domingo, 22 de fevereiro de 2009

Milk


EUA, 2008
Direção: Gus Van Sant

Esqueça O Gus Van Sant de "Elefante" e "Paranoid Park". O Van Sant de "Milk" é um tanto diferente. Mais próximo do que a indústria cinematográfica americana costuma chamar de "aceitável" para seus padrões. Menos ácido e mais comercial, mas nem por isso, menos polêmico, no que diz respeito ao tema pelo menos.

Em "Milk", Gus apresenta a história de Harvey Milk. O primeiro político gay assumido a ser eleito na América. Ele é interpretado magistralmente por Sean Penn. Que ator meus senhores. O homem dá um banho de interpretação e praticamente leva nas costas a obra de Van Sant.

Cansado das injustiças contra os homossexuais, Harvey se manda da até então retrógrada New York, onde nunca tivera coragem de sair do armário para a cidade de San Frascisco. Acompanhado de seu namorado interpretado por James Franco, dão início a uma verdadeira revolução. Primeiramente no bairro local onde vivem e depois para todo o país.

Milk torna-se o defensor das minorias e é baseado nelas que angaria seus eleitores. Foram inúmeras tentativas até conseguir finalmente ser eleito. Até parece uma história bem conhecida em nosso Brasil, só que o homem não era gay rs.

Contracenando na contramão das propostas de Milk, aparece o personagem de Josh Brolin, que sinceramente, não sei porque foi indicado. Trata-se de um excelente ator que vem ganhando respeito filme após filme, mas confesso que seu trabalho do ano passado em "Onde os Fracos Não Tem Vez", foi muito superior a este e ele não foi indicado. Enfim, coisas da Academia.

Além de James Franco temos o problemático namorado latino interpretado por Diego Luna. Personagem desnessário no meu ver, além de chato.

Apesar de retratar um ativista gay, Gus está mais comportado do que nunca e as cenas de sexo e beijos entre homossexuais praticamente inexistem. Escolha bem feita, uma vez que o foco nos ideais de Harvey era o melhor a ser feito.

É difícil acreditar que a homossexualidade era tratada como uma doença. Na verdade, ainda hoje trata-se de um grande tabu. Mas naquele tempo, fim dos anos 60 começo dos 70, o assunto era tratado de maneira totalmente abominável. Chegaram a fazer um reverendo para que todos os professores gays fossem demitidos. A justificativa era que eles colocariam suas idéias homossexuais na cabecinha inocente das crianças, resultando em uma geração de seres repugnantes e doentes. Quanta ignorância. E o maior culpado de tudo quem era? quem era? A Igreja católica é claro. Dona de toda moral e verdade. Como se alguns padres não adorassem um coroinha não é mesmo. Hipocrisia pura.

E claro, como todos os grandes homens que tentaram mudar o mundo para que ele fosse um lugar mais justo para todos, seu fim não é dos melhores. A máquina vem e passa por cima de todos que vão contra seus interesses. Mas ele plantou a semente e sua coragem mudou muitas vidas.

Mas falemos de coisas mais agradáveis. Apesar de mais comercial, Gus faz um filme onde é possível ver sua marca, principalmente na ótima direção. Apesar de gay, nada é afetado e o roteiro é muito bom. Sean Penn dispensa comentários. Temos então, um bom filme. Melhor que todos os outros concorrentes que estão em cartaz no Brasil. Pode conferir.

Indicações:

Filme/Direção/Ator/Ator Coadjuvante/Roteiro Original/Edição/Figurino/Trilha Sonora.




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