele, embora tenha uma mulher linda e maravilhosa, a pressão dela e da sogra para que passe no exame da ordem o sufoca. Ele só queria ser skatista e não consegue dialogar com a esposa e revelar seus sonhos. Finge ser o que não é.

Patrick e Kate começam a se encontrar e passam as tardes juntos regadas à muito sexo. Eles encontram em si a válvula de escape para continuarem a aguentar a vida medíocre de ambos.

A cena da piscina pública em que o tarado entra todo paramentado para ver corpinhos inocentes embaixo da água é tão bizarra quanto o personagem. Os personagens mostram seus pontos fracos e pertubações, assim como o policial que convoca Patrick para o jogo semanal de futebol americano. Psico total. Ou a mulher caretona que vai ao encontro de literatura e não entende Madame Bovary.

O filme é estranho e não tem liga. Nem os ótimos atores salvam. Não chega a ser um horror, dá para acompanhar de boa, mas quando chega o final ... você pensa: Que cocô. Aconteceu comigo, pode não acontecer com você. O final é phoda! Ficou curioso? Arrisca e tire suas próprias conclusões. Boa sorte.





segunda-feira, 16 de abril de 2007

300



EUA, 2007
Direção: Zack Snyder

O mais esperado blockbuster dos últimos tempos e para nós brasileiros ainda conta com uma atração extra: Rodrigo Santoro. Grande parte do mundo oriental ficou revoltado com o filme, sendo inclusive censurado em vários países que não concordaram com a visão da batalha travada no filme entre espartanos e persas.

Antes de começar a tecer os comentários quero parabenizar nosso astro tupiniquim que tanto está fazendo por nossa imagem no exterior. Infelizmente ouvi críticas ridículas e sem fundamentos sobre o trabalho de Santoro em 300 e com relação a sua carreira internacional no geral. "Esta parecendo uma árvore de natal", "alegoria de escola de samba", para ficar nos comentários mais leves. Eiiita povinho invejoso, ao invés de ficar orgulhoso com um representante nosso fazendo bonito lá fora, o brasileiro mete o pau. É muita ignorância gente.


O cara fez comercial com a Nicole Kidman, surfou com a Cameron Diaz e andou de moto com a Drew Barrymore e a Lucy Liu, participa do seriado de maior sucesso MUNDIAL da atualidade e ainda é o protagonista do filme de maior renda nos EUA do ano e vocês vem me dizer que ele não abre a boca, que parece uma alegoria, ao invés de enaltecer o trabalho do homem! Continuem assim que vocês sabem onde vão acabar ... Inveja mata. As vezes acho que merecemos o que temos.

O filme prima pelo visual. Adaptado da obra - prima dos quadrinhos de Frank Miller, parece que não existe muita fidelidade com relação a história verdadeira, mas é cinema gente, entretenimento, esse povo persa é muito estressado mesmo, credo.

O Rei Xerxes, Santoro, quer dominar tudo e todos e exige obediência e fidelidade, ele só não contava com a rebeldia dos 300 de Esparta que recusam-se a curvar-se diante de sua tirania. E é isso quase todo o filme, uma batalha sangrenta e sem fim onde Xerxes se utiliza de todos os exércitos possíveis, criaturas inclusas, bizarras por sinal. Muito sangue e testosterona na tela.

O filme foi todo rodado em estúdio e os diretores de arte realmente fizeram um trabalho primoroso e convincente. Não exigiu grandes atuações, mas sim, grandes músculos, as garotas vão se esbaldar com o exército de tanquinhos espartanos e decepcionar-se, acredito eu, com o papel de Santoro, pois na verdade, ele faz um Rei meio afeminado.

O filme é tão macho man que chega a exagerar, mas os efeitos visuais são de primeira, se é que você me entende. Filme para acompanhar despretensiosamente e no telão, na sua casa não vai ter graça, a não ser que você possua uma tela de plasma de 50´´ com um sistema de som dolby surrounnnnnnddddd!

Concordo, o cinema ainda é mais barato apesar do ABSURDO valor de R$ 18,00. Só não me saia destruindo tudo depois do filme, pois você se sentirá um guerreiro com certeza e o pior, invencível, hahaha. Quem é homem e por volta dos seus 30 anos entende bem esse fenômeno. Foram muitas emoções (ja diria o rei) na adolescência com Rocky, Daniel San e Mister Miagui, Rambo ...


THIS IS SPARRRRTA!!!





Scoop


EUA/Inglaterra, 2006
Direção: Woody Allen

Pois é, Allen está apaixonado por Londres e por sua nova musa, Scarlett. Não é pra menos, se é que vocês me entendem.

Os ares europeus fizeram muito bem para Woody, ao menos em termos de produtividade, quer dizer, seu último trabalho, Match Point, realmente foi uma bela surpresa, diferente de todos os trabalhos que ele já havia realizado, mas com Scoop, Allen volta as comédias escrachadas e despretensiosas que o fizeram popular e como não deveria deixar de ser, atuando no papel de ... Ele mesmo é claro hehehe.

Se quiser comparações com alguma de suas obras, arrisco a dizer que é uma comédia no mesmo tom de Dirigindo no Escuro. Mas não esqueçamos que mesmo os mais fracos filmes de Allen, ainda se encontram acima da média da maioria que está em cartaz. Você vai dar risada, isso é um fato e os diálogos, difícil alguém escrevê-los tão bem quanto Allen, mesmo em um filme não celebrado pela crítica. Vale pelo exercício dos músculos da face.

Scoop, conta a história de uma recém formada jornalista interiorana, Scarlett, que vai para Londres para ampliar seus horizontes. Lá ela conhece por acaso o mágico, impagável, Allen em um de seus espetáculos. Allen a chama para participar de um de seus números e eis que quando ela se encontra dentro da caixa desmaterializadora, o espectro de um jornalista recém falecido e muito famoso aparece para ela com o maior furo dos últimos tempos, com uma informação que recebera no barco da morte.

Cabe agora a Scarlett investigar o caso para saber de sua autenticidade antes de dar a notícia que pode abalar a aristocracia inglesa. Ela "adota" Allen como pai e os dois seguem na investigação mais cômica dos últimos tempos no cinema. Vale ressaltar que Allen está muito engraçado como pai, mágico e animador de festinhas hahaha.

Ok, realmente não é nenhuma obra - prima, tampouco seu melhor trabalho, mas como já disse, está muito acima do que encontra-se em cartaz. Uma comédia simples e divertida que cumpre com seu papel básico, fazer o público rir e sair mais leve da sala escura, porque não existe pior comédia, do que aquela sem graça. Deste problema, Woody não sofre, o homem é uma comédia por si só.





sexta-feira, 13 de abril de 2007

Quarta B


Brasil, 2005
Direção: Marcelo Galvão

No final do ano passado um amigo que mora na Austrália organizou um festival de filmes brasileiros por lá e pediu minha ajuda para produzir um pequeno documentário sobre a história do cinema brasileiro e uma pequena introdução a respeito dos filmes que seriam exibidos, entre eles Quarta B.

O filme, apesar de ter sido o grande vencedor escolhido pelo público da Mostra de cinema de São Paulo de 2005 não conseguiu distribuição e pouca gente conseguiu acompanhá-lo. A cerca de 2 meses atrás foi inaugurada a Sala Maria Antônia, colada no Mackenzie, que chega com a proposta de exibir justamente esses filmes sem distribuição e no formato DVD, o que barateia bastante o valor do ingresso, R$ 4,00 inteira e R$ 2,00 meia. Parabéns para o idealizador da sala e que outras venham surgir para podermos popularizar o cinema e quem sabe, finalmente transformá-lo em uma indústria.

O filme conta a história de uma reunião de pais de uma escola primária para discutir o que fazer com relação ao ocorrido: A descoberta de uma pedra de maconha na sala da 4° B. Os pais são os mais variados tipos, desde um casal de idosos que adotara um dos alunos, passando por um advogado chato de doer até chegar no surfistão que acredita que quando Jesus andou sob as águas, na verdade ele estava surfando. E por que não? Também acredito oras hehehe.

Lá pelas tantas alguém tem a brilhante idéia deles fumarem um baseado para verem ou reverem quais os efeitos da droga para poderem conversarem com seus filhos de igual para igual. Uma votação é feita e o sim prevalece. A partir daí o grande barato é ver a reação de cada um sob os efeitos da erva. Tem a paranóica, o lariquento, o paz e amor, a que fica alegre , a que fica triste, um verdadeiro laboratório de tipos humanos e suas reações mediante o cigarrinho do diabo.
Confissões são feitas, perdões são solicitados, brigas ocorrem e a reunião fica de lado.

O que Galvão pretende mostrar é a diversidade de reações humanas partindo de um ponto em comum: A maconha. O filme já nasceu polêmico e foi rodado com baixo orçamento em suporte digital.

Os personagens são ótimos, tirando o lariquento que exagera um pouco. Dez pizzas califórnia é demais. Achava também que Galvão poderia ter escolhido uma série tipo 6° ou 7°, mas pensando bem, isso não importa, porque o que esta sendo estudado, são os pais em si.

Pode não ser uma obra-prima, mas o roteiro é muito bom e as atuações idem. Por ser um filme de baixo orçamento que foi filmado na marra e por ter ganho o prêmio do júri da Mostra de 2005, o filme já merece aplausos. Temos que tirar o chapéu para Galvão e procurar seguir seu exemplo. Vamos criar uma nova geração de cineastas que querem mostrar seu trabalho independente da telona. Queremos fazer 5 filmes em um ano e não levar 5 anos para fazer 1! Parabéns Galvão.

ps1: o filme encontra-se disponível para donwload no e-mule.

ps 2: diz a lenda que a invasão da polícia no filme é verdadeira.

ps 3: você conhece a Amway? hahaha.