terça-feira, 21 de julho de 2009

Leonera


Argentina/Coréia do Sul/Brasil, 2008
Direção: Pablo Trapero

Trapero é um dos maiores representantes do cinema portenho atual e porque não dizer, mundial. Em seus filmes anteriores como "Do Outro Lado da Lei" e "Família Rodante" já podíamos deslumbrar um belo diretor, mas é com "Leonera" que ele mostra realmente a que veio.

Julia, interpretada magistralmente pela bela Martina Gusman e que concorreu em Cannes como melhor atriz, é presa acusada da morte do amante de seu namorado. Amante este que é interpretado por Rodrigo Santoro.

Uma vez condenada, Julia não apresenta sinais de revolta. A passividade com que aceita o veredito cria uma dúvida com relação ao seu envolvimento no crime. E quando o personagem de Santoro começa a visitá-la, essa dúvida só aumenta, deixando entender que Julia estaria mais envolvida do que se imaginava com o amante de seu namorado. Mas essa dúvida morre com o filme, pois Julia esta grávida e a maternidade é o motor deste roteiro.

Transferida para uma ala especial, uma espécie de creche onde as mães prisioneiras podem permanecer com seus filhos até que eles completem 4 anos de idade, a chegada de Tomás é como uma dádiva no meio da depressão em que Julia se encontrava e Trapero trata a questão como deve ser tratada: Nada mais será como antes. Dá-se então a reviravolta da personagem que brigará pela sua cria como uma verdadeira leoa. Isso é mostrado de maneira muito forte quando a mãe de Julia, interpretada por Elli Medeiros, tenta se apossar de Tomás.

Trapero filma com excelência o contraste da prisão fria e cinza com o colorido dos brinquedos espalhados e desenhos das crianças nas paredes. Sua câmera é sagaz e sabe captar como ninguém frames simbólicos e cheio de significados como quando filma Tomás brincando na grade da cela ou a nudez de Julia com sua barriga enorme no chuveiro. É nestes pequenos momentos que podemos reconhecer o amadurecimento de um diretor. Ele nos apresenta todo este simbolismo sendo sútil e sabendo exatamente o momento de parar.

Em se tratando de um filme sobre maternidade o grande destaque para as personagens femininas é justificável. Temos então 3 grandes atrizes com destaque para a protagonista e a ótima companheira e amante de Julia: Marta, interpretada por Laura García. Santoro, apesar da pequena participação, tem um papel muito importante e fez muito bem o que lhe foi proposto. E a conclusão ... Não poderia se melhor.

Aliás, a conclusão e o início do filme, que apresenta os créditos iniciais embalado pela versão em espanhol da canção "Ora, Bolas" de Paulo Tatit executada aqui por "Piojos y Piojitos". Belo filme que conta com a co-produção de Walter Salles.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

resmunga ai