segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

AS AVENTURAS DE TINTIM: O SEGREDO DO LICORNE


EUA/Nova Zelândia, 2011
Direção: Steven Spielberg

Após altos e baixos nos últimos anos (mais baixos na minha opinião), Spielberg retoma toda sua energia e genialidade para nos entregar esta fabulosa adaptação dos clássicos quadrinhos de Tintim, personagem criado por Hergé (falecido em 1983) em 1929.

Para a empreitada, Spielberg juntou-se à Peter Jackson (diretor da trilogia "Senhor dos Anèis"). Peter na produção e Spielberg na direção. Para a continuação, inverterão os papéis e ainda comenta-se que James Cameron, de "Avatar", será o diretor do terceiro filme. Mas enquanto a última informação não passa de especulação, a dupla Spielberg+Jackson é mais do que suficiente para encantar os fãs e também quem nunca teve contato com a obra de Hergé.

Confesso que até "Avatar", a tecnologia (Motion Capture) utilizada para realizar filmes e animações recentes nunca me agradou. Sempre achei falso e artificial. Sem vida. Embora Tintim não chegue a perfeição do blockbuster de James Cameron, o uso desta tecnologia foi muito bem empregada, apesar do olhar de peixe-morto de Tintim. As imagens são impressionantes e as fusões e passagens de uma cena para outra encantam e o 3D com certeza amplifica os sentidos.

Este primeiro filme é baseado em uma publicação de 1942 de um jornal belga que publicava as histórias de Hergé. O jovem repórter e viajante que dá nome ao personagem, tem no cãozinho Milu o companheiro ideal para suas aventuras. No filme, eles descobrem o paradeiro de um antigo navio (Licorne), que era dado como desaparecido e com a ajuda do capitão Haddock, vão atrás de seus tesouros. Para chegar até lá precisam desvendar alguns mistérios e enfrentar bandidões como Sackarine. Para tal ele também contará com a ajuda dos cômicos detetives Thomsom e Thompson.

Pois é, Spielberg volta a encantar com essa fiel adaptação de um clássico. Já estou ansioso pela continuação. Destaque para o bêbado e figuraça Capitão Haddock.





O ARTISTA

França/Bélgica, 2011
Direção: Michel Hazanavicius

Como explicar que o grande hit atual do cinema é um filme mudo? O filme vêm arrebatando todas as premiações mundo afora e não à toa. Hazanavicius presta uma linda homenagem a Sétima Arte nos presenteando com esta pérola em tempos de 3D.

Como todos já devem saber, "O Artista" conta a história de George Valentin, um astro do cinema mudo que vê sua iminente decadência aproximar-se com a chegada do filme falado. O astro de outrora é esquecido e deixado de lado por não acreditar que o filme falado é o futuro. Do outro lado têmos Peppy Miller, uma simpática jovem atriz que conquista o posto de nova queridinha de Hollywood em tempos de filme falado. Enquanto ocorre a decadência de Valentin, Peppy Miller desponta como a estrela do momento.

Grande parte do sucesso do filme credito a super carismática dupla de protagonistas. Jean Dujardin e Bérénice Bejo estão fabulosos em seus papéis. Ainda têm John Goodman como o produtor e até uma participação do eterno "Laranja Mecânica, Calícula" Malcolm McDowell. E claro, não podemos deixar de lado o simpático cãozinho Uggie.

O roteiro é até bem simples, mas a maneira como Hazanavicius construiu a trama, é tão envolvente que em nenhum momento sentimos falta da fala. O filme é dinâmico e divertido. Cinéfilos irão adorá-lo. Dizem que o filme é baseado em uma história real e que Peppy Miller, seria Greta Garbo. Referências a parte, o filme é ótimo. Destaque também para a excelente trilha sonora ao melhor estilo das big bands dos anos 20, à bela produção de arte e figurinos e as coreografias.

Preto e branco e mudo. E com grandes chances de ser o mais novo (velho) vencedor da premiação máxima do Cinema. Delicioso.





segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

OS DESCENDENTES

EUA, 2011
Direção: Alexander Payne


Após arrebatar o Globo de Ouro na categoria de melhor filme dramático, "Os Descendentes" chega forte na corrida pelo Oscar. Mas será que ele conseguirá parar "O Artista"?
O filme é bom. George Clooney e seu carisma gigantesco contribui muito e não à toa ele concorre como melhor ator. Ele interpreta Matt, um pai ausente que retorna para casa após sua mulher sofrer um acidente e entrar em coma. Não se preocupe, não é spoiler, isso é revelado nos cinco minutos iniciais. Ele então começa dizendo: "As pessoas acham que vivo no paraíso, quando digo que moro no Hawaii." Paraíso o caceta! Pois é, o inferno pode ser em qualquer lugar.
Matt então tenta uma reaproximação das duas filhas, uma criança e outra adolescente que estuda em um internato. Pede ajuda para a mais velha para ajudá-lo com a mais nova. No entremeio eles visitam a mãe e conversam com ela normalmente na esperança de que ela acorde. Mas a filha mais velha guarda uma mágoa profunda da mãe e é ai que a história começa a pegar fogo, quando ela revela à Matt algo que ele nunca imaginou.
Além de tudo Matt é o depositário da terra de seus ancestrais, daí o nome do filme. Sua família herdou um belo pedaço do paraíso e seus primos querem muito vender, afinal, a bolada irá resolver a vida de todos, mas a população é contra. Mas isso não é o principal do filme, acho que serviu mais como bandeira do bom mocismo em tempos de sustentabilidade e preservação. A eterna boa mensagem de Hollywood, mas tudo bem, não interfere em nada na película.
Aos poucos Matt vai retomando a confiança das filhas, mostrando que pode segurar a onda, caso a mãe não acorde nunca mais. Nesse meio tempo eles viajam juntos e passam por momentos "Mastercard" together.
Destaque para a grande atuação de Clooney e para o amigão da filha mais velha, Sid, interpretado por Nick Krause. A trilha sonora também se destaca, com belas vozes made in Hawaii e Ukuleles melódicos. Bom programa.





A SEPARAÇÃO

Irã, 2010
Direção: Asghar Farhadi

Embora esteja concorrendo ao Oscar de melhor filme estrangeiro (fortíssimo concorrente), "A Separação" deveria estar concorrendo na categoria de melhor filme. O cinema iraniano é maravilhoso. Embora o regime troglodita autoritário de seu governo tente fazer de tudo para acabar com a arte em todos os aspectos, a resistência destes guerreiros do cinema e também da música é tocável e felizmente, sua arte cruza as fronteiras para emocionar mundo afora.

Do mesmo diretor de "À Procura de Elly", exibido por aqui na Mostra de 2009, "A Separação" é um filme esplendoroso, dos melhores que conferi nos últimos tempos com certeza.

O filme conta a história de uma família que vive o drama da separação, mas este não é o mote principal da película, embora a filha do casal esteja sofrendo muito e faz de tudo para que os pais continuem juntos.

Após muito tempo finalmente a família recebe o visto com permissão para sair do país. A mãe quer que sua filha cresça em uma sociedade mais justa e que tenha oportunidades, e vê no visto a grande chance da vida delas. O pai por sua vez, embora também queira sair do país, cuida do pai que sofre de alzheimer e não cogita abandoná-lo. O visto está por expirar e esta criado o impasse.

Mas o engenhoso roteiro não pára por aí, pelo contrário. A mãe resolve então sair de casa e a filha resolve ficar com o pai, na esperança de que sua atitude force a mãe a retornar ao lar. O pai por sua vez contrata uma pessoa para cuidar de seu pai, o avô da garota. Com a chegada desta pessoa, acontecimentos mil vem à tona.

O filme é eletrizante e agonizante. Sofremos juntos com seus incríveis personagens. Nos comovemos ao ver a relação carinhosa e sincera do pai com a filha e do pai com o avô da menina.

O filme conta com pelo menos três cenas antológicas que nos fazem revirar na cadeira da sala escura: A primeira é quando a mulher contratada liga para um órgão do governo pedindo permissão para poder ajudar o velho doente a se trocar, uma vez que naquele país a relação entre homens e mulheres é ainda um assunto tabu em pleno século XXI. A cena de pai e filho no banheiro é extremamente tocante e a conclusão, que causa revolta em pessoas que precisam de tudo mastigado para gostar de um filme, é belíssima, embora a decisão da menina não seja de importância alguma para apreciar esta jóia da Sétima Arte.

Atores sensacionais, um roteiro maravilhoso e super bem costurado e uma direção impecável, fazem de "A Separação", já, um dos grandes filmes do ano na minha modesta opinião. Viva o cinema iraniano!