segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

TOKYO!


França/Japão/Coréia/Alemanha, 2008
Direção: Michel Gondry, Leos Carax e Bong Joon-Ho

Agora é hora de conferir os filmes que tirei da programação da Mostra justamente porque iriam estrear. E parece que estréia tudo de uma vez. Ontem dei uma corrida e fui conferir dois filmes da lista pendente. Vamos a eles.

Tokyo! foi muito comentado. Parecia que nascia mais um filme cult. Depois do sucesso de "Paris, Te Amo", os filmes coletivos estão na moda e virou até franquia, com "New York, Te Amo" e ja tem até projeto para um "Rio, Te Amo", aff. Em "Tokyo!" (que não tem nada aver com a franquia do amor) três diretores badalados mostram suas peculiares visões da capital da terra do sol nascente. E bota peculiar nisso.

A primeira, entitulada de Interior Design, é dirigida por Michel Gondry, diretor de filmes como "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" e do mais recente "Rebobine Por Favor". Aqui temos a história de um casal cuja mulher sente-se incomodada pelo fato de não sentir-se útil. Não sabe o que quer da vida, mas na realidade isso não é isso que mais a incomoda, o que a incomoda é a eterna cobrança da sociedade japonesa e os comentários maldosos das pessoas a sua volta para com sua situação. Isso a entristece e como em um conto de fadas ela acaba transformando-se em uma ... cadeira. Isso mesmo. E tal fato faz com que ela finalmente sinta-se útil e prestativa. Fantasia à parte, Gondry toca em uma das grandes feridas dessa sociedade machista e arcaica, o fracasso. Infelizmente boas intenções não salvam filme algum, caso também do próximo segmento do filme.

A segunda história chama-se Merde, e é dirigida pelo francês Leos Carax, diretor de "Pola X". A história é chata e bizarra, mas a crítica mais uma vez é profunda. Conta a história de um ser que vive nos esgotos de Tokyo e que odeia os japoneses. Ele fala uma língua que poucos entendem e por longos minutos, temos o desprazer de aguentar diálogos na língua estranha. Seria uma metáfora para descrever como um estrangeiro se sente no Japão? Afinal, quando estamos no meio deles e eles começam a se comunicar têmos a mesma sensação desagrável que o filme proporciona. E o personagem bizarro não poupa críticas. Cheiro de preconceito no ar. Trata-se da pior história. Como eu disse, o cinema não vive de boas intenções ...

A terceira, melhor e última história chama-se "Shaking Tokyo" e é dirigida pelo sul coreano Bong Joon-Ho, do sucesso recente "O Hospedeiro". Ela conta a história de um hikikomori, pessoas que decidem viver em total isolamento da sociedade. O do filme não sai de casa fazem 11 anos. Não faz contato visual com ninguém desde então. Como ele mesmo diz: As pessoas me incomodam, o sol me machuca. Hoje conseguimos tudo por telefone. E assim ele segue vivendo, entre inúmeras caixas de pizza e rolos de papel higiênico, tudo organizado perfeitamente. Um belo dia uma cinta-liga da entregadora de pizza faz com que ele tenha o primeiro contato visual em anos e um terremoto muda sua vida para sempre. A melancolia e a dificuldade em relacionar-se do personagem causa aflição e sofrimento. Sua dificuldade em dar o primeiro passo para ir atrás daquela garota comove e incomoda. Triste, mas verdadeiro. Infelizmente não chega a salvar o filme como um todo.

Críticas são sempre bem-vindas e este Tokyo! representa exatamente o contrário das franquias de cidades amorosas. A cidade não deve ter-se orgulhado, pois todas as visões são ácidas ao modo de vida da sociedade japonesa. Até ai tudo bem, mas faltou alguma coisa. O melhor talvez fosse transformar a história do hikikomori em um longa, mas como não era a proposta ... Talvez pelo fato de também ser oriental, Bong tenha se saído melhor. Agora inglês e francês falando do Japão, deu muito certo não.





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