quinta-feira, 23 de setembro de 2010

UMA NOITE EM 67


Brasil, 2010
Direção: Renato Terra e Ricardo Calil

Neste ano em que a TV Brasileira comemora 60 anos, podemos ver no documentário "Uma Noite em 67", como a tv brasileira ainda engatinhava e tentava descobrir como lidar com este meio de comunicação poderosíssimo e ainda meio desconhecido, onde ainda não havia o predomínio da Rede Globo e suas novelas.

Os repórteres do Festival são exemplos máximo desse amadorismo e maneira meio "tosca" de se fazer Televisão ao acenderem seus cigarros ao vivo enquanto entrevistam os artistas. Ao mesmo tempo em que é amador, torna-se espontâneo, mas com certeza não era nada premeditado. Os repórteres eram de uma malemolência ímpar que beirava a comicidade. Muito legal.

O documentário conta a história daquela noite histórica para a Música Popular Brasileira, onde os maiores nomes da MPB atual, ainda eram meros desconhecidos e buscavam seu reconhecimento. Nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Edu Lobo, para citar apenas alguns dos monstros que estava concorrendo ao prêmio de melhor canção naquela noite.

Naquele Festival, o públicou tornou-se um personagem tão importante quanto os artistas e manifestavam-se através de vaias, muitas vaias.

O Doc. relembra o ataque de pânico de Gil que quase não se apresenta, o ataque de fúria de Sérgio Ricardo que não aguentou as vaias e quebrou seu violão, a conquista da plateia por Caetano que começou cantando sob vaias e terminou sob aplausos (emocionante) , a ridícula passeata contra a guitarra elétrica que na cabeça dos nacionalistas ferrenhos representava o imperialismo americano e o começo do fim da MPB. O isolamento de Chico Buarque com o surgimento do movimento Tropicalista, a primeira aparição dos Mutantes com Rita Lee no auge de sua beleza e muitas outras estórias.

O filme resume-se as imagens de arquivo da Record e depoimentos dos envolvidos naquela noite histórica. Segue o esquema básico de documentário, mas quem se importa diante de material tão rico.

O que mais me impressiona era o engajamento político dos jovens daquela época. Edu Lobo venceu o Festival com 22 anos com a linda "Ponteio". Todas as músicas vinham com mensagens políticas embutidas através de mensagens subliminares sempre criticando a maldita ditadura. E todos eram tão jovens ...

Infelizmente, sem querer puxar sardinha para o meu lado, fico triste com o vazio, o oco da geração atual. Fiz parte da geração cara pintada. Sim, ajudei a tirar Collor do poder e uma de minhas maiores emoções vividas foi pular junto com milhões no Vale do Anhangabaú ao ver o decrépito renunciar. Uma ideologia política engajada que hoje não existe mais. Thanx God eu ainda peguei o rabicho desta ideologia graças aos colegas e professores de minha escola. Os jovens de hoje estão perdidos e só querem saber de micaretas e bandas emo, coloridas ou cinzas. E o Brasil que se dane. Só lembram de patriotismo e engajameto em época de Copa do Mundo. Triste.

Como Cinema, não é grande coisa, mas como representação de uma época, é essencial. Importantíssimo para mostrar para a atual geração, que o povo detém o poder, se quiser. Mas hoje em dia, quem se importa? O que eles querem mesmo é tirar o pé do chão. E ainda vão eleger o Tiririca e o Netinho! PUTA FALTA DE SACANAGEM!





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resmunga ai