segunda-feira, 26 de abril de 2010

OS FAMOSOS E OS DUENDES DA MORTE


Brasil, 2009
Direção: Esmir Filho

Gus Van Sant vai ao interior do Rio Grande do Sul. Guardadas as devidas proporções é claro, uma vez que este é o primeiro longa de Esmir.
Diretor do hit "Tapa na Pantera" e do curta premiado "Saliva", Esmir Filho é uma promessa tomando corpo. Apesar do título meio infantil, o filme traz temas sérios.
Em uma cidade no interior do Rio Grande do Sul, garoto por volta dos 16 anos vive a ânsia de conhecer o mundo, sair daquela cidade onde todos se conhecem e tentar descobrir seu verdadeiro eu que encontra-se enclausurado e sufocado.

Têmos aqui mais um filme voltado para o universo adolescente, mas diferentemente do filme de Laís Bodanzky, "As Melhores Coisas do Mundo", o universo adolescente de Esmir é bem específico. Adolescentes de uma pacata cidade no interior do país que conhecem o mundo apenas pela internet. Aliás, o mundo virtual mais uma vez ganha bastante destaque no cinema jovem. Não há mais como ignorá-lo nos tempos de hoje, principalmente para os adolescentes.

O protagonista possue um blog onde ele assina como Mr. Tambourine man. Isso mesmo, ele é fã de Bob Dylan, que ótimo, e um show que irá acontecer em São Paulo, é seu pretexto para fugir daquela vida monótona e chata.

O personagem é bem andrógino, e fica evidente suas dúvidas com relação a sua própria sexualidade. A ausência do pai parece ser fundamental para isso. Arrisco ainda dizer, que o filme é voltado para o universo "emo". Isso mesmo, aqueles adolescentes emotivos que são tão zuados.
Mr. Tambourine é um jovem depressivo. Seus momentos de felicidade são raros, como quando toma vinho com a mãe ou quando fuma maconha com seu melhor amigo nos trilhos da cidade. Vive online criando coragem para fugir de sua cidadezinha. Meninas? Somente nos sonhos. Mr. Tambourine sonha com a irmã do melhor amigo. Irmã essa que suicidou-se. Tem mais essa, o suícidio parece ser algo comum naquela cidade e para que Mr. Tambourine Man não tenha o mesmo destino, o melhor a fazer é fugir.

O filme é totalmente escapista, com uma áurea misteriosa constante. Destaque para o granulado e estética escolhida, algo bem bucólico e poético, lembrando em muitos momentos, um vídeo arte. O roteiro não é dos melhores e a direção peca um pouco na mão.

Mas ei, péra lá. Trata-se do primeiro filme do rapaz, não sejamos tão ríspidos. Ao filmar adolescentes do interior do Rio Grande do Sul, Esmir leva para a tela algo até então praticamente inédito. Um universo que não faz parte do nosso cotidiano. Inspirar-se descaradamente em Gus Van Sant também acho algo positivo. Todos têmos nossas referências certo?
Ele vai encontrar seu cinema e por ora, acho que está de bom tamanho, vide o sucesso que o filme vem fazendo nos festivais mundo afora. Vale a pena ficar de olho no trabalho do rapaz.

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