sexta-feira, 30 de setembro de 2011

ALMANAQUE DE OUTONO

Hungria, 1984
Direção: Béla Tarr

Béla Tarr é um cineasta cheio de simbologia. Considerado chato por muitos, compartilho da opinião de meu amigo de sessões Sr. José que diz: Ele não é chato, é difícil. E "Almanaque de Outono" é bem difícil, daqueles filmes que precisa um tempo a mais para poder tirar alguma conclusão.

Em um apartamento decadente, cinco personagens revelam seus segredos, desejos e obsessões. Hostilidade também faz parte do pacote, assim como a concepção visual da película com suas cores artificiais e os movimentos de câmera constantes e lentos que marcam o jogo de poder entre os personagens.

No filme as cores fundem-se para relacionar a densidade das cismas de seus personagens. Amarelo (riqueza), vermelho (desejos), verde (esperança) e azul (tranquilidade) predominam.

Um personagem é sempre acompanhado de outro nos planos, aqui, a solidão é abstrata. Existindo o diálogo, alguém se perde em um monólogo e a câmera reduz a dimensão da imagem, enfatizando somente uma face. O contrário também acontece.

Outra característica marcante da obra de Béla Tarr, são as cenas surreais que em algum momento irão aparecer. No caso de "Almanaque de Outono", tal cena foi guardada para o final.

Após matutar, conclui-se que é sim difícil, mas extremamente inteligente, verdadeiro e belo.



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