quinta-feira, 21 de julho de 2011

O QUE RESTA DO TEMPO


Bélgica/França/Itália/Reino Unido, 2009
Direção: Elia Suleiman

Uma visão diferente e lúdica da guerra eterna entre israelenses e arábes. Neste belo filme, Elia Suleiman traz um roteiro baseado no diário de seu pai que foi combatente da resistência Palestina e nas cartas de sua mãe para os parentes expatriados. O filme é praticamente autobiográfico e o diretor faz o papel dele mesmo na parte final da película.

Em 4 tempos, Suleiman recria episódios que marcaram sua vida, partindo de 1948 até os dias atuais. "O que Resta do Tempo" reconstitui de maneira primorosa o cotidiano dos chamados árabes-israelenses. Aqueles poucos que resolveram permanecer em sua terra natal e consequentemente passaram a viver como minoria.

Suleiman detém um humor ácido e inteligente. Brinca com a desgraça de seu povo e sua terra fadada ao desaparecimento. A convivência entre árabes e israelenses neste pedacinho de terra não chega a ser pacífica, mas os que resistem, tentam ignorar que vivem em um local rodeado de soldados que os querem fora dali.

Três cenas chamam muito a atenção. Um arábe fala ao celular caminhando pra lá e pra cá com um tanque de guerra na sua mira. Soldados israelenses param em frente a uma discoteca ordenando o toque de recolher, prontamente ignorado pelos frequentadores e o salto do diretor sob o muro da separação. Apesar da desgraça da realidade, Suleiman consegue captar através de seu olhar delicado, um humor muito inteligente.

Uma visão sincera de quem viveu o terror e sonha com o fim desta absurda guerra que parece nunca ter fim. Acima da média.





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