quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Casa Vazia


Coréia do Sul/Japão, 2004
Direção: Kim Ki-duk


Já fazia algum tempo que eu queria assistir Casa Vazia. Eis que reencontro um grande amigo nos bares da cidade e ele diz que havia assistido ao filme. Altamente recomendável Rucher. Eu e Buri sempre conversamos sobre as maravilhas da sétima arte quando nos encontramos. E no dia seguinte lá estava eu na sala de cinema para acompanhar este lindo filme.
Dirigido pelo coreano Kim Ki-duk, Casa Vazia conta a história de um jovem que não tem residência fixa. Ele invade casas de pessoas que estejam viajando e lá vive por alguns dias. Nada rouba, não é essa a intenção. Ele come da comida, tira fotos e em troca da hospitalidade forçada lava roupas, limpa a casa e realiza pequenos consertos. Por quê? O que o leva a viver invadindo a casa dos outros? Talvez seja uma crítica do diretor ao consumismo exacerbado e ao capitalismo. Ou melhor ainda, talvez o personagem tenha atingido um estado de nirvana, onde ele passa a viver como um fantasma.

No Budismo, talvez possamos achar a explicação para este personagem tão curioso. Atingido o Nirvana, ele vive como se não existisse e aceita o castigo quando é pego passivamente, aguardando pacientemente o dia de sua libertação. Parece não sentir dor e vive brincando com o guarda que insiste em castigá-lo com inúmeras surras.
Em uma de suas invasões, ele se depara com uma mulher que é maltratada pelo marido, um rico empresário. No começo eles estabelecem uma relação de companheirismo e escapismo. Ambos querem escapar da realidade e ela passa a acompanhá-lo nas invasões. Com o tempo a relação vai tomando outros caminhos como carinho e cumplicidade, até chegar ao amor.

Uma imagem vale mil palavras? Vale muito mais, e o diretor prova isso de maneira fantástica. O ator principal permanece mudo durante todo o filme e sua companheira deve falar no máximo umas 3 vezes e poucas palavras. Isso torna o filme muito poderoso. Mesmo quando seus rostos não transmitem muita expressão. O diretor trabalha muito com as imagens dos atores de forma delicada e diferente. Estes por sua vez estão muito bem. A dupla esta muito bem dirigida e em cenas muito simples nos passam uma emoção incrível como o começo do primeiro beijo. Chega a lembrar de leve o trabalho de Wong Kar Wai.
Enfim, ele é preso e ela também, mas não na cadeia convencional e sim na cadeia que seu marido criou, ou seja, seu casamento falido. Solitário na sua cela, ele mostra que realmente atingiu o nirvana. Você entenderá o que eu digo. Quando sai da prisão, assume o fantasma e passa a viver com sua amada. Ele, ela e o marido dela. Afinal, ele é um fantasma. Ou não? Realidade ou fantasia? As vezes é melhor sonhar, no caso do filme, é fundamental. Maravilhoso!!!












postado originalmente no o critico sou eu em 28/09/2005.

Um comentário:

  1. Meu resmungo: Uma imagem vale mais que mil palavras. -> concordo. o filme é maravilhoso.

    Gostaria de ler um comentário seu a respeito de XXY. É um filme chileno sobre um(a) adolescente que possui características de ambos os sexos, sendo então hermafrodita.

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resmunga ai