sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Feliz 2006

É isso aí queridos amigos leitores. Mais um ano se vai. 2005 foi lindo e 2006 será melhor ainda. Desejo a todos muita felicidade e força para perseguirem seus sonhos, que é o que realmente importa. 2006 é nosso!!!!

" Ir ao cinema é ficar perto do esquecimento, levado pela esperança de transformação. Ninguém vai ao cinema para se tornar mais sensível, experiente e culto, ainda que pense estar fazendo isso. Todos querem ser arrebatados para a terra de um milagre inexorável. Entram no cinema ainda escuro, como num lugar em que se pode contar com a ocorrência de um excesso."
Frank Bocklemann
Retirado do livro, " Kafka vai ao Cinema".
Postado originalmente no O Crítico Sou Eu em 23/12/2005.

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Marcas da Violência


EUA/Alemanha, 2005
Direção: David Cronenberg

Este novo filme de Cronenberg é bem diferente de tudo o que ele já fez. O fantástico, o surreal não estão presentes de forma explícita como em outros trabalhos seus.
O personagem de Viggo Mortensen, o Aragon de Senhor dos Anéis, vira herói local ao matar dois bandidos que tentaram assaltar e torturar as pessoas em seu restaurante, só que, imaginava-se que Mortensen era um homem pacífico e incapaz de empunhar uma arma de fogo.


Eis que de repente ele vira um ninja e atirador de elite no instinto natural de sobrevivência, dotes que ninguém na cidade, nem sequer sua família imaginavam que ele possuísse.
Fica famoso, aparece na tv, jornalistas o pertubam e seu
estaurante volta a ter movimento.

Que azar. Seu passado começa a vir à tona quando Ed Harris entra em seu restaurante chamando-o pelo verdadeiro nome e clamando por justiça.

Durante algum tempo você fica na dúvida se ele (Mortensen) esta escondendo algo ou não. Afinal de contas, ele não poderia ser um assassino profissional vivendo no estilo da tradicional família doriana americana? Poderia.

As visitas de Harris começam a tornar-se constantes e sua mulher e seu filho mais velho começam a desconfiar. Mortensen está paróico, pois seu passado está atrás dele. E mais uma vez ele tem que demonstrar todo seu talento para aniquilar os inimigos de outrora. Já não dá mais pra esconder. Ele não é quem dizia ser. Uma vez ferrado, ele arrisca tudo e parte para um ajuste de contas.
Embora não seja um típico filme do Cronenberg, alguns elementos de sua cinematografia estão sim presentes, o deboche e a paranóia são alguns. O deboche no sexo violento, na forma de matar, nas falas de Mortensen e a sequência final do jantar, tensão pura, muito bem dirigida.

Não é o melhor dele, mas mesmo assim, ainda está muito acima da média. Cronenberg é ironia!













Postado originalmente no O Crítico Sou Eu em 13/12/2005.

terça-feira, 6 de dezembro de 2005

O Fim e o Princípio



Brasil, 2005
Direção: Eduardo Coutinho


No início do filme Coutinho narra: Não existe projeto. Não existe roteiro, tampouco pesquisa prévia.

Coutinho leva sua equipe reduzidíssima de 7 pessoas e parte rumo ao interior da Paraíba a procura de histórias. Nas redondezas de São João do Rio do Peixe, encontra várias pessoas com muito a dizer sobre amor, religião, vida e principalmente, morte.

Por acaso os personagens mais interessantes são idosos e daí a idéia espontânea de O Fim e o Princípio. Leocádio por exemplo, um dos meus personagens preferidos chega a questionar Coutinho, sendo um dos únicos letrados de todos os entrevistados, ele trava um diálogo que chega a deixar Coutinho sem jeito, ao perguntar sobre sua crença em Deus.

São pessoas simples e humildes que nos proporcionam minutos deliciosos de sabedoria popular instintiva. Não há filosofia, não há psicanálise e é tudo isso que provoca o espetáculo deste documentário.
Outro personagem, Chico Moisés é daqueles que como ele mesmo diz: " Acredito no que vejo com os olhos e pego com as mãos". O único problema do filme é a dicção de alguns entrevistados, mas com um pouco de esforço isso passa quase despercebido.
O filme acaba com a promessa de Coutinho: " Daqui um ano voltarei para mostrar o filme." A sessão ocorreu na semana passada, infelizmente Leocádio não pode acompanhar pois falecera alguns meses após as filmagens.

Trata-se de um documentário maravilhoso, simples e verdadeiro, como só Coutinho consegue fazer, talvez na busca do anti-cinema.

O que dizer de um homem que realiza 5 documentários depois dos 65 anos? Esse sim, merecedor de destaque a muito tempo no cenário do cinema mundial. Muito bom. Não perca este e outros filmes que encontram-se nas locadoras. Coutinho é mestre!









Postado no O Critico Sou Eu em 06/12/2005.

O Coronel e o Lobisomem



Brasil, 2005
Direção: Mauricio Farias


Mais uma produção da Natasha Filmes, só que desta vez o casamento Paula Lavigne, Guel arraes, Caetano Veloso e cia não chegou a decolar. Não é pra menos, trata-se de um filme medíocre e chato, muito chato.

Para se ter uma idéia, as únicas coisas que se salvam são a locação na maravilhosa Fernado de Noronha e a presença da beleza de Ana Paula Arósio. Para não ser injusto, Pedro Paulo Rangel está muito bem no papel de escudeiro do coronel, fora isso, o filme é um lixo.
Ponciano ( Diogo Vilela) herda a fazenda cheia de dívidas. Consegue reerguê-la, mas sempre aceitando os negócios esdrúxulos de Pernambuco Nogueira (Selton Mello), que casara com Esmeraldina (Arósio), Ponciano perde tudo novamente e a fazenda entra em decadência.

Ponciano aceita a administração de Nogueira para ficar próximo de Esmeraldina, sua eterna paixão. Esta por sua vez, aproveita ao máximo o fascínio que exerce sobre Ponciano, que faz todas suas vontades sem pensar racionalmente. Ponciano envelhece e enlouquece e sua luta agora é contra o Lobisomem, que diga-se de passagem, nunca vi Lobisomem mais tosco ... E a onça pintada então ..... Chega a ser ridículo.


Não li o romance original, mas com certeza, destruiram o livro. Em tratando-se de adaptações literárias , isso é até comum, mas CREDO, desta vez exageraram.


Não vou perder mais tempo. E você também não perca o seu, tem muito filme bom em cartaz e finalmente, entramos na era das produções lixo, com a diferença de que ainda não temos uma indústria cinematográfica para nos darmos este luxo. Uma vergonha.














Publicado no O Critico Sou Eu em 06/12/2005.