segunda-feira, 24 de outubro de 2011

ERA UMA VEZ NA ANATÓLIA

Turquia, Bósnia-Herzegovina, 2010
Direção: Nuri Bilge Ceylan

Premiado em Cannes com o Grande Prêmio do Júri, "Era Uma Vez na Anatólia" do diretor turco Nuri Bilge Ceylan, do excelente "Três Macacos", é uma reinvenção do gênero policial. Um filme minuncioso filmado praticamente em tempo real dividido em duas partes, que apesar dos 157 minutos, envolve e transcorre facilmente com a sua narrativa dissecada lentamente, onde entrega aos poucos o perfil de seus personagens ao espectador.

Na primeira parte ocorre a peregrinação dos personagens pelas planícies da Anatólia a procura de um corpo. Policiais, dois suspeitos, um médico e um promotor desbravam a madrugada em uma carreata onde a luz utilizada resume-se aos faróis dos veículos, relâmpagos e lampiões.

Os filmes de Nuri são conhecidos pela bela fotografia que enfatiza ainda mais a expressão forte de seus personagens. "Era Uma Vez na Anatólia" não é diferente e a fotografia dá o clima necessário para esta primeira parte da película.

Ainda na primeira parte, uma cena em particular chama muita atenção. Uma cena belíssima onde a filha do prefeito de uma vila onde os personagens param para um descanso, serve chá aos homens. A figura daquela linda moça serve como um escape para o cotidiano brutal daqueles homens de expressões fortes e sofridas. Por um momento, todos parecem pensar: Que anjo é este nesse fim de mundo? O que eu to fazendo aqui? Que vida é essa que eu escolhi?

Na segunda parte, quando retornam a cidade ja com o crime supostamente desvendado, o filme foca no médico. Ao rever fotos de seu passado, a tristeza torna-se nítida no seu rosto e parece pensar como teria sido sua vida se não tivesse se separado de sua esposa.

A cena da autópsia do corpo, revela muito do personagem em conflito consigo mesmo. Ele é o único personagem que demonstra compaixão para com o próximo. Até mesmo com o suspeito do crime. Nuri não entrega nada de mão beijada, e cabe ao espectador decidir se os suspeitos eram mesmo culpados ou foram forçados a confessarem um crime que não cometeram. Não dá pra saber. Mas não importa, diante de tanta crueldade, talvez ele só queira poupar o órfão da realidade horrível. Em terra de ninguém, talvez ele consiga atenuar o futuro da criança ocultando algo que ninguém precisa saber. Para ser dissecado lentamente.







Programe-se:
24/10 - Cinemateca - 15h
25/10 - Reserva Cultural - 15h50

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