domingo, 2 de junho de 2013

AMOR


Direção: Michael Haneke
Áustria, 2012

Muito comentou-se sobre o último filme de Haneke. Foi dito que tratava-se de um filme diferente do diretor, conhecido pela violência como cerne de sua cinematografia. A violência de Haneke não é tão explícita como a de Tarantino, não se vê sangue jorrando na tela. Sua violência é basicamente social, sobre a maldade do ser humano.
 
Vencedor da Palma de Ouro em Cannes de 2012 e do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2013, "Amor", apesar do nome está longe de ser um romance. Foi dito que a violência de Haneke não está presente em "Amor".  Discordo e explicarei porque.
 
O filme conta a história presente do casal de músicos aposentados Georges e Anne.
 
Os dois devem ter por volta dos 80 anos e possuem uma filha ausente interpretada por Isabelle Huppert. Um dia Anne sofre um ataque. O Alzheimer instala-se na residência. E é aí que começa a violência de Haneke em "Amor". A violência da velhice.
 
 
A saúde de Anne piora gradativamente e consequentemente, o amor de Georges é colocado em cheque.
 
A chegada da velhice é muito violenta e por inúmeras vezes cruel e triste. Haneke explora isso ao máximo no filme.
 
Georges então já não faz mais nada a não ser dedicar-se à tentar recuperar a sanidade da esposa, mas nada surte efeito.
 
Trata-se de um filme de ator. O casal protagonista interpretado por Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintgnant está soberbo, escoltados pela mão segura de Haneke. Fazer com que a estrela Isabelle Huppert saia apagada de um filme é coisa rara. Pois é isso o que acontece aqui.
 
O filme é seco e cortante durante quase todo seu decorrer, mas sua lúdica conclusão somente a magia da sétima arte pode proporcionar.
 
O filme acaba na tela, mas permanece na cabeça por dias. O amor de Georges por Anne e vice-versa é maravilhoso e belo, mas a violência de Haneke, com certeza está embutida nesse amor. Magistralmente cruel. Incrivelmente belo.