sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

ABUTRES

Argentina/Chile/França/Coréia do Sul, 2010
Direção: Pablo Trapero
Há tempos que digo que o Cinema Argentino é o melhor disparado da América do Sul e Pablo Trapero é um dos nomes que levaram o Cine Portenho a este patamar de excelência.
Diretor de filmes como "Família Rodante" e "Leonera", Trapero nos traz agora mais um filme complexo e pesado, no estilo de "Leonera", que aliás, conta com a mesma boa atriz Martina Gusman. Tem também o onipresente e sempre ótimo, Ricardo Darín, que dispensa comentários.
Assim como no Brasil e na América do Sul de maneira geral, com excessão do Chile talvez, sofremos com as falcatruas de pessoas que em busca de poder e dinheiro passam por cima dos mais humildes e necessitados sem escrúpulos. Os subalternos destes inescrupulosos fazem parte desta engrenagem de corrupção e não são menos coitados que os explorados.
Darín faz o papel de um advogado que participa de uma máfia que toma dinheiro das seguradoras representando vítimas de trânsito. Pessoas pobres e humildes sem condições de contratar alguém que os defenda. Todos fazem parte do esquema, a começar pelo socorrista plantonista. Mas ao substituir um socorrista, a personagem de Martina entra e cena e claro, ela não sabe de nada. Apesar do conflito de interesses, sua personagem se envolve com o advogado.
O roteiro é cruel. O filme é pesado e escuro, mas muito vigoroso. E era justamente isso que Trapero procurava. Para contar tal história, o filme não poderia ser feito de outra maneira. Uma ácida crítica contra o sistema de saúde argentino, suas adjacências e consequências.
Apesar de começar muito bem e segurar o ritmo, o final me decepcionou um pouco. Se você me disser que o que aconteceu foi realmente um acidente, sem interferências externas, continuo decepcionado, mas minha mente insana prefere acreditar que não foi, pois assim, posso gostar mais do filme. Mate esse enigma Trapero.

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