sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Hanami - Cerejeiras em Flor

Apenas Trudi sabe que seu marido Rudi está sofrendo de uma doença terminal e ela precisa decidir se vai contar a ele ou não. O médico sugere que eles façam algo juntos, como realizar um velho sonho. Trudi decide não contar ao marido sobre a gravidade de sua doença e aceita o conselho do médico. Ela há muito tempo gostaria de ir ao Japão, mas primeiramente convence Rudi a visitar seus filhos e netos em Berlim. Quando chega na cidade, o casal percebe que os filhos estão tão ocupados com suas próprias vidas que não têm tempo para sair com eles. Na segunda viagem que Rudi aceita fazer com a esposa, ela morre repentinamente. Rudi fica devastado e não tem a menor idéia do que fazer. Através do contato com a amiga de sua filha, Rudi compreende que o amor de Trudi por ele havia feito com que ela deixasse de lado a vida que queria viver. Ele começa a vê-la com outros olhos e promete compensar sua vida perdida embarcando em uma última jornada, para o Japão, na época do festival das cerejeiras, uma celebração da beleza, da impermanência e de um novo começo.

Alemanha, 2008
Direção: Doris Dörrie

Muito se comentou sobre este filme nos bastidores da Mostra. Todos com quem eu conversava e que haviam visto diziam que era lindo, que eu não poderia perdê-lo na repescagem. Criou-se uma expectativa de minha parte e lá fui eu hoje conferir Hanami.
Hanami é o nome da festa que se dá no Japão para celebrar o desabrochar das flores de cerejeira que duram somente uma semana. No filme tem a função de ligar a festa à mulher de Rudi que filosofa sobre efemérides.
A primeira parte do filme não me cativou. Demorei para ser conquistado por ele, fato ocorrido também com meu amigo Daniel.
Na primeira parte os protagonistas descobrem que já não conhecem mais seus filhos e que os mesmos já não têm mais tempo disponível para eles. Eles sentem que são um peso para os rebentos ingratos.
O excesso de imagens bucólicas como patos, o mar, o poste de luz e alguns "slowmotions" à la Wong-Kar-Wai chegaram a me irritar. Para mim soava como algo forçado, mas na segunda parte do filme tudo começa a se encaixar.
Para mim o filme ganhou muito com a entrada da personagem "Yu". Uma japonesinha linda que enxerga o mundo de outra maneira e que Rudi conhece por acaso em um parque. A aproximação dos dois é instantânea e natural. Os momentos que Rudi pensou em passar com seu filho, foram transferidos para a doce "Yu".
O filme trata de dois assuntos específicos. Primeiro, que não devemos deixar para depois o que podemos fazer hoje. Depois que morre, não adianta ficar arrependido e pensar no que poderia ter feito de diferente. O "se" não existe. Seize the day pode ser um velho clichê, mas é sábio. Se não fosse assim, o tempo presente não teria este nome não é mesmo? Por isso decidi que amanhã irei almoçar com minha mãe.
O segundo assunto, trata sobre tentarmos sermos nós mesmos e nos livrarmos das amarras, da jaula que nos impede de realizar e buscar nossos sonhos e vontades, por mais absurdas que possam ser. Quando Rudi conhece "Yu", ele começa a entender que a vida é muito mais do que simplesmente acordar, trabalhar e dormir. Solta suas amarras e se libera de qualquer pudor para realizar o sonho de sua mulher que ele não permitiu que ela realizasse. Acho que nos preocupamos muito com os outros. O que importa é estarmos felizes com nós mesmos. Se isso agrada aos outros ou não, azar.
Se todos enxergassem o mundo como "Yu", tenho certeza de que seríamos mais felizes. Uma garota de 18 anos foi ensinar ao velho Rudi como ser ele mesmo. Chega de viver de aparências. Se todos nós vestissemos as mesmas roupas, ninguém utilizaria-se do terrível pré-julgamento. É o que acontece na pousada onde Rudi e Yu se instalam para esperar o Monte Fuji perder a vergonha. Sob aquele teto, ninguém é melhor que ninguém.
O filme ainda traz uma crítica ao Japão atual que como no resto do mundo, sofre com a globalização e os cortes drásticos que provocam o desemprego ao mostrar "Yu" vivendo em um acampamento "homeless". Realmente é uma situção recente. Quando estive no Japão a quase 10 anos atrás, lembro-me de ter visto somente um mendigo durante os dias que lá permaneci.
Resumo da ópera: - Seja você mesmo e não se importe com que os outros dizem ou acham. E claro, não deixe para amanhã, o que você pode fazer hoje. Básico, clichê e verdadeiro. Amanhã talvez seja tarde.
ps: Momento Monte Fuji em família ... Não tem preço!

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