segunda-feira, 24 de março de 2008

XXY


Argentina/Espanha, 2007
Direção: Lucía Puenzo

Atendendo à pedidos de um(a) leitor(a) anônimo(a) rss, fui cavocar meu arquivo e encontrei o filme em questão. É importante frisar que as palavras à seguir foram escritas em Março de 2008, na época em que o filme foi lançado no Brasil. Adoro receber pedidos hehehe, mandem mais por favor. Vamos lá.

Já faz ao menos uns 10 anos que o cinema argentino consolidou-se como um dos mais produtivos e renovadores da América do Sul. "XXY" chega para fazer parte deste movimento com louvor.

O filme conta a história de um(a) hermafrodita. O tema por si só já é polêmico e inóspito. Não me recordo de outro filme que abordasse tal tema, talvez os leitores possam me ajudar. Lembro-me do ótimo "Transamérica", mas se não estou enganado, o personagem havia feito uma cirurgia para mudança de sexo.

"XXY" nos mostra este universo através de uma adolescente de 15 anos. Todos os personagens do filme não sabem lidar com a situação, incluindo os pais da garota que resolveram se mudar da agitada Buenos Aires para uma pequena cidade litorânea do Uruguai afim de esconder a garota e evitar constrangimentos para ela e para si mesmos. Teria sido esta a melhor solução?

A chegada de uma amiga da mãe da personagem hermafrodita acompanhada de seu marido cirurgião plástico que se interessa por anomalias e seu filho, colocam os moradores da casa à beira de um ataque de nervos, principalmente o pai da menina interpretado por quem? quem? Claro, Ricardo Darín, o ator onipresente do cinema argentino. Falemos dele depois, vamos ao filme.

A chegada do menino aflora e desperta os desejos e curiosidades da menina hermafrodita. Ela quer transar, mas não sabe se é ativa ou passiva, se gosta de meninos ou meninas. De uma coisa ela está certa: - Não quer saber mais do tratamento, nem de pílulas e remédios para evitar que seu corpo desenvolva-se como o de um homem. Ela não quer mais esconder nada e põe seus pais na berlinda, que claramente, nunca souberam lidar com a situação.

Em dado momento a menina consegue o que quer, transa com seu hóspede e o sexo rola naturalmente como àquela altura, deveria ser para ela. A garota literalmente come o menino, é tudo muito discreto e não existe nú frontal em nenhum momento, mas o simples fato de ver uma "menina" comendo um menino constrange e incomoda. E depois, o menino descobre que quer mais e está apaixonado pela hermafrodita. Seria perfeito para ele não? Namorar um homem que parece mulher ou vice-versa e continuar fazendo o que ele descobriu que gostava e não sabia e ninguém iria taxá-lo de homossexual.

É um filme polêmico e todos seus personagens estão perdidos e não sabem o que fazer. A menina que não sabe se gosta de homem ou de mulher, o rapaz que se achava garanhão e fica todo mole quando a "menina" entra nele, os pais que não sabem que caminho tomar ... Enfim, um mosaico de dúvidas e incertezas.

Acredito que não seja um filme de fácil aceitação pelo tema em si, mas é incrível como em pleno século XXI a sexualidade alheia ainda incomoda muito as pessoas, principalmente aqui no Brasil que se diz tão liberal e democrático, mas na realidade é muito moralista. Tenho convicção de que muita gente não gostou do filme devido à cena em que mostra o sexo entre a menina e o menino ou o menino e o menino se preferirem. Nossa, que absurdo!! Credo!! Cinema é fantasia, mas também é realidade e deve retratar as coisas como realmente são, principalmente em se tratando de tema tão polêmico. Sei que a realidade muitas vezes assusta, mas não é por isso que ela deve ser ignorada e escondida.

A direção não é um espetáculo, nem os atores são excepcionais, mas o tema abordado de maneira tão próximo a realidade conta a favor da diretora, muito corajosa por sinal. Minha única crítica é com relação a escalação do ator Ricardo Darín para o papel de pai da menina. Será que não existe outro ator neste país?!! Eu sei que ele é ótimo e tudo mais, mas já não aguento mais olhar pra cara desse homem em tudo que é filme argentino rs. Acho até que ele não era o nome ideal para este filme, sua interpretação como pai perdido ao meu ver, passou longe de suas melhores performances. É preciso tomar cuidado com tanta exposição. As vezes é melhor dar um tempo e fazer com que o público sinta saudades. Tira umas férias Darín ou melhor, diretores argentinos: procurem outros astros, sei que vocês têm inúmeras e ótimas opções. Tá feito meu protesto hahaha.

No geral, trata-se de um bom filme sobre um assunto nunca antes abordado, que eu me lembre, de maneira muito sensível e realista. Justo.

Taí querido leitor anônimo. Espero que tenha gostado e sinceramente: Adoraria que você se indentificasse para podermos conversar melhor sobre esta paixão em comum. Se não quiser, tudo bem, mas continue com o Cinemadicto. Beijos e abraços.





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