sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Oscar 2009



É verdade, ninguém mais leva o Oscar a sério. É verdade também, que a Academia vem tentando mudar esta imagem de retrógrada e regionalista. Vide a invasão de diretores latinos que a Academia "aceitou" nas últimas edições e indicações à produções independentes, que aliás, dominam o Oscar deste ano.

Ok, também concordo que o Oscar está longe de ser o Festival de maior credibilidade, mas é o mais popular, aquele que sempre nos fez ficar acordados até a madrugada de Segunda-Feira, muitas vezes fazendo apostas com amigos, com direito a prêmios ao vencedor do Bolão Cinematográfico.

Não se preocupe, eu assumo esse mico por vocês. Não acredite quando aquele crítico torce o nariz para esta cerimônia, achando-se superior aos demais seres vivos. Pode ter certeza, de que por mais chato que seja o cinéfilo, no fatídico Domingo, ele vai estar acordado e ligadão na tv. Pode negar de pé junto que eu não vou acreditar hahaha.

E este ano temos o casal " BranJolie" com fortes chances de fazerem uma dobradinha em família. Temos ainda Sean Penn, que sempre aparece muito forte, ainda mais fazendo o papel de um político gay. Kate Winslet promete brigar forte pela estatueta e tem grandes chances.Temos as barbadas Heath Ledger e Wall-E. Mas estou torcendo mesmo é para Mickey Rourke e seu "The Wrestler". Daqui alguns dias publicarei minha listinha de apostas.

Agora é começar a maratona para acompanhar a premiação, chamar os amigos, preparar a pipoca e os drinks e organizar o bolão. Diversão pura gente!

Melhor filme:

- “Quem quer ser um milionário?”
- “Frost/Nixon”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Milk - A voz da liberdade”
- “The reader”

Melhor diretor:

- Danny Boyle - “Quem quer ser um milionário?”
- Ron Howard - “Frost/Nixon”
- David Fincher - “O curioso caso de Benjamin Button”
- Gus Van Sant - “Milk - A voz da liberdade”
- Stephen Daldry - "The reader"

Melhor ator:
- Mickey Rourke - “The wrestler”
- Sean Penn “Milk - A voz da liberdade”
- Frank Langella “Frost/Nixon”
- Brad Pitt - "O curioso caso de Benjamin Button"
- Richard Jenkins - "The visitor
Melhor atriz:

- Meryl Streep – “Doubt”
- Kate Winslet – “The reader”
- Anne Hathaway – “O casamento de Rachel”
- Angelina Jolie – “A troca”
- Melissa Leo - "Frozen river"
Melhor ator coadjuvante:

- Heath Ledger - “Batman – O cavaleiro das trevas”
- Josh Brolin - "Milk - A voz da liberdade"
- Robert Downey Jr. - "Trovão tropical"
- Philip Seymour Hoffman - "Doubt"
- Michael Shannon - "Revolutionary road"

Melhor atriz coadjuvante:

- Amy Adams - "Doubt"
- Penélope Cruz - "Vicky Cristina Barcelona"
- Viola Davis - "Doubt"
- Taraji P. Henson - "O curioso caso de Benjamin Button"
- Marisa Tomei - "The wrestler"
Melhor longa de animação:

- “Wall.E”
- “Kung Fu Panda”
- “Bolt – Supercão”

Melhor filme em língua estrangeira:

- "Revanche", de Gotz Spielmann (Áustria)
- "The class", de Laurent Cantet (França)
- "The Baader Meinhof Complex", de Uli Edel (Alemanha)
- "Waltz with Bashir", de Ari Folman (Israel)
- "Departures", de Yojiro Takita (Japão)

Melhor roteiro original:

- “Frozen river” - “Na mira do chefe”
- “Wall.E”
- “Milk – A voz da liberdade”
- “Happy-go-lucky”

Melhor roteiro adaptado:

- “O caso curioso de Benjamin Button”
- “Doubt”
- “Frost/Nixon”
- “The reader”
- “Quem quer ser um milionário?”

Melhor direção de arte:

- “A troca”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “A duquesa”
- “Revolutionary road”
Melhor fotografia:

- “A troca”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “The reader”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Quem quer ser um milionário?”

Melhor mixagem de som:
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Quem quer ser um milionário?”
- “Wall.E”
- “Procurado”
Melhor edição de som:
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Homem de Ferro”
- “Wall.E”
- “Procurado”
- “Quem quer ser um milionário?”

Melhor trilha sonora original:
- Alexandre Desplat - “O curioso caso de Benjamin Button”
- James Newton Howard – “Defiance”
- Danny Elfman – “Milk – A voz da liberdade”
- Thomas Newman – “Wall.E”
- A.R. Rahman – “Quem quer ser um milionário?”

Melhor canção original:

- “Down to Earth”, de Peter Gabriel and Thomas Newman - “Wall.E”
- “Jai Ho” de A.R. Rahman – “Quem quer ser um milionário?”
- “O Saya”, de A.R. Rahman e Maya Arulpragasam – “Quem quer ser um milionário?”

Melhor figurino:

- “Austrália”
- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “A duquesa”
- “Milk – A voz da liberdade”
- “Revolutionary road”

Melhor documentário de longa-metragem:

- “The betrayal”
- “Encounters at the end of the world”
- “The garden”
- “Man on wire”
- “Trouble the water”

Melhor documentário de curta-metragem:

- “The conscience of Nhem En”
- “The final inch” - “Smile Pinki”
- “The witness - From the balcony of room 306”

Melhor edição:

- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- “Frost/Nixon”
- “Milk – A voz da liberdade”
- “Quem quer ser um milionário?”

Melhores efeitos especiais:
- “Batman - O cavaleiro das trevas”
- “Homem de Ferro”
- “O curioso caso de Benjamin Button”

Melhor maquiagem:

- “O curioso caso de Benjamin Button”
- “Batman – O cavaleiro das trevas”
- "Hellboy II – O exército dourado”

Melhor animação de curta-metragem:

- “La maison en petits cubes”
- “Lavatory - Lovestory”
- “Oktapodi” - “Presto” - “This Way Up”

Melhor curta-metragem:

- “Auf der strecke (On the Line)”
- “Manon on the asphalt”
- “New Boy”
- “The Pig”
- “Spielzeugland (Toyland)”
Agora que o Blog está mais democrático, com espaço para todas as manifestações artistícas, abro espaço para uma outra paixão deste Cinemadicto que vos escreve: A Poesia.

E para começar o ano com pé direito, nada melhor do que dois belos poemas de dois mestres das letras: Primeiro, Ferreira Gullar, com um trecho de "Marinheiro" do livro "Um Pouco Acima do Chão" de 1949.

O 2° poema é "Deste Modo ou Daquele Modo" de Alberto Caeiro, um dos heterônimos do mestre Fernando Pessoa, poema este que de certa maneira, diz muito sobre a minha própria pessoa. Deleitem-se.

Marinheiro - trecho

" Tudo que é triste,
tudo que é bom,
tudo que é belo,
tudo que existe,
tudo que sonhas
poder olhar;
todas as cousas
estão no mar:

barcos fantasmas,
velhas galeras
jazem tristonhas
sobre as areias,
dormindo cheias
de ouro e de prata;
por suas salas
passeiam peixes
entre piratas,
- homens-fantasmas-
que, embebedados,
cantam cantigas
e bebem rum;

tristes escunas
de velas rotas,
mastros quebrados
só de acenar
para a lembrança
do último porto
- tristes escunas
de casco roto
só de chorar!...

(e o marinheiro
ouvia absorto)

"Tudo que é morto
vive no mar!...

Crianças mortas
de olho de pérola
boquinha de âmbar,
como a sonhar,
arrumam búzios,
conchas, estrelas,
pedrinhas brancas
cor de luar.

Deusas formosas
de claros braços,
cabelos de algas,
ventre de espuma,
líquido olhar
- dançam frementes,
bulindo os seios,
gingando o ventre
para Netuno
se deleitar.

Vênus perfeitas
como a de Milo,
que não desejam
sair do mar ...

Ferreira Gullar
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Deste Modo ou Daquele Modo

Deste modo ou daquele modo.
Conforme calha ou não calha.
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma cousa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma cousa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora.

Procuro dizer o que sinto
Sem pensar em que o sinto.
Procuro encostar as palavras à idéia
E não precisar dum corredor
Do pensamento para as palavras

Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.

Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.

E assim escrevo, querendo sentir a Natureza,
nem sequer como um homem,
Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
E assim escrevo, ora bem ora mal,
Ora acertando com o que quero dizer ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.

Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio.

Isto sinto e isto escrevo
Perfeitamente sabedor e sem que não veja
Que são cinco horas do amanhecer
E que o sol, que ainda não mostrou a cabeça
Por cima do muro do horizonte,
Ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedos
Agarrando o cimo do muro
Do horizonte cheio de montes baixos.

Alberto Caeiro