sábado, 18 de novembro de 2006

Estamira



Brasil, 2004
Direção: Marcos Prado

Há tempos estava para conferir este belíssimo trabalho do Marcos e ele vem resistindo bravamente na pequena sala do Espaço Unibanco 5. Ainda está lá e você não deve perder.

Estamira é uma mulher esquizofrênica que trabalha no lixão de Gramacho no Rio de Janeiro. Descoberta por acaso pelo diretor, revelou-se um personagem complexo que mistura momentos de sobriedade, muitas vezes filosóficas e inteligentes com outros de verdadeira loucura.

Na primeira parte do filme conhecemos a Estamira de hoje, como vive, o que faz e o que pensa. Quando já estamos pré julgando a personagem, seu passado vem à tona e começamos a obter as respostas pelo presente da personagem. Vemos que Estamira já teve um marido, um emprego decente e sonhos. Compreendemos sua verdadeira ojeriza para com "Deus", sim ela odeia Deus, que parece ter abandonado-a.

Apesar da imagem contrastante, ela é carinhosa com seus netos. É duro ver ela catando lixo e dizendo que aquilo vai dar uma bela macarronada, dá um nó por dentro e um sentimento de revolta. O diretor poderia ter explorado o personagem de maneira trágica, mas o documentário passa longe da pieguice e mantém um tom muito sóbrio e poético em alguns momentos. A fotografia está ótima e a utilização do P&B, não poderia ser melhor para apresentar o lixão e o universo de Estamira.

Ela é o filme. Uma mulher forte que comeu o pão que o Diabo amassou e que nunca pediu nada a ninguém. Os filhos a chamam de louca e talvez realmente o seja ou talvez esteja fingindo. Por que não? Se você não for esperto ao contrário, talvez concorde que no mundo de hoje, é melhor fingir de louco para manter a sanidade. Ótimo filme.





Pequena Miss Sunshine


EUA, 2006
Direção: Jonathan Dayton e Valerie Faris

Com certeza uma das comédias do ano. Programa para toda família, difícil alguém não se divertir com este filme. Fui vê-lo assim que acabou a Mostra de Cinema de São Paulo. Era o começo da repescagem e estava aquela loucura de filas e sessões esgotadas, normal , mas após 2 semanas seguidas, este sábado foi o dia em que resolvi descansar. Consequentemente você fica procurando títulos que tenham a ver com a Mostra, porque sinceramente, é muito difícil retornar ao circuito comercial. Enfim, aproveitei para ver "Pequena Miss Sunshine" e de quebra fui conferir o tão fresco Cinemark Iguatemi, sala muita boa por sinal, mas o público ....

"Miss Sunshine" conta a história de uma linda menininha que tem o sonho de ser Miss. Ela começa com concursos infantis, bizarros concursos infantis que só existem por lá. Um dia ela é chamada para substituir uma candidata em um concurso em outra cidade e convence toda a família a levá-la. Mas como, se a família é durona? De kombi oras. A kombi é um personagem à parte dessa excêntrica família.

Um avô que por causa da idade avançada já perdeu a moral, um irmão que fez voto de silêncio, um pai que dá palestras de como ser um líder, mas ele mesmo é um loser e um tio homossexual que tentou se matar. Ótimo não? Eu achei. A, tem a mãe também, mas ela é muito normal .... A única aliás rs. Durante a viagem tudo acontece e eles aproveitam para limpar a roupa suja, afinal, eles tem que atravessar o país. Comédia, comédia comédia. Muitos risos o aguardam. A direção é muito boa, principalmente com a pequena protagonista que dá um show. Os outros atores já são rodados e muito competentes e o roteiro é ótimo, não tem erro.

Embora seja tudo bom, o melhor do filme é o tom de escracho com que os diretores mostram estes concursos americanos. Que povo bizarro!!!! Eu morei lá por 3 anos e me impressiono até hoje. Estes concursos realmente existem e os pais fazem loucuras para ver suas filhas com idade média de 8 anos, isso mesmo 8!!! sairem vitoriosas. Algumas parecem verdadeiras bonecas de cêra e fazem poses sexies com cabelos à la Bon Jovi dos anos 80, como se fossem pequenas adultas. Resumindo, um prato cheio para pedófilos, bizarrice ao cubo. Em um país onde prostituição é crime, isso mesmo, se te pegarem em um hotel com uma meretriz, você vai em cana, a estimulação deste tipo de concurso nos mostra onde está o moralismo americano, ou seja, no lixo. O filme é ótimo mas o povo ....





Acabou!



Pois é queridos leitores e amantes da Mostra, acabou. Após 3 semanas imersas no cinema e mais de 50 filmes vistos, é necessário retomar a vida e lembrar-se de que existe uma rotina, talvez por isso eu tenha deixado o Blog desatualizado nas últimas 2 semanas, desculpe. Estava me recompondo. Indo ao cinema claro, mas voltando a média normal de 1 por semana ao invés dos 3 e ás vezes até 4 filmes em um dia.

Como sempre conheci pessoas maravilhosas, fizemos contatos e até vislumbramos projetos. Descobrimos nossos tesouros que talvez com muita sorte algum dia tenhamos oportunidade de revê-los. Foi ótimo como sempre e já não vejo a hora de conferir o que nos aguarda para 2007. Quem sabe não terei eu mesmo um filme na próxima Mostra. Vai saber .... Valeu gente e obrigado aos novos leitores, espero que continuem comigo e enviem suas críticas. Muitos beijos, abraços e nos encontramos na sala escura!!!

terça-feira, 7 de novembro de 2006

A Última Bomba Atômica




EUA, 2005
Direção: Robert Richter

No dia 9 de agosto de 1945 , o bombardeiro B-29 sobrevoou várias vezes a cidade de Nagasaki antes de uma abertura nas nuvens permitir que uma bomba de 4.500 kg e potência equivalente a 22 mil toneladas de TNT fosse lançada. Menos de 30 segundos após a explosão, cerca de 39 mil pessoas haviam morrido. Os que não morreram no instante da explosão foram vitimados posteriormente pela radiação e tiveram mortes dolorosas e lentas. Mesmo hoje, os que sobreviveram ainda sofrem os efeitos da contaminação. O documentário traça o perfil desses sobreviventes e mostra a luta dos estudantes universitários de hoje em não permitir que a história caia no esquecimento. Partindo da conexão entre os poucos ainda vivos, passando pela controversa decisão dos EUA em usar a bomba, até chegar ao acúmulo de armas nucleares durante a Guerra Fria, a produção traça um panorama atual da proliferação no mundo das armas de destruição em massa.

O tema é super importante. Em eu sendo parte da colônia, faço questão que nunca seja esquecido. Somente por isso o filme já cumpriu o seu papel. Em tratando-se do quesito cinema, derrapa bastante. O filme é chato. Existem inúmeras maneiras de filmar um documentário e a que o diretor escolheu para "A Útima " não foi o ideal no meu ponto de vista para um tema pesado como esse. Mas vale pelo esforço dos ativistas e sobreviventes documentados para que a bomba nunca seja esquecida e nunca mais pessoas inocentes morram pela vaidade de outros que julgam-se superiores.

O Último Bandoneón



Argentina, 2005
Direção: Alejandro Saderman

Marina Gayoto é uma jovem tocadora de bandoneón, que ganha a vida se apresentando em bares e nos subterrâneos do metrô. A grande oportunidade de sua vida surge quando se inscreve numa audição convocada pelo maestro Rodolfo Mederos para formar sua nova orquestra. Mas o instrumento está bastante deteriorado, e o próprio Mederos sugere a necessidade de ela conseguir um novo bandoneón à altura do compromisso. Marina, então, empreende uma impetuosa busca ao mítico Doble A, o Stradivarius dos bandoneóns. Sua caçada converte-se numa travessia pelos tradicionais bailes da cidade, onde encontra veteranos maestros de tango e descobre as velhas glórias do histórico instrumento.

Lindo filme. Roteiro maravilhoso e um documentário que vai muito além da já manjada fórmula entrevistas e depoimentos. As vezes você esquece que trata-se de um documentário. O filme flui suavemente e rapidamente, e se não fosse o problema com o projetor no ápice do filme, teriam sido as 2 horas mais agradáveis do meu dia .... Acabou sendo de qualquer jeito, mas não precisava desta mancada. Desagradável. Lembra o clássico "Buena Vista" em alguns momentos. Para amantes da música e do Cinema. Sai da sessão com vontade de aprender mais um instrumento. E a história da Marina é sensacional. Além da aula de dança. Lindo, suave , comovente ..... Grande filme, merecedor dos aplausos que recebeu.

Um Mundo Maravilhoso




México, 2006
Direção: Luis Estrada

Sátira social narrada como conto de fadas. Era uma vez um homem chamado Juan Pérez. Um enorme mal-entendido leva Juan, o mais pobre entre os pobres, a ganhar o título de herói nacional por armar um suposto protesto contra a miséria e a condição precária de vida. O ato causa uma tremenda comoção pública, e Juan vê sua vida sofrer uma reviravolta quando o próprio ministro da Economia resolve conceder-lhe casa, carro e emprego. Mas o gesto do político provoca uma onda nacional de tentativas oportunistas de suicídio e faz com que o governo declare a pobreza um crime. Assim, Juan perde tudo e amarga três anos na cadeia. Mas agora ele está decidido a fazer qualquer coisa para voltar a ser rico. Damián Alcázar é ator de Las Vueltas del Citrillo e de Só Deus Sabe, também exibidos na 30ª Mostra.
Confesso que esperava mais. Trata-se de um conto de fadas com um toque de humor negro e ácido. A crítica está super presente e talvez por isso mesmo, seja filmado como se fosse um filme americano. A mensagem é ótima, os atores também, mas o filme não chega a empolgar, porque é previsível. A direção de arte e fotografia também super cuidadas, figurino.... Enfim, tecnicamente, impecável, mas previsível. Talvez se o assunto tratado não fosse tão familiar e presente em nossos cotidianos, minha opinião teria sido diferente ou talvez eu esteja sendo muito exigente porque o filme anterior foi excelente. Saberei disso amanhã, mas normalmente, fica a primeira impressão.

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Zona de Conflito




EUA, 2006
Direção: Ronit Avni, Julia Bacha

Um colono israelita, um ex-prisioneiro palestino, uma mãe israelita em luto, um irmão palestino em luto: estas quatro figuras reais arriscam suas vidas e suas posições públicas com o intuito de promover um movimento que ponha fim ao sangrento conflito Israel/Palestina. Nessa jornada, eles irão a lugares desconhecidos, confrontando-se com o ódio em cada comunidade.
Mais uma obra que trata da eterna guerra. Guerra que já foi filmada de todas as maneiras. Zona de Conflito é um bom trabalho. Alguns personagens são muito bons, outros, não mostram porque estão no filme. O assunto é polêmico e gera muita discussão. Pode acontecer a paz, existem pessoas de ambos os lados que querem coexistir. Realmente, como diz um dos palestinos, é preciso ser um pouco louco pra conseguir viver no mundo de hoje ...

Nossa, Eu Filmei Isso!




EUA, 2006
Direção: Nathanael Hornblower

O registro do show, em outubro de 2004, do grupo Beastie Boys no Madison Square Garden, em Nova York. Os produtores do filme deram câmeras hi-8 a cinqüenta fãs que foram incumbidos de fazer um registro inovador do show da banda. Além do material produzido por eles, uma equipe profissional cuidou de gravar tudo da forma tradicional. No processo de edição, o desafio foi provocar um diálogo entre as duas formas de captação. Na apresentação, os Beastie Boys, que estavam divulgando "To the 5 Boroughs", o sexto álbum de estúdio da banda, fizeram uma releitura de sua carreira, mesclando músicas novas e antigas como "Intergalactic", "Hello Nasty" , "Paul Revere" e "License to Ill".
Deixemos bem claro que não se trata de cinema. É a gravação de um show realizada de maneira original. Para quem gosta de música e dos rapazes de New York of course, é um programa imperdível. Edição poderia ser melhor, mas tem seus bons momentos, poucos, mas tem. Como eu gosto bastante de música e também gosto dos Beastie Boys, eu curti. O show é ótimo, já o cinema ... não existe.

domingo, 5 de novembro de 2006

Amu




EUA/India, 2005
Direção: Shonali Bose

Kaju, uma indiana de 21 anos, que mora nos Estados Unidos desde os três, retorna à Índia para visitar sua família e conhecer o lugar em que nasceu. Ela encontra Kabir, um estudante pertencente à classe social superior, cuja família desdenha a ingenuidade de Kaju em querer descobrir uma “Índia real”. Sem recuar, Kaju visita favelas, mercados abarrotados de pessoas e cafés à beira da estrada de Nova Deli. Numa favela, ela tem uma estranha sensação de dèjá vu. Logo depois, passa a ter pesadelos. Quando Kabir descobre que Kaju foi adotada, ele entende sua personalidade misteriosa. Ao mesmo tempo, a mãe adotiva e solteira de Kaju, Keya Roy, ativista social em Los Angeles, chega sem avisar a Nova Deli. Ela fica chocada ao descobrir que Kaju tem visitado favelas. Mas mãe e filha descobrirão que suas famílias envolveram-se numa tragédia ocorrida há vinte anos na capital da Índia: o massacre de milhares de pessoas de fé sikh, religião fundada em fins do século XV. Essa revelação afetará o presente das duas mulheres
Este filme foi um dos favoritos do público, logo, fiquei curioso. Infelizmente saí decepcionado, e como tinha que ir ao Bombril para outra sessão, até saí uns minutinhos antes. O filme dá uma melhorada na última 1/2 hora, mas não chega a salvá-lo. Filme da menina que foi adotada e foi morar em outro país, de 1° mundo, civilizado , e depois volta em busca das raízes. Clichês, clichês. Quando a história da Índia entra, contando sobre o massacre de 82, acho que é isso, o filme melhora, mas demora muito. Impossível não comparar com o excelente " Hotel Ruanda", e é aí que "Amu" some totalmente. Achei fraco. E vc?

Go Etxebeste!




Espanha, 2005
Direção: Asier Altuna, Telmo Esnal

A família Etxebeste anunciou orgulhosa para todos os vizinhos que passaria as férias em Marbella, um balneário espanhol. O problema é que, no dia da viagem, descobrem que estão duros, sem nenhum tostão para empreender o já famigerado passeio. Mas também não podem voltar atrás. Afinal, o que diriam seus vizinhos? Decididos a manter a farsa, arrumam as malas, embarcam no carro, despedem-se de todos e pegam a estrada. À meia-noite, porém, regressam silenciosamente com um plano na cabeça: passar as férias trancados em casa, enquanto todos crêem que estão em Marbella.

Ótima comédia. Inteligente, com ótimos atores que incorporaram de maneira excelente seus personagens, trilha perfeita (a tuba é um personagem à parte), enfim, diversão garantida e satisfação de dinheiro bem gasto. Rir é sempre bom e "Go Etxebeste!" nos proporciona muuuuitas risadas, além da mensagem incoporada: - Não ligue para aparências, não se preocupe com o que o outro irá pensar ou falar. Seja você! Muito bom!

Honor de Cavalleria




Espanha, 2006
Direção: Albert Serra

Adaptação livre do clássico Don Quixote. É uma abstração em cima do cavaleiro da triste figura e de seu fiel escudeiro. A dupla vaga por campos espanhóis, aparentemente sem destino, em busca de aventuras. Pouco se falam e, quando o fazem, pouco revelam de si mesmos. Ao longo da jornada, cruzam o caminho de outros personagens, mas, mesmo nestas situações, não se desenvolve nenhuma trama. O diretor optou pela não-construção dos personagens dentro de uma trama, apostando numa proposta de visualidade e som.
Trata-se realmente de uma adaptação livre, livríiiiissima!!! Confesso que dei umas piscadas. A abstração da sinopse é total e o filme depois de 110 minutos não chega a nenhum lugar. Não gostei não. Mas teve gente que gostou bastante, entonces... Confira você mesmo quando tiver oportunidade.

sábado, 4 de novembro de 2006

O Código Da Vinci



EUA, 2006
Direção: Ron Howard


Desde o grande sucesso do livro, vinha-se especulando muito sobre a adaptação para um filme. Este tinha tudo para ser o mais novo fenômeno de Hollywood: enredo riquíssimo, instigante, atores excepcionais, fotografia marcante dos mais belos centros históricos da Europa....mas, infelizmente, o filme não correspondeu a tudo isto.

Como em qualquer adaptação de best-seller para a telona, O Código Da Vinci não foge a regra de não superar as expectativas de quem já leu o livro. Li o livro e isso é um fator relevante a ser dito antes de começar a análise do filme. Não sou fã incondicional da obra; apenas acho-a interessante o suficiente para prender a atenção dos leitores, com os enigmas muito bem descritos e detalhadamente resolvidos. A trama policial é apenas o pano de fundo para que toda a aula de história da arte, mesmo que inverossímil, aconteça.

Robert Langdon é um famoso simbologista que está em Paris para uma palestra e acaba convocado a comparecer ao Museu do Louvre após o assassinato do curador Jacque Saunière. Antes de morrer, Saunière deixa uma série de pistas e símbolos a serem decifrados. Para fazê-lo Langdon conta com a ajuda de Sophie Neveu, criptógrada da polícia e neta do curador do Louvre. Juntos tentam desvendar o mistério guardado por uma organização secreta chamada Priorado de Sião, da qual Saunière era membro.

A principal interessada no segredo é uma facção conservadora da Igreja Católica, que se chama Opus Dei e é comandada pelo Bispo Aringarosa. Este conta com a ajuda do monge Silas para conseguir seu intuito. A dupla foge para a mansão de Leigh Teabing. Conhecido por ser um estudioso e caçador do Santo Graal, ele também entra na trama e ajuda os fugitivos a ir de avião até a Inglaterra.

Toda a história passa por momentos de fugas, intrigas, mentiras e mortes até descobrir o que há por trás das pinturas que pode colocar em xeque a fé dos católicos.

A trama é movida não pelos personagens, mas pela busca de soluções para os enigmas, decifração de códigos e uma manifestação de conhecimento histórico. São elementos que funcionam maravilhosamente no livro, mas que freiam a ação na tela grande. Quem rouba a cena mesmo é Sir. Ian McKellen que interpreta com maestria o amigo de Langdon, Sir. Leigh Teabing. A direção de Ron Howard tem como um dos principais pontos positivos o fato de ter conseguido rodar nos locais citados nos livros. O único local em que a produção não conseguiu filmar foi na Abadia de Wetminster.

Confesso que esperava mais do filme. Uma coisa é adaptar, outra é modificar. O filme, com cara de blockbuster, faz isso e de forma infeliz. Faltam seqüências que deixam o filme com mais cara de “arte”, se assim podemos dizer. Para quem leu o livro faltou informação e para que não leu o livro tinha muita informação! De qualquer forma, interessante seria se o público tivesse seus olhos voltados para a Europa e sua rica história. Só isso já vale o ingresso.....

Viviane Kawakami








sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Melhores e Piores da 30° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Meus Melhores e Piores da Mostra:

MELHORES


1 - " Coisas que o Sol Esconde " - repescagem :
03/11sexta-feira22:30
Cine Bombril Sala 2


2 - " Mundo Novo "


3 - " A Grande Final "


4 - " Fora do Jogo "


5 - " 12:08 A Leste de Bucareste " - repescagem:
03/11sexta-feira22:30
Cine Bombril Sala 2


6 - " O Violino " - repescagem:
09/11quinta-feira19:10
Cine Bombril Sala 1


7 - " A Vida Real Esta Em Outro Lugar "


8 - " Hamaca Paraguaya "


PIORES


1 - " O Sussuro Dos Deuses "


2- " As Tentações do Irmão Sebastião "


3 - " Corações Desertos "


4 - " Sonhos de Peixe "


5 - " Lucido "


6 - " Komma "


7 - " Voltando ao Passado "

30° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo




Caros amigos, é chegado o fim. Com muito pesar anúncio o fim deste evento que já faz parte do coração de milhares de paulistanos ávidos e apaixonados por cinema. Todos unidos por um único objetivo: O amor à Sétima Arte. Um ambiente agradável, onde você faz amizades e conhece personagens incríveis. Para profissionais da área, não há coisa melhor. Discussões, debates, network na veia. E já temos novo encontro marcado, Outubro de 2007 lá estaremos novamente para apreciar essa que é umas das mais belas e respeitadas formas de arte. O Cinema. Até lá e não deixem de conferir as dicas da repescagem. Quem sabe não nos encontramos semana que vem. Valeu Cakoff. Vamos aos filmes do último dia.

Voltando ao Passado




EUA, 2006
Direção: Lynn Shelton

Kate, uma esforçada atriz de uma pequena companhia teatral, consegue seu primeiro papel principal no dia em que completa 23 anos. Ao reler, legremente, sua questionadora carta de aniversário escrita aos 13 anos, parece que Kate alcançou todas suas aspirações de infância. Mas a carta desperta estranhas reações nela, e isto passa a interferir no trabalho. De início, ela ouve sua voz aos 13 anos; com o tempo, começa a presenciar rápidas aparições de si mesma quando pré-adolescente. Essa inusitada “sombra” não quer abandoná-la. Como a atriz se dobra sempre à vontade daqueles que a rodeiam, os protestos da adolescente em seu interior crescem de forma incisiva. A garota de 13 anos confronta-se, então, com a Kate adulta. De forma poética e surreal, o filme explora a tragicomédia desse corajoso confronto.

Mais uma decepção. Roteiro horrível, direção fraca que consequentemente afetou as atuações, ou a atuação, já que se trata de um filme de uma personagem só. A idéia até é interessante, mas o desenvolvimento dela foi pífio. Resolvi assistir à este filme para garantir lugar na próxima sessão. Ao menos para isso ele serviu. Vago, não prende a atenção, pelo contrário, daqueles que ou você dorme ou fica ansioso para que acabe. O tiozão da minha frente tava pescando que era uma coisa. Horror.

Três Mães





Israel, 2006
Direção: Dina Svi-Riklis


Rose, Flora e Yasmin nasceram na Alexandria, Egito, em 1942. Atualmente em Israel, elas dividem um apartamento em que não há homens nem crianças. Elas vivem entre segredos e mentiras e buscam a redenção em Rachel, única filha de Rose. As três contam para ela a história de suas vidas, as memórias, sacrifícios e traições. Ao fim dessa jornada, elas retornarão à Alexandria.

O melhor filme do dia. Aliás, os filmes israelenses foram os que mais gostei nesta Mostra, além de "3 Mães" , o meu preferido deste ano "As Coisas que o Sol Esconde" que eu fui conferir duas vezes, afinal, sabe-se lá quando terei a oportunidade de revê-lo, se é que a terei. Você ainda pode conferir pois ele estará na repescagem. Em "3 Mães" podemos conferir ótimas atuações das atrizes principais, direção e roteiro muito bons, além da sensacional trilha sonora com canções regionais que a personagem Rose nos proporciona. Belo filme.

Mezcal




México, 2005
Direção: Ignácio Ortiz

Personagens diferentes unidos pelo desamor, a dor e o sofrimento se encontram pelo denominador comum que os une, simbolizado pelo mezcal, um destilado popular tipicamente mexicano como a tequila. O mezcal é bebido para aliviar a dor da alma e está sempre presente nas histórias que se cruzam: na mãe que vela a morte de seu filho, na senhora que deseja encontrar a morte e aliviar sua velhice e solidão, no bêbado de casamento fracassado, na sua ex-esposa que rememora a infância e a saudade do pai, no homem que teve de matar o primo na juventude e é atormentado pela culpa, no homem que tem de cavar o túmulo de outros homens e defende a idéia de que os urubus e não os vermes deveriam decompor os mortos, e nos foliões que brindam a mesmice e o tédio de suas vidas com risadas entorpecidas.

Mezcal é psicodélico, uma viagem sem explicações. Com certeza o diretor é fã de David Linch. Loucura, loucura, mas por ser o último filme do dia, com atraso de 1/2 hora, foi pesado e difícil aguentar. A fotografia é ótima, com ângulos inusitados e uma cor amarelada que remete aos filmes antigos dos anos 70. O roteiro apesar de surreal, não é de todo ruim, mas não me agradou.

30° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo


É isso aí gente. O fim está próximo e a saudade já começa a bater, mas ainda resta um dia. Vamos aos filmes de hoje:

Serras Da Desordem




Brasil, 2006
Direção: Andrea Tonacci

Carapirú é um índio nômade que, após ter seu grupo familiar massacrado num ataque surpresa de fazendeiros, consegue escapar e viver, durante 10 anos, perambulando pelas serras do Brasil central. Capturado em novembro de 1988, a dois mil quilômetros de distância de seu ponto de partida, é levado pelo sertanista Sydney Possuelo para Brasília. Sua história ganha as páginas dos jornais, gerando polêmica entre historiadores e antropólogos em relação à sua origem e identidade. É identificado como um Guajá por um índio intérprete, órfão de 18 anos, que havia sido resgatado, há 10 anos, pelo próprio sertanista, dos maus tratos de um fazendeiro. Mais uma surpresa do destino: os dois índios reconhecem-se como pai e filho, sobreviventes do massacre de 10 anos antes, ambos acreditando-se mortos. O elenco é formado pelas próprias pessoas que viveram os fatos.

De longe o melhor filme nacional que eu pude conferir na Mostra. Mistura de ficção e documentário. Bem interessante a utilização de vários formatos como HI 8, DV e 35 mm. Roteiro ótimo e super original com um protagonista que cativa a audiência, além dos coadjuvantes que o auxiliaram e do sertanista Sydney Possuelo que sempre realizou um grande trabalho frente nossos índios. Talvez peque por ser muito minimalista e um pouco longo, mas isso não chega a incomodar. Ótimo trabalho de pesquisa também com raras imagens de arquivo. Muito bom.

Teerã Não Tem Mais Romãs




Irã, 2006
Direção: Massoud Bakhshi

Teerã é uma vila perto da cidade de Rei, cheia de jardins e árvores frutíferas. Seus habitantes vivem em abrigos, semelhantes a buracos no chão. Os vários bairros da vila estão constantemente em guerra. A principal ocupação da população é o roubo e o crime, apesar disso o Rei finge que eles são subordinados a ele. Eles cultivam excelente fruta, notadamente belíssima romã, que é encontrada somente em Teerã.

Documentário bonitinho mas ordinário. Tem lá suas piadinhas clichês e nada mais. Quer dizer, a equipe que está filmando faz parte do filme, ou seja, é um filme dentro do filme, mostrando em alguns momentos o que rola nos bastidores da filmagem, o que eu achei legal, mas isso também não é novidade alguma. Em alguns momentos lembra o clássico curta nacional "Ilha das Flores", mas passa longe em termos de qualidade e originalidade.

The Bridge




EUA, 2006
Direção: Eric Steel

A ponte Golden Gate, que atravessa a baía de San Francisco, é um dos mais importantes pontos turísticos dos Estados Unidos. Mas é também o lugar que registra o maior índice de suicídios do mundo. Durante o ano de 2004, o diretor registrou, dia após dia, a rotina nefasta desse cartão-postal. Além do movimento de carros, pedestres e turistas, ele filmou mais de vinte suicídios. O documentário flagra pessoas que sobem no parapeito da ponte e se atiram. O diretor vai então atrás de depoimentos de familiares e amigos dos suicidas para tentar entender seus motivos. O filme abriu o debate sobre a colocação de grades anti-suicídio na ponte.

Ótimo documentário. Tenso, prende a atenção. Chega a ser bizarro, porque você fica imaginando como o diretor teve o sangue frio de ficar esperando as pessoas saltarem para a morte, parece até que ele estava torcendo: - Pula, pula!!! Não sou favorável a seu método, não sou daqueles que afirmam que pela arte tudo é válido. Prefiro pensar que ele captou as imagens acidentalmente, claro que não foi, mas é melhor assim, porque o filme é ótimo.

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

30° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo



Poxa, hoje não dei sorte. Não consegui entrada para " Still Life", então fui tentar " Little Red Flowers" no Bombril, também nada e " Anche Libero Va Bene" também nada. Tudo lotado, que coisa chata ......... Então acabei vendo " Dia Noite" e " Summer Palace". Ficou um buraco que não pôde ser preenchido devido as lotações e pela primeira sessão ter atrasado 20 minutos, e quem frequenta sabe que atrasos são mortais. Enfim, conheci o Seu José nesse intervalo. Um sr de 70 anos que é uma verdadeira enciclopédia ambulante do cinema. Que figura, super simpático. A conversa com ele passou tão rápido que quando vi já estavamos entrando. É, a Mostra tem dessas coisas e o ambiente favorece. Faça contatos, conheça pessoas que tem a mesma paixão que você. Interaja. Vale a pena e outra dessa, somente no ano que vem.