segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Cão Sem Dono


Brasil, 2007
Direção: Beto Brant

Em seu último trabalho "Crime Delicado", Brant já flertava com um cinema mais maduro, diferente do que o havia consagrado até então. Em "Cão sem Dono" eu acredito que ele tenha encontrado o ponto de equilíbrio. "Crime Delicado" foi um filme diferente de tudo o que ele já havia realizado, e ao meu ver, foi uma passagem meio forçada e sem estrutura. Já em "Cão sem Dono", ele assume de vez a maioridade e realiza um belo trabalho até onde o filme se propõe. É sim um filme pequeno por natureza, mas que atinge seus objetivos de forma integral.

Um homem desempregado em crise existencial envolve-se com uma modelo recém chegada a capital. Ela tem muitos sonhos e imagina o futuro a todo o momento. Ele só quer saber do presente e é cético com relação ao que está por vim. Nada de planos, apenas o aqui e agora interessam. E assim vão passando os dias, até quando ela resolve sumir sem deixar pistas.

Ela tem câncer e precisa afastar-se para o tratamento. Um baque para quem sempre teve tantos planos. Agora, este homem cético precisa aprender a viver sem a mulher que ele descobriu que amava, somente após sua perda.

Na verdade, ele é o próprio cão sem dono. De imediato ele entrega-se e desiste da vida. Nada mais importa, ele dispensa trabalho e se afunda no seu apartamento sujo. Todos já passamos por alguma decepção amorosa e sabemos que embora pareça que iremos morrer nos momentos que se seguem, o tempo começa a trabalhar. Ele resolve tudo e quando nos damos conta, um belo dia abrimos a janela e percebemos que o que passou, passou e é hora de recomeçar. Ele retoma sua vida, faz a barba, sacode a poeira, arruma um emprego e entra no trilho novamente.

O filme guarda belas e cômicas passagens como a descoberta de um novo amigo no motoboy que atropelou a personagem da talentosa Táina Muller ou no diálogo sincero com o pai a beira da praia.

Todo cão está sempre a procura de um dono e quando este é encontrado, você imagina que os tempos de solidão nunca mais voltarão e se isso acontece, perde seu rumo por alguns momentos até entrar no prumo novamente. E assim a vida continua, cheia de altos e baixos.
Brant demonstra com este filme que amadureceu. Belo trabalho.

PS: Aquele porteiro não existe né gente? hahahaha.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

resmunga ai