segunda-feira, 19 de setembro de 2011

BIUTIFUL

México/Espanha, 2010
Direção: Alejandro González Iñárritu

O rompimento com Guillermo Arriaga, roteirista de seus três primeiros filmes (Amores Brutos, 21 Gramas e Babel) foi um divisor de águas na carreira de Iñárritu. Eu particularmente acreditava que Iñárritu não conseguiria mais apresentar o cinema vigoroso de seus filmes de outrora que fizeram tanto sucesso, grande parte em função dos excelentes roteiros de Arriaga. Felizmente eu estava errado.

"Biutiful" conta a história de Uxbal (Javier Bardem) que descobre ser portador de um câncer que irá lhe tirar a vida em pouco tempo. Com dois filhos pequenos e mulher bipolar, Uxbal vive de ajudar imigrantes chineses e africanos com suas falsificações e vendas consequentemente, através de acordos que ele consegue com a polícia local mediante uma comissão. Uxbal também detém a habilidade de comunicar-se com os mortos, porém esta sua faceta é pouco explorada, assim como a própria doença. O que importa no roteiro de Iñárritu é o que deverá ser feito a partir da descoberta da doença. O que deve ser feito para que ele possa partir em paz, tranquilizado e sabedor de que seus pequenos ficarão bem na sua ausência.

Mais uma vez Iñárritu mostra o mundo globalizado. Em "Babel" existem três ou quatro núcleos onde cada um deles apresenta uma história diferente em uma parte do mundo idem, agora com "Biutiful", Iñárritu mostra o preconceito e a vida dura de imigrantes que vivem na Espanha, mais precisamente na bela Barcelona. Ele mostra o lado sujo e cruel da cidade. O racismo e difiuldades que estes imigrantes sofrem em um território que não lhes pertence e que nunca poderão chamar de lar.

Uxbal possue um grande coração e acaba envolvendo-se emocionalmente com alguns destes imigrantes, mas se já não bastasse todo seu sofrimento, até quando ele quer ajudar e fazer o bem, o tiro sai pela culatra. O mundo é justo? Uxbal segue então seu caminho na tentativa de deixar um legado para seus filhos, mesmo que seja um amparo momentâneo para sua ausência eterna que esta cada vez mais iminente.

"Biutiful" recebeu a indicação de melhor filme estrangeiro pela Academia do Oscar e Bardem ganhou merecidamente o prêmio de melhor ator em Cannes pelo excelente trabalho. Aliás, sou suspeito para dissertar sobre minha admiração por este verdadeiro monstro da interpretação. Desde "Jamon Jamon", do longínquo ano de 1992 que acompanho sua carreira. Tá certo que no meio tem alguns blockbusters, mas afinal de contas, todos têmos que ganhar o pão de cada dia certo.

Belo filme de Iñárritu que mostrou que mesmo sem Arriaga, pode sim realizar um cinema de alta qualidade. Bela direção, roteiro, interpretação e a linda música de Gustavo Santaollalla.





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