segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A SEPARAÇÃO

Irã, 2010
Direção: Asghar Farhadi

Embora esteja concorrendo ao Oscar de melhor filme estrangeiro (fortíssimo concorrente), "A Separação" deveria estar concorrendo na categoria de melhor filme. O cinema iraniano é maravilhoso. Embora o regime troglodita autoritário de seu governo tente fazer de tudo para acabar com a arte em todos os aspectos, a resistência destes guerreiros do cinema e também da música é tocável e felizmente, sua arte cruza as fronteiras para emocionar mundo afora.

Do mesmo diretor de "À Procura de Elly", exibido por aqui na Mostra de 2009, "A Separação" é um filme esplendoroso, dos melhores que conferi nos últimos tempos com certeza.

O filme conta a história de uma família que vive o drama da separação, mas este não é o mote principal da película, embora a filha do casal esteja sofrendo muito e faz de tudo para que os pais continuem juntos.

Após muito tempo finalmente a família recebe o visto com permissão para sair do país. A mãe quer que sua filha cresça em uma sociedade mais justa e que tenha oportunidades, e vê no visto a grande chance da vida delas. O pai por sua vez, embora também queira sair do país, cuida do pai que sofre de alzheimer e não cogita abandoná-lo. O visto está por expirar e esta criado o impasse.

Mas o engenhoso roteiro não pára por aí, pelo contrário. A mãe resolve então sair de casa e a filha resolve ficar com o pai, na esperança de que sua atitude force a mãe a retornar ao lar. O pai por sua vez contrata uma pessoa para cuidar de seu pai, o avô da garota. Com a chegada desta pessoa, acontecimentos mil vem à tona.

O filme é eletrizante e agonizante. Sofremos juntos com seus incríveis personagens. Nos comovemos ao ver a relação carinhosa e sincera do pai com a filha e do pai com o avô da menina.

O filme conta com pelo menos três cenas antológicas que nos fazem revirar na cadeira da sala escura: A primeira é quando a mulher contratada liga para um órgão do governo pedindo permissão para poder ajudar o velho doente a se trocar, uma vez que naquele país a relação entre homens e mulheres é ainda um assunto tabu em pleno século XXI. A cena de pai e filho no banheiro é extremamente tocante e a conclusão, que causa revolta em pessoas que precisam de tudo mastigado para gostar de um filme, é belíssima, embora a decisão da menina não seja de importância alguma para apreciar esta jóia da Sétima Arte.

Atores sensacionais, um roteiro maravilhoso e super bem costurado e uma direção impecável, fazem de "A Separação", já, um dos grandes filmes do ano na minha modesta opinião. Viva o cinema iraniano!





2 comentários:

  1. Fala Roger!!
    Ando bem ausente, de novo, do mundo cinematográfico!
    Mas ontem consegui ver este.
    Confesso que o filme anterior do diretor, "À procura de Elly", nao me agradou muito nao. Esse, em compensação, e apesar de muito ponto em comum com o "Elly" (no que diz respeito ao "jeito" de filmar), é estupendo!
    E que atuações, não!? De fato o sujeito sabe dirigir atores. A menininha mais nova é uma figurinha!
    Forte abraço, camarada!

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  2. Vale a pena conferir!

    Cada vez mais fã do cinema iraniano!!!

    Vi

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resmunga ai