segunda-feira, 19 de março de 2012

A INVENÇÃO DE HUGO CABRET

EUA, 2011
Direção: Martin Scorsese

O mestre Scorsese presta uma emocionante e belíssima homenagem a Sétima Arte. Com pitadas autobiográficas (a história do garotinho Hugo é muito semelhante a de Martin), Scorsese conta a história do pioneiro e entusiasta dos efeitos especiais no Cinema Georges Méliès, interpretado aqui pelo ótimo e eterno Ghandi, Ben Kingsley.

Hugo é um jovem órfão que vive escondido após a morte do pai, em uma imponente estação de trem. Lá ele mantém o relógio da estação trabalhando e mantém também os velhos sonhos do pai, que lhe passou a paixão pelo cinema, além de tentar desvendar um mistério deixado pelo mesmo, onde acredita que haverá uma mensagem para ele quando finalmente desvendar o enigma.

Hugo é solitário e vive de pequenos furtos na própria estação para sobreviver, além de roubar peças para relógio de um velho comerciante. Numa dessas ele é pego e começa a trabalhar para ele, para não ser denunciado para o inspetor da estação, interpretado por Sasha Baron Cohen, aquele de "Borat".

Com o tempo, é revelado que o rabugento comerciante é nada mais nada meno que Georgés Méliès. E descobrimos o porque de tanta amargura.

Méliès estava na platéia que assistiu a primeira projeção de um filme na história feita pelos irmãos Lumière em 1895. O filme era simplesmente um trem chegando a estação, onde a platéia chegou a abaixar-se com a aproximação do trem na tela achando que seriam atingidos. Sem dúvida um momento mágico que despertou em Méliès paixão ao primeiro frame.

Após o episódio, foi atrás de uma câmara para chamar de sua e quando conseguiu, filmou sem parar e construiu o primeiro estúdio cinematográfico da Europa. Chegou a filmar mais de 500 filmes que divertiam adultos e crianças, sempre inventando novas técnicas e trucagens. Antes da paixão pelo cinema, Méliès era ilusionista e transpôs isso para a telona.

Um de seus maiores sucessos foi o famoso "Viagem à Lua". Mas daí veio a famigerada Guerra e seus filmes já não eram mais tão vistos. Ele foi caindo no ostracismo e esquecimento. Perdeu praticamente tudo e teve que vender seus filmes que foram transformados em matéria prima para fazer sapatos.

Durante muito tempo acreditou-se que nada havia restado para contar a história, nem mesmo Méliès que foi dado como morto após a Guerra, mas felizmente nem tudo se perdeu. Descobriu-se que ainda haviam filmes seus perdidos por aí, e após descobrirem que Méliès estava vivo, foi organizada uma grande festividade para exibição dos mesmos, resgatando assim, sua vida e obra.

Trata-se de uma linda homenagem ao Cinema feita por um mestre da arte. Arrisco dizer, que é o "Cinema Paradiso" americano. Quem aprecia a arte irá se emocionar com várias passagens.

O elenco é maravilhoso, as crianças estão perfeitas e Ben Kingsley dispensa comentários. Confesso que de início não gostei do personagem de Sasha Baron Cohen, mas com o tempo, até ele entra no contexto. Os cenários, figurinos, enfim, toda direção de arte é magistral e a direção de Martin impecável, aliás, o Oscar de direção cairia muito bem para ele.

Se você é apaixonado pelo Cinema, não pode perder este belo filme. E se tiver oportunidade, assista em 3D, pois ele foi feito para abusar da técnica e o que já é belo, torna-se mágico com os óculos.

Além do trailer, postarei aqui o filme "Viagem à Lua" (restaurado) de Méliès que inspirou esta obra-prima de Martin. Lindo!