segunda-feira, 30 de novembro de 2009

POLÍCIA, ADJETIVO


Romênia, 2009
Direção: Corneliu Porumboiu

Terminada a Mostra, agora é hora de ir atrás dos filmes que deixamos de ver no Festival justamente porque estreariam nos próximos meses, ao menos eu faço assim. Já que vai estrear, prefiro gastar meus ingressos com outras produções sem data nem indícios de passagem por aqui.

Polícia, Adjetivo foi uma sessão muito concorrida e agora está em apenas 2 salas com poucos horários, sendo que uma delas, onde conferi, é uma das 2 pequenas salas do anexo do Unibanco Augusta. Vai entender. O mesmo acontece com A Procura de Eric e Hotel Atlântico, os próximos de minha lista.

E o cinema romeno continua badaladíssimo. Depois dos sucessos e prêmios de 4 Meses, três semanas e 2 dias, Como Festejei o Fim do Mundo e A Leste de Bucareste, ótima comédia do mesmo diretor de Polícia, o cinema romeno continua a presentear os cinéfilos com frescor e um cinema de ótima qualidade, diferente do que costumamos ver dos outros europeus, talvez assemelhe-se um pouco ao cinema francês, mas ainda assim, possue características somente suas.

Polícia, Adjetivo conta a história de Cristi, um policial que investiga um garoto suspeito de tráfico. No entanto, ele descobre que as suspeitas não são reais, trata-se apenas de um usuário que dá haxixe aos amigos quando procurado. A lei na Romênia ainda não diferencia usuário de traficante e Cristi encontra-se então em uma verdadeira cama de gato com sua consciência.

Ele recusa-se a prender o garoto justificando que tal ato poderá acabar com a vida do rapaz. Faz propaganda de outros países onde ninguém mais vai preso por fumar maconha e que a lei na Romênia em breve se adequará aos demais países europeus. Temos um policial em conflito com sua ética que bate de frente com a autoritária lei romena.

Cristi sofre com a situação e tenta postergar ao máximo qualquer decisão.

Esqueça os filmes policiais hollywoodianos cheios de ação e reviravoltas. Corneliu mostra com extrema realidade o cotidiano tedioso deste profissional da lei. Tão verossímel que muitas das passagens ocorrem quase que praticamente em tempo real. Daí a semelhança com o cinema francês que muitas vezes gosta de mostrar tudo nos mínimos detalhes. Outros exemplos se dão quando ele desfruta suas refeições e diáloga com sua esposa. Aliás, apesar de não ser uma comédia rasgada como A Leste de Bucareste, Polícia, Adjetivo nos reserva passagens cômicas e naturais como o tal diálogo entre o casal, onde entre outras coisas, questiona-se o que seria da pasta de dentes sem a escova ou a reunião entre policiais onde um dicionário torna-se o protagonista com questões como: Defina consciência. Hilário.

Aliás, consciência é a palavra que move o filme. Consciência e ética. E no final das contas, o que prevalece, é a comida na mesa no final do mês. Triste, mas real. Longa vida ao cinema romeno.





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