quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

TROPA DE ELITE 2

Brasil, 2010
Direção: José Padilha

Ame ou odeie, "Tropa de Elite" é um fenômeno e a sequência conseguiu ser muito melhor que o primeiro, além de tornar o Capitão Nascimento o maior herói brasileiro de todos os tempos.

Nesta semana "Tropa" tornou-se o filme mais visto de todos os tempos, passando "Dona Flor e Seus Dois Maridos". Após 34 anos, o recorde finalmente é batido e vale lembrar que imaginava-se que esse dia nunca iria chegar, afinal de contas, em 1976 havia 50% MAIS salas de cinema que hoje, sem contar que não havia a concorrência ferrenha da tv, cabo, internet, dvd, videogame e pirataria. Realmente tem que tirar o chapéu.

Nesta sequência, Capitão Nascimento esta de cabelos brancos e não vai mais a campo para guerrear com os bandidos. Sua mulher o trocou por um defensor dos direitos humanos e seu filho acha que ele é um assassino. Agora ele faz parte do chamado "sistema" que corrompe a todos, menos o Capitão Nascimento.

Como o slogan do filme diz: "Desta vez o inimigo é outro." O inimigo são as milícias, ou seja, faturar com traficante não ta com nada, o negócio é faturar com a comunidade. A comunidade paga para não ser atacada por quem deveria protegê-la. E como todo brasileiro sabe, o lugar fede muito mais embaixo, ou seria melhor dizer, em cima?

A politicagem, a luta pelo poder a qualquer custo, a trairagem e bandidagem correm soltas. Os personagens são caricatos, mas representam fielmente a realidade. Infelizmente. O soldado Rocha que comanda todo o esquema chega a ser nojento e asqueroso. Parabéns ao ator Sandro Rocha que o interpreta. O personagem Fortunato lembra muito o Datena, se bem que, o Datena perto dele é um doce. Ou seja, todos os tubarões fazem parte de um esquema para conquistar poder, dinheiro e votos. Ninguém escapa da lente nervosa de Padilha. Do governador ao soldado que o representa em campo.

O filme é cheio de clichês, mas são bem trabalhados. Na mão de outro diretor, talvez o fato da ex-mulher de Nascimento casar com o humanitário Fraga soaria falso, pra não dizer ridículo. Sabe aquela história de respeitar seu inimigo mais do que o melhor amigo? Pois é. É isso que acontece entre Capitão Nascimento e o deputado Fraga. Mas como Padilha iria construir o conflito entre Bob pai e Bob filho se assim não fosse? Pois é.

O pior de tudo é saber que apesar de ser uma obra de ficção, como é ressaltado no início da película, toda aquela merda é verdade. Difícil acreditar, mas é. Para um gringo, de primeiro mundo, aquilo é inconcebível, mas para nós, é realidade. Só não podemos deixar que vire banalidade, não podemos nos acostumar com isso.

Um dia acreditei que o Brasil seria o país do futuro, mas sinceramente, não acredito mais não. Teria que começar tudo de novo. Do zero. De volta a colonização e torcer para que os holandeses nos descubram. E chega desse papinho de que o melhor do Brasil é o brasileiro. Balela! Temos muitas qualidades, mas enquanto a lei de Gerson imperar e não se dar a devida importância que a educação merece, nunca seremos o país do futuro. Que venha a Copa e as Olimpíadas para continuar a iludir os trouxas.





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resmunga ai