sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Feliz 2006

É isso aí queridos amigos leitores. Mais um ano se vai. 2005 foi lindo e 2006 será melhor ainda. Desejo a todos muita felicidade e força para perseguirem seus sonhos, que é o que realmente importa. 2006 é nosso!!!!

" Ir ao cinema é ficar perto do esquecimento, levado pela esperança de transformação. Ninguém vai ao cinema para se tornar mais sensível, experiente e culto, ainda que pense estar fazendo isso. Todos querem ser arrebatados para a terra de um milagre inexorável. Entram no cinema ainda escuro, como num lugar em que se pode contar com a ocorrência de um excesso."
Frank Bocklemann
Retirado do livro, " Kafka vai ao Cinema".
Postado originalmente no O Crítico Sou Eu em 23/12/2005.

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Marcas da Violência


EUA/Alemanha, 2005
Direção: David Cronenberg

Este novo filme de Cronenberg é bem diferente de tudo o que ele já fez. O fantástico, o surreal não estão presentes de forma explícita como em outros trabalhos seus.
O personagem de Viggo Mortensen, o Aragon de Senhor dos Anéis, vira herói local ao matar dois bandidos que tentaram assaltar e torturar as pessoas em seu restaurante, só que, imaginava-se que Mortensen era um homem pacífico e incapaz de empunhar uma arma de fogo.


Eis que de repente ele vira um ninja e atirador de elite no instinto natural de sobrevivência, dotes que ninguém na cidade, nem sequer sua família imaginavam que ele possuísse.
Fica famoso, aparece na tv, jornalistas o pertubam e seu
estaurante volta a ter movimento.

Que azar. Seu passado começa a vir à tona quando Ed Harris entra em seu restaurante chamando-o pelo verdadeiro nome e clamando por justiça.

Durante algum tempo você fica na dúvida se ele (Mortensen) esta escondendo algo ou não. Afinal de contas, ele não poderia ser um assassino profissional vivendo no estilo da tradicional família doriana americana? Poderia.

As visitas de Harris começam a tornar-se constantes e sua mulher e seu filho mais velho começam a desconfiar. Mortensen está paróico, pois seu passado está atrás dele. E mais uma vez ele tem que demonstrar todo seu talento para aniquilar os inimigos de outrora. Já não dá mais pra esconder. Ele não é quem dizia ser. Uma vez ferrado, ele arrisca tudo e parte para um ajuste de contas.
Embora não seja um típico filme do Cronenberg, alguns elementos de sua cinematografia estão sim presentes, o deboche e a paranóia são alguns. O deboche no sexo violento, na forma de matar, nas falas de Mortensen e a sequência final do jantar, tensão pura, muito bem dirigida.

Não é o melhor dele, mas mesmo assim, ainda está muito acima da média. Cronenberg é ironia!













Postado originalmente no O Crítico Sou Eu em 13/12/2005.

terça-feira, 6 de dezembro de 2005

O Fim e o Princípio



Brasil, 2005
Direção: Eduardo Coutinho


No início do filme Coutinho narra: Não existe projeto. Não existe roteiro, tampouco pesquisa prévia.

Coutinho leva sua equipe reduzidíssima de 7 pessoas e parte rumo ao interior da Paraíba a procura de histórias. Nas redondezas de São João do Rio do Peixe, encontra várias pessoas com muito a dizer sobre amor, religião, vida e principalmente, morte.

Por acaso os personagens mais interessantes são idosos e daí a idéia espontânea de O Fim e o Princípio. Leocádio por exemplo, um dos meus personagens preferidos chega a questionar Coutinho, sendo um dos únicos letrados de todos os entrevistados, ele trava um diálogo que chega a deixar Coutinho sem jeito, ao perguntar sobre sua crença em Deus.

São pessoas simples e humildes que nos proporcionam minutos deliciosos de sabedoria popular instintiva. Não há filosofia, não há psicanálise e é tudo isso que provoca o espetáculo deste documentário.
Outro personagem, Chico Moisés é daqueles que como ele mesmo diz: " Acredito no que vejo com os olhos e pego com as mãos". O único problema do filme é a dicção de alguns entrevistados, mas com um pouco de esforço isso passa quase despercebido.
O filme acaba com a promessa de Coutinho: " Daqui um ano voltarei para mostrar o filme." A sessão ocorreu na semana passada, infelizmente Leocádio não pode acompanhar pois falecera alguns meses após as filmagens.

Trata-se de um documentário maravilhoso, simples e verdadeiro, como só Coutinho consegue fazer, talvez na busca do anti-cinema.

O que dizer de um homem que realiza 5 documentários depois dos 65 anos? Esse sim, merecedor de destaque a muito tempo no cenário do cinema mundial. Muito bom. Não perca este e outros filmes que encontram-se nas locadoras. Coutinho é mestre!









Postado no O Critico Sou Eu em 06/12/2005.

O Coronel e o Lobisomem



Brasil, 2005
Direção: Mauricio Farias


Mais uma produção da Natasha Filmes, só que desta vez o casamento Paula Lavigne, Guel arraes, Caetano Veloso e cia não chegou a decolar. Não é pra menos, trata-se de um filme medíocre e chato, muito chato.

Para se ter uma idéia, as únicas coisas que se salvam são a locação na maravilhosa Fernado de Noronha e a presença da beleza de Ana Paula Arósio. Para não ser injusto, Pedro Paulo Rangel está muito bem no papel de escudeiro do coronel, fora isso, o filme é um lixo.
Ponciano ( Diogo Vilela) herda a fazenda cheia de dívidas. Consegue reerguê-la, mas sempre aceitando os negócios esdrúxulos de Pernambuco Nogueira (Selton Mello), que casara com Esmeraldina (Arósio), Ponciano perde tudo novamente e a fazenda entra em decadência.

Ponciano aceita a administração de Nogueira para ficar próximo de Esmeraldina, sua eterna paixão. Esta por sua vez, aproveita ao máximo o fascínio que exerce sobre Ponciano, que faz todas suas vontades sem pensar racionalmente. Ponciano envelhece e enlouquece e sua luta agora é contra o Lobisomem, que diga-se de passagem, nunca vi Lobisomem mais tosco ... E a onça pintada então ..... Chega a ser ridículo.


Não li o romance original, mas com certeza, destruiram o livro. Em tratando-se de adaptações literárias , isso é até comum, mas CREDO, desta vez exageraram.


Não vou perder mais tempo. E você também não perca o seu, tem muito filme bom em cartaz e finalmente, entramos na era das produções lixo, com a diferença de que ainda não temos uma indústria cinematográfica para nos darmos este luxo. Uma vergonha.














Publicado no O Critico Sou Eu em 06/12/2005.

quarta-feira, 23 de novembro de 2005

Cinema, Aspirinas e Urubus


Brasil, 2005
Direção: Marcelo Gomes

Marcelo Gomes foi co-roteirista de Madame Satã, onde Lazáro Ramos realiza um trabalho excepcional. Em seu primeiro longa, que foi selecionado na mostra Un Certain Regard, no festival de Cannes 2005, Marcelo conta a história de Johann, um alemão que foge da guerra em seu país e vem para o Brasil vender aspirinas, o milagre da medicina, no sertão.

O filme se passa em 1942. Em sua trajetória conhece Ranufo, mais um local castigado pela seca. Os dois passam a percorrer o sertão vendendo aspirinas. Para atrair os clientes para o novo remédio, Johann passa um pequeno filme publicitário que impressiona os locais. É o primeiro contato da população com o cinema. O filme mostra a amizade do alemão educado e urbano com o sertanejo sofrido e iletrado.
A locação, a trilha sonora, a fotografia e principalmente o roteiro e a direção estão impecáveis, fora os atores que dão um show de interpretação, em especial Ranufo interpretado por João Miguel.

É mais um filme que fala da miséria brasileira? Sim. Outro filme locado no sertão? Sim. Então é aquela coisa batida e piegas? NÃO!!!! O roteiro é maravilhoso, não é por menos que foi o grande vencedor da última mostra de Cinema de São Paulo.

Realmente acredito que vem aí a melhor safra de cineastas desde o renascimento do cinema brasileiro e Marcelo Gomes só faz confirmar esta tese. Diálogos inteligentes e na medida certa, silêncio quando se precisa do silêncio e imagens de tirar o fôlego. Um filme simples mas com alma e paixão. Que mais precisamos em um bom filme? Ótimo!!!!





Publicado originalmente no o critico sou eu em 23/11/2005

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Cidade Baixa


Brasil, 2005
Direção: Sérgio Machado

Agora chegou a hora de curtir os filmes da Mostra que já estavam programados para estrear, e são vários. Cidade Baixa é apenas um deles que vale ser conferido. Tem também Cinema, Aspirinas e Urubus, Manderlay, Marcas da Violência.... Que delícia rs.

Cidade Baixa para um diretor estreante é muito bom, além de contar com os dois melhores atores da nova geração do cinema a locação escolhida não poderia ser melhor, a cidade baixa de Salvador, separada da cidade alta pelo famoso Elevador Lacerda. Chega a lembrar um pouco Amarelo Manga por causa da locação, contudo, o roteiro esta muito aquém de Manga.

A história não é nenhuma novidade, dois amigos de infância se apaixonam pela mesma mulher e a discórdia que parecia inatingível aos amigos chega com o delírio da paixão.
O filme é bom, mas sinceramente, além do diretor, não há nada de novo. Vale pelo trabalho da dupla e claro pela Alice Braga, que além de ótima atriz é muito linda.


A trama se desenvolve e a loucura vai crescendo, quando a personagem de Alice tenta consertar, já é tarde e cabe a nós telespectadores imaginar qual o fim da história.
Mesmo não apresentando nada de novo, é um filme que deve ser conferido em virtude do diretor Sérgio Machado que faz parte de uma promissora geração de novos cineastas. Bom programa.



Publicado originalmente no o critico sou eu em 11/11/2005

sábado, 5 de novembro de 2005

Hotel Ruanda



EUA/ITÁLIA/ÁFRICA DO SUL, 2004
DIREÇÃO: TERRY GEORGE

Tutsi: Nariz mais fino, mais alto, pele mais clara. Hutu: O que sobrar. Esta foi a definição dada pelos belgas que colonizaram Ruanda, um dos países mais populosos da África. Detalhe: mais de 70% da população é formada por Hutus. Ou seja, de novo o poder nas mãos de poucos.

A partir do século XV a minoria Tutsi passou a dominar por suas armas mais modernas e à 500 anos Tutsis e Hutus vivem em conflito.

Hotel Ruanda conta a história verídica de Paul Rusesabagina , interpretado maravilhosamente por Don Cheadle que concorreu ao Oscar de melhor ator em sua última edição.

Em 1994 ocorreu um dos maiores massacres do século XX , quando quase 1 milhão de civis foram mortos na guerra entre Tutsis e Hutus em Ruanda. Apoiado pelo exército, os Hutus revoltados pelo assassinato do presidente que havia assinado um acordo de paz, inicia um verdadeiro extermínio da população Tutsi e de quem defendê-los. Foram quase 1 milhão de mortes em 3 meses.

Paul é gerente de um Hotel, um verdadeiro oásis no meio do caos. Simpático e prestativo, esta sempre agradando as pessoas mais importantes para poder pedir ajuda futuramente se necessário. E o dia chega. Casado com uma Tutsi, Paul é um Hutu não radical. Quando o extermínio começa Paul abriga sua família no Hotel e quantos mais ele pode. Paul acaba salvando mais de 1200 vidas. Este sim , um homem onde a palavra herói se encaixa muito bem. E tudo isso sozinho, pois toda bajulação de nada lhe adiantou no momento em que mais precisou. Todos os que se diziam amigos de nada fizeram. O exército Belga chega. Para que? Para retirar todos os brancos do Hotel. O mundo deu as costas para o que acontecia, ninguém interveio! A população ruandesa foi literalmente abandonada e largada à sorte.

Não chega a ser um filme maravilhoso, mas a história sim é muito forte, triste, mas necessária de ser contada e vista. O mundo não pode mais dar as costas para as atrocidades que acontecem e ficarem somente olhando para os próprios umbigos. E pensar que isso aconteceu a 11 anos atrás ... Trata-se de um filme obrigatório uma vez que o ser humano ainda mata por diferenças religiosas e raciais. Vale também para conferir a bela atuação de Don Cheadle.





Postado originalmente em 05/09/2005

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

29° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

So it is ..... Pois é gente, mais uma Mostra chega ao fim, a copa do mundo dos cinéfilos paulistanos está encerrada e semana que vem já conheceremos os vencedores, pois é, ainda tem o chorinho com os melhores da Mostra, que delícia... Foi muito bom e até ano que vem, com certeza!!!

Publicado originalmente no o critico sou eu em 04/11/2005

Kilômetro Zero

França/Curdistão, 2005
Direção: Hiner Saleem


Fevereiro de 1988, em plena guerra Irã/Iraque, Ako, um jovem curdo, obrigado a se alistar no exército de Saddam Hussein, sonha fugir do país. Mas sua mulher, Selma, não quer deixar o pai. Na frente de combate, Ako considera uma sorte quando é destacado para levar o corpo de um soldado morto de volta para a família. Porém, o motorista que o leva é um árabe que odeia os curdos. A dupla de rivais terá de fazer uma longa viagem pelas terras do Iraque, em que suas profundas diferenças virão à tona, especialmente ao enfrentar as contradições de um país destroçado pela guerra.
Paisagens insólitas, peculiares, que somente o Oriente Médio pode proporcionar. Cinema exótico e bonito, raiz mesmo. Mostra com clareza as diferenças entre Curdos e Árabes. Parece outro planeta, mas está lá... Outra cultura, outro regime, outro tudo!!! E tanta gente reclama do Brasil ....Bom filme e é quase tudo verdade.


Publicado originalmente no o critico sou eu em 04/11/2005

Beijos e Tiros

EUA, 2005
Direção: Shane Black

Misto de comédia e filme policial, a trama gira em torno de Harry Lockhart (Robert Downey Jr), um ladrão pé-de-chinelo que, fingindo ser ator, é levado até Los Angeles para participar de um teste de elenco incomum. Seus planos, no entanto, acabam não dando certo e ele se vê envolvido numa investigação de assassinato ao lado da garota mais popular de seu tempo de colégio (Michelle Monaghan) e de um detetive (Val Kilmer) que também é seu treinador para o papel.
Um filme agradável de se assistir, que proporciona boas gargalhadas e rir sempre é bom né .... Downey Jr está bem no papel e Val Kimer ... bem, não convence, não que não goste de seu trabalho, mas o personagem dele é gay e não rolou ... eu acho rs. Fora isso, é divertido.



Publicado originalmente no o critico sou eu em 04/11/2005

Atravessando a Ponte - O Som de Istambul


Alemanha/Turquia, 2005
Direção: Faith Akin

Adepto da experimentação, o músico Alexander Hacke, da banda alemã de vanguarda Einstürzende Einstürzende, percorre as ruas de Istambul, tentando captar a riqueza da musicalidade turca. Ele vai da moderna música eletrônica, passando pelo rock e hip-hop, até o clássico “Arabesco”. Alex apresenta as impressões e os sons de artistas e bandas locais, como Babazula, Duman e Replikas até as legendárias divas Müzeyyen Senar and Sezen Aksu. O musical participou do 58º Festival de Cannes (2005).
Pra quem gosta de world music é um prato cheio. Também tem a bela locação, exotismo à flor da pele hehehe. Muito bom! E a música turca é maravilhosa. Que filme legal, daqueles que você sai com sorriso de satisfação.




Publicado originalmente no o critico sou eu em 04/11/2005

quinta-feira, 3 de novembro de 2005

Arroz Demais

China, 2005
Direção: Li Hongqi


De repente, durante uma brincadeira de esconde-esconde com sua mulher, Mao resolve abandonar sua casa. Muda-se para a casa de Xiao Ri, um conhecido, que mora na pequena cidade de Liaocheng.Os dois iniciam uma rotina de estranhos encontros amorosos. Questionando toda a sua vida anterior, Mao procura formar uma espécie de família com o amigo. Mas não há explicações lógicas para o estranho comportamento dos dois homens.
Realmente não há explicações para tal comportamento. Filmado em 16mm pb, o filme é muito parado, mas muito mesmo e certas passagens são inexplicáveis. Porém, analisando os elementos apresentados durante o filme cheguei a conclusão de que estas ações surreais do personagem principal nada mais é que os princípios básicos do budismo. O filme é parado, mas sua cabeça fica mais agitada, porque você tem que ficar desvendando os diálogos, as ações. No fim acabei gostando.




Publicado originalmente no o critico sou eu em 03/11/2005

Frozen

Inglaterra, 2004
Direção: Juliet McKoen

Kath é uma mulher que tenta descobrir a verdade acerca do estranho desaparecimento de sua irmã Annie, ocorrido dois anos antes. Ela rouba um vídeo da polícia que contém os últimos momentos de Annie e descobre algo misterioso. A partir daí, passa a ter estranhas visões da irmã numa paisagem etérea e se convence que ela está tentando alcançá-la. Teria Kath achado uma maneira de se comunicar com o outro lado ou estaria perdendo seu senso de realidade?

Taí mais um filme horrível da Mostra, mas tudo bem, no fim acho que sai no lucro, porque é apenas o 2° filme que acho ruim. História besta, que mexe com o sobrenatural, uma atriz chata com voz chata, cara chata, personagens vazios e o padre que tenta salvá-la, claro, apaixona-se pela chata. Simplesmente uma merda com o perdão da palavra.

Publicado originalmente no o critico sou eu em 11/03/2005

2046

China/França, 2004
Direção: Wong Kar Wai

Ele era um escritor que queria pesquisar sobre o futuro, mesmo que aquilo que procura, na verdade, tenha se perdido no passado. Um misterioso trem transporta-o a 2046. Todos os passageiros desse trem têm a mesma intenção – recuperar a memória perdida. Dizia-se que em 2046 tudo permanecia intocado. Porém ninguém tinha certeza se isso era verdade, pois jamais alguém havia voltado dali, exceto uma pessoa que escolheu sair e mudar. O escritor tem sua chance ao procurar a pista de três mulheres que mudaram sua vida. E 2046 é um ano do calendário, mas também o número de um quarto de hotel, onde amantes se encontram.

Aiaiaiai (suspiro). Este era o filme mais aguardado por mim e acredito por grande parte do público da mostra também. Quando peguei meu ingresso foi uma felicidade só. Depois deste filme o que vier é lucro e a Mostra pode até acabar rs. MARAVILHOSO!!!! A direção, a fotografia, o roteiro, o figurino, tudo tudo perfeito. Tá certo que sou suspeito pra falar do trabalho de Wong Kar Wai, mas o filme é muito bom mesmo. Ano que vem estréia por aqui e pode colocar entre suas prioridades. Garanto que não irá se arrepender. Do mesmo diretor de Amor à Flor da Pele. Quem já assistiu, sabe o que esperar... Lindo!!!!!!!


Publicado originalmente no o critico sou eu em 03/11/2005

Flores Partidas

EUA/França, 2005
Direção: Jim Jarmusch

Don Johnston é um solteirão convicto que enriqueceu trabalhando para a indústria de informática. Depois que é abandonado por sua namorada mais recente, decide ficar só. Mas uma carta de um antigo amor, que não se identifica, chega para informá-lo de que há 19 anos atrás ele se tornou pai. A novidade mergulha Johnston na difícil tarefa de encarar seu passado. Incentivado por seu vizinho etíope, Johnston tenta descobrir qual das quatro mulheres que amou no passado é a mãe de seu filho. Com isso, acaba revendo sua própria vida e tendo uma idéia de como poderia ter vivido e no que que poderia ter se transformado se tivesse escolhido ficar com elas. Em cada um dos quatro encontros, Don se depara com uma modalidade de infelicidade que o faz gradualmente tomar consciência da sua própria.
Mais um show de Bill Murray, ele parece imbatível para estes filmes comédia-drama. Jeffrey Wright também está muito bem como o detetive etíope, fora que ainda tem a maravilhosa Sharon Stone e sua filha Lollita que nos proporcionam as sequências mais engraçadas do filme. Belo filme, bela direção e muito bom roteiro. Rir pra não chorar. Vale a pena.



Publicado originalmente no o critico sou eu em 03/11/2005

Nine Lives

Espanha/Itália, 2004
Direção:Rodrigo Garcia

As experiências individuais de nove mulheres formam um amplo panorama da condição feminina no mundo atual. Sandra (Elpidia Carrillo) está na cadeia e quer desesperadamente manter contato com a filha. Diana (Robin Wright Penn) não consegue libertar-se das lembranças de um relacionamento que abandonou no passado, procurando criar uma vida nova. Holly (Lisa Gay Hamilton) não consegue levar sua vida adiante por conta de um trauma causado pelo padrasto. Lorna (Amy Brenneman) tenta confortar seu ex-marido, cuja mulher se suicidou e acaba ela mesma implicada na morte trágica. Maggie (Glenn Close) coloca sua vida sempre em segundo plano por causa de sua jovem filha.

Uma constelação de estrelas femininas em um filme de baixo orçamento, tudo pela arte. 9 mulheres, 9 vidas, 9 histórias de seus dramas. Histórias que eventualmente se cruzam sem estarem necessariamente interligadas. Histórias da vida ainda dão os melhores roteiros em minha opinião. Filme justo pelas condições.


Publicado originalmente no o critico sou eu em 03/11/2005

O Azarão

Dinamarca/Islândia 2005
Direção:Dagur Kári

Daniel é um jovem grafiteiro que vive em Copenhague e ganha a vida pichando declarações de amor sob encomenda nos muros da cidade. Às margens do sistema e incapaz de lidar com o mundo adulto, é o estereótipo do fracassado. Atolado em dívidas, vive sendo perseguido por credores e também pela polícia. Mesmo assim, leva uma vida despreocupada. As coisas começam a mudar quando se apaixona loucamente pela inconseqüente Franc, uma jovem atendente de padaria. Ele declara seu amor à moça e a convida para morar em seu apartamento. O problema é que seu melhor amigo, Gradpa, também se apaixona por Franc. E Gradpa é o oposto de Daniel: responsável, educado, estudioso e com uma vida pautada por regras.

Não fazia a menor questão de ver este filme, como tinha que fazer hora para a próxima sessão, resolvi assistí-lo, porque não. E eis que acho mais um tesouro, é tão bom descobrir um filme. Que bela surpresa este O Azarão, filmado em 16mm pb, o filme surpreende. O personagem que se auto intitula vovô rouba a cena, muito bom, muito engraçado. Nada como pessoas criativas, pq este filme sim, foi realizado com orçamento muito baixo. Viva o cinema guerrilla!!!!! Ótimo.

Publicado originalmente no o critico sou eu em 03/11/2005

quinta-feira, 27 de outubro de 2005

Habana Blues



Espanha/Cuba/França, 2005
Direção: Benito Zambrano

Ruy e Tito são dois amigos músicos que sonham atingir o sucesso em Cuba. Tito é casado com Caridad, tem dois filhos com ela, mas seu casamento há muito já chegou ao fim. Ele é mais um hóspede do que um marido no apartamento, onde dorme num quarto separado da mulher. Tito mora com a avó. Os dois músicos insistem em sua arte, mas o que ganham, com apresentações produzidas a muito custo com outros instrumentistas, mal dá para comer. Um dia, descobrem que chegaram a Cuba dois produtores espanhóis que desejam revelar novos talentos e levá-los para a Europa. Ruy e Tito investem toda a sua energia para agarrar esta que parece ser a maior chance de sua vida.

Mais um filme que mostra as belezas e o martírio de seus habitantes desta ilha muito peculiar: Cuba. Músicos talentosos ficam entre aceitar um contrato desumano com produtores europeus ou lutar por seus direitos. Um prato cheio para quem gosta de música, Cuba e cinema. Entretenimento puro. Muito bom.

Querida Wendy



Dinamarca/Alemanha/Inglaterra/França, 2004
Direção: Thomas Vinterbeg

Dick é um jovem solitário que vive numa cidadezinha triste e desolada, chamada Estherslope. Filho de um mineiro de carvão, ele se recusa a seguir o comportamento machão da maioria, tornando-se pacifista. Ainda assim, fica estranhamente fascinado quando encontra, por acaso, um pequeno revólver, que ele batiza com um nome de mulher, ‘Wendy’. Com a ajuda de um amigo, convence outros jovens marginalizados da cidade a formar um clube secreto chamado “Os Dandies”, cuja exótica filosofia une o pacifismo e a paixão pelas armas. A regra número um do clube é nunca sacar uma arma. O equilíbrio é rompido quando Dick, a contragosto e por pressão do xerife, torna-se guardião de um jovem delinqüente – que demonstra bem mais intimidade com sua arma do que toda sua turma.

Belo filme de Thomas Vinterbeg e roteiro de Lars Von Trier, a turma do Dogma esta com tudo na Mostra. Querida Wendy chega até a lembrar "Sociedade Dos Poetas Mortos", nos enconros dos Dandies. Mas a verdade é uma só: Arma é uma merda e infelizmente nossa população insiste no erro dando a vitória do NÃO no referendo. Uma pena ou seria, uma vergonha?!