segunda-feira, 17 de março de 2008

ESTAMOS BEM MESMO SEM VOCÊ


Itália, 2006
Direção: Kim Rossi Stuart
Experiente ator, Kim Rossi Stuart resolveu encarar o lado de cá da câmera ao dirigir este belo filme onde também interpreta o pai do protagonista. O filme conta a história de uma família desunida devido as constantes idas e vindas da mãe. Kim, no papel do patriarca Renato, tenta sobressair-se no papel de pai e mãe e quando parece que está começando a sair-se bem, a mãe resolve aparecer novamente. Ela implora, diz que está arrependida e que nunca mais abandonará sua família. Renato, por sua vez, bobo como todo homem resolve perdoá-la mais uma vez. Tommy é o único a dizer que ela partirá novamente.
Embora seja o caçula, este pequeno ator mirim, excelente por sinal, é o que demonstra mais maturidade dentre todos os personagens. Incluindo-se aí o pai e a mãe. Seu olhar triste e sua desconfiança para com a mãe são desconcertantes. Talvez ele prefira não aproximar-se novamente para não se machucar quando ela vier a abandoná-lo novamente. Pois é, o menino é gato escaldado.
O inevitável acontece e mais uma vez Paula some sem deixar notícias. A profecia de Tommy havia se concretizado e para seu azar, seu pai resolve culpá-lo por todos seus problemas. Por ser um corno, por estar cheio de divídas, por não ter dinheiro ... Tommy absorve tudo isso com muita dor, porque com certeza, ele é o menos culpado de todos, pelo contrário, está sempre preocupado com o pai e sua situação financeira, não esbanja e nem pede nada, embora conviva com garotos ricos. Dá muita pena e revolta ver seu pequeno personagem tão injustiçado.
O roteiro do filme não é lá essas coisas, mas segura bem. Os atores são ótimos, principalmente o pequeno Tommy que é o grande atrativo da película. Alguns momentos são muito fortes e nada mais perturbador do que ver o sofrimento de um homem perdido. A direção de Kim está muito segura, com certeza a experiência como ator o ajudou muito.
Nunca desconte seus problemas nos outros, principalmente quando os outros, são seus filhos. A memória é cruel e existem coisas que o tempo não apaga. Eu por exemplo, me lembro até hoje de erros e bobagens que meus pais cometeram para comigo e com eles mesmos. Não, não sou um jovem adulto traumatizado, mas talvez, muitas das reações que tenho hoje em dia, devem-se a alguns fatos do passado. Eu não escolhi estas memórias para fazerem parte do meu acervo, elas simplesmente ficaram. Se tivesse o poder, com certeza gostaria de apagá-las, mas como não disponho de tal técnica, terei que conviver com isso da melhor maneira até minha morte.
O melhor remédio? Prevenção. Um trauma na infância, pode ser para a vida toda. Quem cometeu o erro com certeza nem se lembrará do episódio 30 anos depois, mas quem sofreu pelo erro do outro ... Este carregará o fardo eternamente. Muito cuidado com suas palavras e seus atos perante seu rebanho. Talvez eles não se lembrem .... Mas eu lembro.


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