quarta-feira, 4 de novembro de 2009

SEGUINDO EM FRENTE



Japão, 2008
Direção: Hirokasu Kore - Eda

Ryota é o filho de 40 anos da família Yokoyama. Ele acabou de se casar com uma viúva que tem um filho de 10 anos de seu casamento anterior. Com os dois, ele vai visitar seus pais idosos, no transcorrer de um longo dia de verão. Sua irmã mais velha, Chinami, também leva sua família para a visita. Os envelhecidos pais têm vivido na casa da família há décadas. É raro que um filho ou filha retornem para uma rara reunião familiar. Eles se reúnem para recordar a morte trágica do filho mais velho, que morreu afogado em um acidente 15 anos atrás. Embora a espaçosa casa seja reconfortante e imutável como a comida caseira da mãe, todos da família mudaram de alguma forma. Os Yokoyama são uma típica família disfuncional, ligada pelo amor, assim como pelos ressentimentos e segredos. Com um equilíbrio sutil entre o humor delicado e a dor melancólica, o filme faz um delicado retrato de como uma família pode ser ao mesmo tempo maravilhosa e irritante, em uma homenagem ao mestre japonês Yasujiro Ozu (1903-1963), cuja obra se interessava em particular pelas transformações sociais da família japonesa.

Do mesmo diretor de "Ninguém Pode Saber", Hirokasu mais uma vez nos presenteia com um belíssimo trabalho. Exemplo maior disso foram os comentários de frequentadores da Mostra e a sala do Marabá, bem ruinzinha por sinal, lotada. A sociedade retrógrada japonesa sempre foi um prato cheio para abordar nas telonas o cotidiano da família nipônica. A influência de Ozu (apresentado para mim pelo meu amigo Daniel) é gritante. Assim como em tantos outros filmes japoneses ou não. Temos então o pai rigído e fechado, incapaz de demostrar amor pelos filhos que restaram. O problema é ainda maior para o filho homem que ainda vive. Seu pai faz ele sentir-se culpado dando a impressão de que ele deveria ter morrido no lugar do primogênito. O fato de não ter um emprego estável piora as coisas tremendamente, uma vez que isso representa praticamente um pecado para a sociedade japonesa, vide os inúmeros casos de suicídio naquele país peculiar da qual faço parte, mas que em nada me orgulha esse lado feudal e antigo de viverem. Ele ainda tem que ouvir a mãe perguntar quando ele vai ter um filho de verdade, uma vez que é casado com uma viúva que tem um filho proveniente do defunto. Pra ser sincero ainda sinto isso na pele. Quer fazer cinema?! Vai morrer de fome. É tudo uma questão de ação e reação. Se o filho se sente amado, esse amor voltará naturalmente. Agora se o pai preocupa-se mais com o trabalho do que com os rebentos, ele não deve esperar muita coisa na sua velhice. Mas tudo bem, levo como lição e um exemplo de como NÃO criar meus filhos. Eles devem estar felizes, independente do que escolham para suas vidas. E eu SEMPRE os apoiarei. O Japão tem muita coisa boa, mas o contrário também é verdade.

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