quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

ACONTECEU EM WOODSTOCK



EUA, 2009
Direção: Ang Lee

Eu como bom rockeiro e discípulo dos hippies paz e amor não minto. Se tivesse que ter nascido em outra época, definitivamente teria escolhido os anos 70. A efervescente massa jovem ávida por lutar por seus direitos e por um mundo melhor. Sem contar a enorme diversidade cultural que explodia em todas as searas, literatura, cinema e principalmente a música. Nunca se produziu tanto com tamanha qualidade.

O filme de Ang Lee, o chinês do western gay, não foca no festival em si. O foco dele é a família protagonista, a relação daquele filho até então pródigo com seus pais caretas e conservadores, até então também.

A família em si é dona de um hotel caindo aos pedaços em uma cidadezinha do interior americano. A mãe é uma pão-dura de marca maior e o pai, bem, o pai obedece a mãe. O filho, que já não vive mais com eles, vive voltando pra casa para tentar alavancar o negócio da família, mas sempre em vão, até que surge a oportunidade da cidade receber o lendário festival, uma vez que a cidade escolhida rejeitara os hippies.

O filho então enxerga o negócio como uma oportunidade única e tenta convencer a cidade de que receber o festival será bom para todos. Os tradicionais rejeitam a ideia e passam a ver o rapaz com desprezo. "Os hippies vão invadir nossa cidade, vão roubar e saquear tudo ... " Mas assim que as primeiras caravanas começam a chegar, eles vêm que o negócio realmente poderia ser muito bom. ($$$)

Daí então o que temos são imagens e mais imagens de hippies e toda uma cidade cedendo a força do flower power. São imagens belíssimas confesso, que só dão mais vontade de ter estado lá me jogando na lama e conhecendo os seres mais figuras do planeta, além é claro de ouvir mestres como Hendrix, The Who, Janis Joplin, Joan Baez e cia. Um desbunde!

Não existe porém nenhuma imagem que mostre os artistas daqueles 3 dias de paz e amor, pois na realidade, os protagonistas de Woodstock foram as mais de 500 mil pessoas que compareceram para aquele evento histórico. Fazia-se a história naquele momento e todos sabiam disso, impulsionados pelos protestos contra a Guerra do Vietnam. Por 3 dias, Woodstock foi o centro do universo.

Todos esses acontecimentos alteram a vida da família em questão e com os sentimentos à flor da pele, eles conseguem se entender melhor, conversar e até expor os incômodos que os afligem. Compartilham momentos até então inconcebíveis e tornam-se mais maleáveis e dispostos a dialogar. Abrem o coração literalmente.

Show de imagens e só. O roteiro é bem fraco e cheio de clichês sobre o que você possa imaginar como foi Woodstock. Paz, amor, lsd e maconha rolando soltos e viagens, muitas viagens de todos os tipos para todos os gostos. Temos também certos personagens desnecessários e até meio forçados como o segurança "drag queen", mas sei lá, se foi inspirado em uma história real, talvez esse ser tenha existido, embora eu duvide.

O melhor momento na minha modesta opinião é quando o filho resolve ver com os próprios olhos, incentivado pelo pai, tudo o que esta acontecendo, pois até então, ele só estava organizando e não tinha ido ver o palco e a movimentação no local. Chegando lá ele conhece um casal com quem dá uns peguinhas e toma um docinho, a princípio, meio com medo, mas depois ele se libera e entra na onda. O rapaz que oferece os estimulantes é interpretado pelo excelente Paul Dano, um dos melhores em atividade atualmente.

Enfim, "Aconteceu em Woodstock" é um filme bonitinho. E só.



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