quinta-feira, 10 de julho de 2008

O ESCAFANDRO E A BORBOLETA


EUA/FRANÇA, 2007
DIREÇÃO: JULIAN SCHNABEL

Diretor de "Basquiat" e "Antes que Anoiteça", Julian Schnabel primeiramente recusou a direção de "O Escafandro e a Borboleta". Não conseguia vislumbrar como poderia contar a história real de Jean-Dominique Bauby, que foi editor da revista "Elle" e sofreu um acidente cérebro-vascular aos 42 anos que paralisou totalmente seu corpo com excessão do olho esquerdo.
Tempos depois Julian resolveu encarar o desafio para deleite dos amantes da Sétima Arte. Desafio que lhe proporcionou o prêmio de melhor direção em Cannes.
Com a recusa de Johnny Depp para o papel principal, coube ao ótimo Mathieu Amalric, que está em cartaz também em "A Questão Humana", assumir o posto de protagonista. Se fosse a primeira opção não teria sido tão bom. Mathieu assumiu o personagem com imponência. Mas você deve estar pensando: Como a interpretação pode ser boa tendo um personagem estático preso à uma cadeira de rodas que não se mexe e tampouco fala? Se você conferir a convicção da interpretação de Mathieu entenderá meus elogios. Somente com algumas piscadas e um olho ele dá show.
O elenco de apoio também é muito bom e conta com as coadjuvantes mais belas do cinema francês. Desde sua ex-mulher até a fisioterapeuta, passando pela última namorada e a fonoterapeuta, elas fazem com que a estada de Jean-Do no hospital esteja mais próxima do céu. Aliás, a presença de belas mulheres à sua volta, servem para transmitir ao público a agonia do personagem, que aos 42 anos, vê-se preso dentro de seu próprio corpo tendo que imaginar o prazer do toque feminino.
Antes do acidente Jean havia fechado um contrato para escrever um livro. Livro este que foi escrito com a ajuda da mulher mais paciente do mundo através do sistema de comunicação desenvolvido pela fonoterapeuta do hospital. Jean ditou todo o livro apenas piscando seu olho esquerdo. O livro que deu origem ao filme.
Apesar da dramaticidade do tema, o filme não explora este lado que poderia dar um bela novela mexicana. Durante várias passagens sentia as lágrimas nascerem, mas elas não chegavam a cair. Julian soube dosar muito bem a delicadeza do tema em película e transformou a história de Jean em poesia com uma linda fotografia. A trilha vai de Tom Waits à clássicos da música francesa passando por U2 e a direção dispensa comentários.
Escafandro é aquela roupa de mergulho antiga que mais parece uma armadura. Ela simboliza o corpo de Jean-Do. A borboleta remete a sua imaginação, que é a única forma de sair de seu enclausuramento. Guardada as devidas proporções, Escafandro lembra um pouco "Mar Adentro", filme onde Javier Bardem interpreta um personagem que embora tenha o corpo todo paralisado, não perdeu a fala. As viagens proporcionadas pela imaginação de ambos os personagens são semelhantes, e em Escafandro, a imaginação de Jean-Do nos proporciona uma experiência audiovisual única. Destaque para os minutos iniciais do filme onde a câmera subjetiva nos coloca dentro do personagem.
Você anda reclamando à toa da vida? Então vá conhecer a história de Jean-Do. Você vai ver que sua vida não é tão ruim assim.



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resmunga ai