Este é o curta que filmei com colegas e que passou no SAUDOSO Programa Zoom da TV Cultura do dia 23/09/06. Foi uma verdadeira ação entre amigos. Eu já tinha o roteiro e escalei Deborah Morabia e Fabiano, vulgo, o goido para me ajudarem. O goido de ator e a Dé de assistente de direção. Mas como o goido é estrela, acabamos fazendo com o Marça, que revelou-se um tremendo ator. Foi uma tarde de domingão super divertida brincando de fazer cinema. O resultado você assiste agora. Espero que goste.
O que você faria se descobrisse que lhe restam apenas 3 meses de vida? AAA que coisa mais batida você pode estar pensando neste momento e foi exatamente o que eu pensei quando li a sinopse, com um pequeno porém: Ozon dirigiu um dos filmes de que mais gostei recentemente: - " Amor em 5 Tempos ", já comentado neste Blog. Ou seja, sua carreira vem em uma crescente visível e comprovada e ainda tem o inóspito " The Swimming Pool ".
Filmes que contam a história de pessoas à beira da morte não faltam, mas a maneira como é contada que importa, e isso Ozon faz muito bem em " O Tempo que Resta ", a ponto de você ficar revoltado com o personagem.
" O Tempo que Resta " conta a história de um fotógrafo homossexual que descobre ser portador de um câncer raro e que tem no máximo 3 meses de vida sem tratamento. Desacreditado dos benefícios que o mesmo traria, decide aguardar a morte a sua maneira.
A comparação imediata é com o clássico " Invasões Barbáras ", onde o personagem principal reúne os amigos para compartilhar seus últimos suspiros. Inclusive, assim que saí do cinema, fui alugar este filme para ver os dois lados da moeda. Qual o outro lado? Pois bem, na história de Ozon, o personagem condenado faz exatamente o oposto do personagem de " Invasões ", ou seja, toma um chá de sumiço, começa a maltratar todos com quem convive e isola-se para morrer sozinho. O personagem de Ozon tem somente 31 anos! UM ANO a mais que eu!!! Morrer com 31? ...
É muito fácil julgar a pessoa e achar que ele esta fazendo tudo errado, mas o que você faria? Eu tentaria o tratamento até saber que fiz tudo que podia ter sido feito e morreria em paz.
Realmente, trata-se do filme mais maduro de Ozon. Ele não é daqueles diretores franceses minimalistas que gostam de mostrar as cenas em tempo real, um plano, 10 minutos, sem cortes, nãaaaaooo. Realiza uma direção concisa, encorpada, sabe o que quer e como transmitir suas idéias ao público.
A reação do personagem chega a ser revoltante, mas compreensível, dependendo do ponto de vista. Inclusive eu, talvez fosse pelo mesmo caminho. No auge da sua vida profissional e amorosa, você descobrir que tudo está com os dias contados ... Não gostaria que as pessoas sentissem pena de mim, não gostaria que meus pais soubessem por antecipação o que é perder um filho. Egoísmo? Talvez, mas muito discutível.
Enfim, o filme nos proporciona momentos lindos como a sequência dele com sua avó, a única que não foi poupada da verdade e outros muito tristes, pesados. Um filme completo, para ser visto, revisto e matutado ... bastante.
