quinta-feira, 12 de julho de 2007

Baixio Das Bestas


Brasil, 2007
Direção: Claudio Assis

Assis já assumiu que chegou para chocar. Sua obsessão pelo submundo verdadeiro e polêmico fica mais uma vez evidente em Baixio. Após a excelente estréia como diretor com "Amarelo Manga", Assis mais uma vez provoca com a realidade cruel de sua lente no nervoso "Baixio das Bestas".

Em um minúsculo povoado do interior de Pernambuco, Assis apresenta um leque de personagens e histórias que de tão fortes chegamos a duvidar que tais fatos e pessoas podem ocorrer e existir. Um avô que explora a neta de 16 anos, mostrando sua nudez para quem pagar. Um grupo de jovens vândalos e perdidos que só fazem fumar maconha, cheirar e bater em prostitutas. (Qualquer semelhança não é mera coincidência).

Como contra-peso podemos encontrar os personagens do Maracatu, que nos trazem momentos de frescor mediante tamanha brutalidade, embora metafóricamente, eles tenham participado da morte do velho escroto que explora a neta.

Os atores estão muito bem dirigidos, mas não chega a ser um trabalho excepcional, com excessão do ator que faz o avô, porque você realmente sai do cinema com nojo do velho. O personagem de Matheus Nachtergaele na minha visão não encaixou como o diretor pretendia. Ele é uma espécie de mentor dos jovens aloprados. Tá certo que suas falas com tom profetizante são bem interessantes, mas ainda acho que ele é desnessário. Seu papel poderia ter sido interpretado muito bem pelo próprio Caio Blat que é uma espécie de Alter Ego do personagem de Matheus.

Aliás, o personagem de Blat, não poderia cair melhor para ilustrar os fatos ocorridos no Rio de Janeiro, onde jovens endinheirados surram pessoas inocentes por diversão. Ele faz o playboy inconsequente e irresponsável que só pensa em causar e quer a comida no prato quando chega em casa, não respeita a mãe, que cega, trata o filho como uma criança inocente.

A bela revelação de "O Céu de Suely", Hermila Guedes só aparece pra apanhar, coitada, e o grande papel feminino, fica para a performance de Dira Paes, poderia ser da garota explorada, mas ela só existe pra mostrar o avô escroto.

A fotografia do mestre Walter Carvalho está excelente. As cenas dos homens observando a garota nua não poderia estar melhor fotografada, nos trazendo a sensação de proibido e sombrio que a cena pede. E o final com a água da chuva caindo, casa perfeitamente com o texto metafórico. Lindas imagens.

Assis nos oferece o que ele faz de melhor: Dissecar as aberrações bizarras do ser humano e seu comportamento. Escroto não é Assis mostrar isso na tela grande, escroto sim, é você sair do cinema com a certeza de que aquilo está longe de ser ficção, e essa conclusão, não poderia ser mais dolorida.

Crú e verdadeiro sim, sem nenhuma maquiagem e totalmente necessário.





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resmunga ai