segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

ABRAÇOS PARTIDOS


Espanha, 2009
Direção: Pedro Almodóvar

Sempre fui fã caloroso deste grande cineasta espanhol. Tornei-me fã ao delirar com "Ata-me" e depois fui atrás de toda sua cinematografia, desde "Pepi, Luci, Bom" até este mais recente "Abraços Partidos".

Nunca imaginei que fosse achar um filme seu "fraco", mas é assim, a inspiração muitas vezes simplesmente não vem e mesmo o mais fraco de Almodóvar, ainda está muito acima da média das películas em cartaz.

Mas eu sou assim, nunca vou babar ovo em cima do trabalho de alguém simplesmente por causa de sua biografia indiscutível. Se é ruim ou não tão bom, deve ser dito, independente de quem está sendo criticado. No Brasil, muitas vezes as pessoas nem questionam se o trabalho é bom ou ruim, apenas vangloriam. Aaaa, se é Chico Buarque é muito bom, se é Caetano é maravilhoso e por aí vai, para citar apenas 2 exemplos na seara musical. Mas falemos de Cinema.

Mais uma vez Almodóvar nos presenteia com a belíssima Penélope Cruz, como sempre deslumbrante e talentosa. Ela faz a personagem que muda a vida dos homens do roteiro, tornando-se literalmente obcecados pela musa. Ela é o centro da história.

Grande empresário cai de amores pela secretária (Cruz) e faz tudo o que ela quer. Passam a morar juntos. Passado algum tempo ela encontra-se entediada e quer voltar a atuar, seu sonho de sempre. Conhece então um diretor que sabendo de quem se trata, logo vê a oportunidade segura de produzir o filme. O empresário é tão obcecado por Cruz que resolve bancar todo o filme simplesmente para ficar próximo dela. E o mesmo empresário determina que seu filho gay e bizarro com cabelinho à la Javier Bardem em "Onde Os Fracos Não Tem Vez", faça um documentário sobre as filmagens. Desta maneira ele poderia saber tudo ou quase tudo do que ocorria nos bastidores. E para completar a obsessão, contrata uma especialista em leitura labial para decifrar os diálogos gravados pelo filho.

O filme vai e volta no tempo, encaixando as peças soltas de outrora. Trata-se de uma homenagem ao cinema e suas musas em um bonito exercício de metalinguagem. Talvez tenhamos algo de autobiográfico aí, mas o roteiro não empolga apesar das boas atuações. O filho do empresário também é muito freak e chega a destoar. Bizarrices de Almodóvar, ok. As atuações são ótimas mas não o suficiente para dizer que trata-se de uma grande obra. Realmente, a mais fraca que já vi deste mestre.

Mas com apenas 5 minutos, ele consegue emocionar quem ama esta arte suprema com a fala final do diretor do filme: "Todo filme merece ser terminado, nem que seja às cegas."




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