sexta-feira, 25 de junho de 2010

KICK ASS

EUA, 2010
Direção: Matthew Vaughn
Estudante nerd/geek, seja qual for a definição, cansado de ser rejeitado e injustiçado resolve virar super herói, mesmo não possuindo nenhuma super habilidade.
E quem nunca sonhou em ser super herói quando criança? Tá certo que o personagem já estava meio velho para tal desejo, mas como disse no início, o cara é um nerd.
A primeira hora do filme é um horror. Cheia de clichês típicos das piores comédias estudantis americanas. Masturbação na internet, sonhos eróticos com a professora, rejeições por parte das gatas da escola ... Enfim, esta tudo lá na horrenda primeira parte.
Quando entra em cena a garotinha Hit-Girl, o filme dá uma melhoradinha. Ela é uma comédia e gracinhaaaa, como diria a velha loira da tv. Seu pai, é interpretado por Nicolas Cage no papel de Big Daddy, um ex-policial que quer se vingar do ladrão que acabou com sua vida. Para tal, ele veste-se com uma fantasia que lembra um Batman tosquíssimo e parte pra cima dos bandidões, super caricatos também por sinal.
O filme ainda conta com a presença de mais um herói de araque, Red Mist, interpretado pelo bom Christopher Mintz-Plasse. Esse garoto tem futuro na comédia.
Os personagens adolescentes tem algo em comum: São fãs de quadrinhos. Também sou e talvez por isso tenha tido vontade de conferir este filme. O filme aliás, lembra muito a linguagem dos comics. Diria que trata-se de uma mistura do universo dos quadrinhos com o mundo dos games. A banalização da violência aqui é incrível. Sangue pra tudo que é lado, matanças mil como se fosse a coisa mais normal do mundo. Em dado momento parece que você está dentro de um game na pele da Hit Girl detonando todos os bandidos.
Apesar de tudo, é preciso dar um desconto. Claramente o filme é voltado para o público infantil (apesar da violência) e adolescente. Super heróis, videogame, youtube, tudo relacionado ao universo teen atual está la. Acho que eu que estou fora de contexto rs. Queria dar boas risadas, só isso.
Se você já passou dos 30, como viram, não é grande coisa. Mas se é mais novo, talvez divirta-se mais do que eu.
Tá certo, eu sabia que não podia esperar muito mesmo, nem era esta a proposta do filme. Dá para dar algumas risadas, a parte final até que é boa, mas sinceramente, pode esperar para ver na sua casinha.

terça-feira, 22 de junho de 2010

SE EU PUDESSE ...

Se eu pudesse trincar a terra toda
e sentir-lhe um paladar,
seria mais feliz um momento…
Mas eu nem sempre quero ser feliz,
é preciso ser de vez em quando infeliz
para se poder ser natural…

Nem tudo é dias de sol,
e a chuva, quando falta muito, pede-se
- Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
naturalmente, como quem não estranha
que haja montanhas e planícies
e que haja rochedos e erva…

O que é preciso é ser natural e calmo
na felicidade ou na infelicidade,
sentir como quem olha,
pensar como quem anda,
e quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
e que o poente é belo e é bela a noite que fica…
Assim é e assim seja…

Alberto Caeiro

quinta-feira, 17 de junho de 2010

INVICTUS

EUA, 2009
Direção: Clint Eastwood

Em tempos de Copa do Mundo, conhecer um pouco mais da história do país anfitrião é sempre interessante. Principalmente quando o protagonista desta história chama-se Nelson Mandela, um ícone universal e símbolo de luta e justiça. Não a toa, vencedor do Nobel da Paz.
O filme conta a história de um episódio real, a final do Campeonato Mundial de Rugby sediada na África do Sul no ano de 1995, que foi genialmente utilizado por Mandela para tentar criar uma nação unida pós dominação do Apartheid.
Após mais de 30 anos enclausurado, Mandela é libertado e eleito presidente da África do Sul. Para a nação significa a hora da vingança contra a minoria branca, mas para Mandela, significa a oportunidade mor de tentar unificar seu país, independente de seu passado e triste história. Todo horror de outrora deve ficar para trás. Incrível acreditar como após mais de 30 anos de prisão, ele sai de lá pronto para perdoar todos que o humilharam.
O episódio por si só já emociona, na mão de Clint então, todas as artimanhas de seu cinemão são utilizadas para atingir o espectador mais durão. Sim, você vai se emocionar. Até porta da esperança emocionava. Comparação bizarra para deixar bem claro que a comoção não necessariamente vem acompanhada de qualidade cinematográfica. Clint usa e abusa do clichês, das frases de efeito e do slow motion. É até covardia. Morgan Freeman no papel do homem está ok. Matt Damon no papel de capitão do time e homem de Mandela em campo também esta bem, mas nada demais, achei até exagerada a indicação ao Oscar, aliás, para os dois, mas enfim ...
O que vale mesmo aqui é conhecer um pouco mais dessa figura admirável que é Mandela, tá certo que poderia ter sido menos adocicado, mas o homem merece todas as homenagens.
A reprodução do jogo histórico envolta em drama dura pelo menos 1/3 do filme. Parece que nunca vai terminar. Legal mesmo, é a exótica e famosa dança tribal do time desafiante All-Blacks.
Mas é isso ai, Clint chegou a um patamar que não precisa preocupar-se com o a opinião dos outros, alguns vão criticar, mas a maioria com certeza irá gostar. Bom programa para assitir no conforto de sua casa, mas falando de cinema, nada que você já não tenha visto quando o assunto é esporte, superação e volta por cima.


quarta-feira, 9 de junho de 2010

O MENSAGEIRO


EUA, 2009
Direção:
Oren Moverman

Début de Moverman na direção, roteirista do ótimo Não Estou Lá, "O Mensageiro" narra a história de dois oficiais do exército americano que possuem uma tarefa um tanto indigesta: Informar a morte de soldados na Guerra do Iraque para seus familiares mais próximos.
Os oficiais são interpretados por Ben Foster e Woody Harrelson respectivamente, sendo que este último recebeu a indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante pelo papel. Muito merecido diga-se de passagem.
Foster interpreta o novato na missão e Harrelson o veterano que lhe explica todas as manhas e regras sobre o trabalho. Regras essas que no decorrer do filme, veremos que são impossíveis de serem seguidas, afinal, é praticamente impossível saber como cada pessoa irá reagir a uma notícia tão trágica.
Com excelentes participações de Steve Buscemi e Samantha Morton, pode-se dizer que trata-se de um filme de atores. Esta última por sinal, é fundamental para o desfecho da trama que muda seu percurso na segunda metade da película. Foster vai muito bem como o soldado perturbado que sente prazer em executar sua nova missão. Não que ele seja um sujeito mau, mas ver o sofrimento daquelas pessoas ao receberem a notícia, parece fortalecê-lo de alguma maneira. Harrelson dispensa comentários e seu personagem encontra no de Foster o parceiro ideal não só para o trabalho, mas para sua solidão. Ele encontra um amigo.
O filme porém não escapa de certo clichês do gênero, como por exemplo as pertubações psicológicas dos soldados que enfrentam uma guerra. Talvez seja difícil mesmo escapar dos tais clichês para tratar do tema. Com certeza, não é um trabalho nada fácil, tampouco recomendado.
O filme teve pouco destaque por aqui, mas com certeza vale a pena confêri-lo no conforto de sua casa, principalmente pelas ótimas atuações.






ONDE VIVEM OS MONSTROS

EUA, 2009
Direção: Spike Jonze
Em "Onde Vivem os Monstros", Spike Jonze, diretor dos ótimos "Adaptação" e "Quero Ser John Malkovich", nos apresenta sua versão cinematográfica para o clássico livro de mesmo nome escrito em 1963 pelo americano Maurice Sendak.
O livro conta a simples história de Max, garotinho rebelde e solitário que após ficar de castigo embarca no seu mundo de fantasias rodeado por monstros cheios de simbolismos. Na terra dos monstros, Max é escolhido Rei, com a difícil missão de estabelecer a alegria e espantar a tristeza do reino.
Pode-se dizer que cada monstro representa um sentimento da criança Max. A angústia, a raiva, a felicidade e a decepção. Max aprende com seus monstros a difícil arte de conviver. Como podemos descer do céu ao inferno em questão de segundos e como lidar com as quedas. Descobre que reinar exige enorme responsabilidade e como é complicado conseguir agradar a todos seus súditos.
Nessa história recheada de arquétipos, Max vira a "mãe" dos monstros. Assim, ele sente na pele o sofrimento que causa a sua própria mãe com seu comportamento rebelde e mimado e na volta para casa, passa a valorizá-la.
A pergunta era: Como transformar um livro de 40 páginas em um longa? Jonze fez o que dava pra fazer, encheu linguiça. É notável a maneira como o filme se arrasta minutos à fio com cenas que poderiam durar 1/3 do tempo normal. Com certeza um curta seria muito melhor.
A trilha é uma graça e os personagens contam com vozes de peso como James Gandolfini, Paul Dano, Chris Cooper e Forest Whitaker no papel do monstro que possui o temperamento mais próximo de Max.
Resumo da ópera: Todos têmos nossos monstros e sabemos que muitas vezes leva muito mais que 2 horas para exterminá-los. O filme no entanto poderia ter uma hora a menos.


segunda-feira, 7 de junho de 2010

BESOURO

Brasil, 2009
Direção: João Daniel Tikhomiroff

Muito alarde foi feito em torno de "Besouro". Infelizmente, muito barulho por nada.
O assunto por si só chama a atenção, mas a história foi deixada de lado na ânsia de querer realizar algo próximo do gosto de Hollywood. Chegou até a ser anunciado como o "O Tigre e o Dragão" tupiniquim, em decorrência da semelhança plástica de suas lutas coreografadas.
A capoeira, o candomblé e os orixás são o tema de "Besouro". Mas esse rico e instigante universo ficou em segundo plano. Tudo é apresentado muito vagamente, como se estivesse sendo explicado para o gringo. Quis ser Hollywood e esqueceu do público brasileiro, detentor do patrimônio onde o filme foi buscar referências. Serviu de alguma coisa? Pois bem, o filme não foi bem por aqui e lá ...
Após a Lei Áurea ser assinada, os negros ainda sofrem preconceito explícito. São maltratados e humilhados pelo branco. Mas Besouro, o protagonista mestre de capoeira é um rebelde e após o assassinato de seu mestre, busca vingança e redenção para sua raça.
Tecnicamente, realmente o filme é um primor. A fotografia bela. Enfim, trata-se de uma superprodução, mas o roteiro ... Fraco demais. Careta demais. Seguiu a risca a cartilha hollywoodiana e seu deu mal. Quis ser "O Tigre e o Dragão" e ficou praticamente no limbo ao deixar essa riqueza cultural do tema em segundo plano.
Pra dizer que nada se salva, têmos no elenco o excelente Irandhir Santos e a participação de Pupillo, da Nação Zumbi, na trilha. E é o que resta deste filme que poderia voar muito alto como seu protagonista. Contudo, ao importar-se mais com efeitos e belas coreografias voadoras do que em apresentar nossa rica história, o filme não decolou.

ZUMBILÂNDIA


EUA, 2009
Direção: Ruben Fleischer

Sim, eu tenho meu lado "trash". Na infância cagava de medo do monstro Freddy Krueger e sua camisa listrada. Do Jason do lago e dos bizarros hellraizers. Mais tarde fiz um trabalho de faculdade sobre o Cinema Trash e dissequei clássicos do gênero como "A Noite dos Mortos Vivos", "Re-Animator", "Fome Animal", filmes de Ed Wood, considerado o pior diretor de todos os tempos que teve sua vida filmada por Tim Burton. Trasheiras nacionais do mestre Zé do Caixão e do sul do país como o terrível "O Monstro Legume do Espaço". Mais trash impossível. Hoje dou muita risada com estes besteróis. Longe de ser meu gênero preferido, mas às vezes, simplesmente quero dar risada.
"Zumbilândia" é uma verdadeira homenagem ao Trash Movie. Litros de sangue na tela, nojento ao extremo e uma grande queda para a comédia. O famoso terrir. Um vírus mortal espalhou-se pelo mundo transformando todos em zumbis horrendos e palermas como sempre são filmados. Restaram apenas 4 sobreviventes que tentam dia após dia, manter-se vivos no mundo morto.
O filme em ritmo de video-game mostra dicas de como sobreviver em "Zumbilândia". Estar bem fisicamente, nunca bancar o herói, ter um amigo protetor e psico e estar sempre alerta, seja no banheiro ou em uma casa de strip. Conselhos que se pararmos pra pensar, servem muito bem para nossa sociedade atual onde todos querem passar por cima de todos. Em tempos de antropofagia, prudência pouca é bobagem. Somente os mais fortes sobreviverão. É o que costumam dizer.
Têmos então o nerd inteligente, o psico com alma de criança e nada na cabeça, a criança que teve que amadurecer rapidamente e a garota sexy, que só esta lá para dar um desfecho para a história do nerd. Esse, com certeza o maior pecado do filme. Trash que se preza não dá espaço para final feliz.
Jesse Eisenberg, o nerd, vai muito bem. Woody Harrelson, ótimo como sempre, traz uma pontinha do psicopata do clássico, "Assassinos por Natureza". Abigail Breslin, a "Pequena Miss Sunshine", cresceu, mas continua bonitinha e angelical, ao contrário da mini adulta Dakota Fanning. E a garota sexy, bem, essa não precisa comentar. Ela é bonita e nada mais.
"Zumbilândia" é um verdadeiro samba do crioulo doido. Uma mistura de "South Park" com qualquer game sanguinário, como GTA, onde exterminar zumbis ridículos vira pura diversão. Comédia + sangue = Terrir. Mas como disse, ele peca por querer colocar um pouco de moral e perseverança quando a essência do roteiro é ser totalmente politicamente incorreto. Pelo bem ou pelo mal, parece que fez sucesso, pois a sequência já tem data para estrear.
Não quer pensar e apenas dar risada sem compromisso? "Zumbilândia" pode ser uma opção.