quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

11° Cultura Inglesa Festival


Queridos amigos, é com muita felicidade que anuncio a vocês que meu roteiro para a categoria " Cinema Digital" ficou entre os 6 melhores da seleção deste ano. Mesmo que eu não consiga filmá-lo, ( somente três serão escolhidos), já estou muito feliz, pois trata-se de um incentivo para não desistir de fazer o que mais gosto, embora seja muito difícil fazer cinema no Brasil. Torçam por mim por favor. Torçam por " DE SAÍDA", vocês ainda vão ouvir falar dele. Valeu!!!

A Última Noite


EUA, 2006
Direção: Robert Altman

Trata-se do último filme de Altman que faleceu neste ano. Nunca foi meu diretor preferido, mas reconheço que ele realizou grandes trabalhos como "Short Cuts" e "Gosford Park".

"A Última Noite" é um filme delicioso de ver e ouvir. Conta com um elenco de estrelas e elas brilham sem fazer esforço.

Trata-se da história de um programa de rádio que chega ao seu último show porque o glamouroso teatro de onde o programa é transmitido ao vivo foi comprado por um grupo que pretende transformá-lo em estacionamento. Trata-se de um programa com atrações country, entre elas, o ótimo Woody Harrelson que proporciona uma das sequências mais engraçadas do filme com a música, "piadas infâmes".

Kevin Kline com seu ar blasé de produtor e diretor do show e a maravilhosa Meryl Streep que faz tudo bem. O apresentador do show no filme é o verdadeiro. Sim, trata-se de um filme com uma história verídica. A banda que acompanha os músicos também são os originais do programa verdadeiro. Todos ótimos. Os jingles então, são um show a parte, um melhor que o outro.

Um filme desprentesioso, leve e divertido além de inteligente. Os diálogos como sempre ocorre, (ocorria) nos filmes de Altman, são muito bons e a direção, bem, com material tão bom em maõs, não tinha como errar. Se quiser dar boas risadas e dormir mais leve, "A Última Noite" é uma grande pedida. Obrigado Altman por sua dedicação a Sétima Arte até seu último suspiro. Que Deus o tenha. Amém.




Caminho Para Guantánamo


Inglaterra, 2006
Direção: Michael Winterbottom e Mat Whitecross

Para continuar no clima do filme, digamos que ele é simplesmente um soco no estômago. Sim, o filme é forte, pesado e verdadeiro, o que piora tudo rs. Mistura de ficção e documentário. Enquanto os verdadeiros protagonistas da história vão narrando, reconstituições dos fatos ocorridos são mostradas.

O filme conta a história de 4 rapazes ingleses de origem paquistanesa que resolvem conhecer suas raízes e ir ao casamento de um deles que fôra ao Paquistão um mês antes para casar-se. Tudo normal até aí se não fosse a data. Outubro de 2001. Quando?! Isso mesmo, um mês depois do 9/11. Qualquer muçulmano já corria riscos estando na América ou Inglaterra, imagina in loco ... Tá certo, não justifica, mas não dava pra esperar um pouco mais pra casar?!

Enfim, eles partem para o Paquistão e sofrem muito. Perdem um de seus colegas em um exôdo violento, soldados americanos e ingleses invadem a cidade em que estão e eles são presos, assim como tantos outros. O motivo? Estar no lugar errado, na hora errada. Primeiramente são torturados e humilhados em prisões no próprio local, inclusive por britânicos, que diziam que iriam ajudá-los se eles confessassem. Mas confessar o quê?! Que eles estavam ali para o casamento de seu amigo? Aliás, essa era sempre a resposta que os interrogadores ouviam.

Quando se deram conta, estavam em Guantánamo, Cuba, em uma prisão para suspeitos de fazerem parte da Al Quaeda. E dá-lhe torturas e humilhações. Mas, ao invés de se entregarem, eles saíram mais fortalecidos e nunca cederam. Eles foram libertos no meio do ano passado. Isso mesmo, quase 4 anos respondendo por algo que não haviam cometido. Quando não havia mais por onde espremer, foram liberados com um pedido de desculpas, aliás dos pouco mais de mil prisioneiros que haviam em Guantánamo, menos de 20 foram acusados de algo.

Pois é, os americanos nunca foram os cidadãos mais amados do planeta e devido a um palhaço na Casa Branca, essa imagem piorou muito e em alguns lugares, eles alimentam o ódio. Não dizem que violência gera violência? Pois bem, escutemos mais a sabedoria popular. Depois não me venham chorar quando derrubarem a Brooklin Bridge ou o Sears Tower. Cada um tem o que merece, você colhe aquilo que planta. Espero que os americanos saibam escolher melhor seus governantes. Saudades do Clinton.





O Labirinto do Fauno



México/Espanha/EUA, 2006
Direção: Guillermo Del Toro

Este filme foi um dos sucessos de público da última Mostra de São Paulo. Como iria entrar em cartaz, não me preocupei em confêri-lo na ocasião, sempre faço isso, os filme que estão programados para entrar no circuito, deixo para depois. Todas as pessoas que comentavam sobre o filme teciam elogios a produção e eu fiquei curioso obviamente. A crítica especializada também rasgou muitos elogios, principalmente ao diretor.

O filme se passa durante a Guerra Civil Espanhola. Enquanto a guerra acontece, Ofélia, a garotinha protagonista muda-se com a mãe, que casara-se com um capitão, para o norte do país para encontrá-lo. Sua mãe está grávida e o capitão quer que ela de à luz aonde ele estiver. Ofélia descobre então um labirinto que começa a visitar.

Trata-se de um conto de fadas para adultos. Não é um filme infantil, pelo contrário, as crianças não conseguiriam dormir depois de ver aquele fauno bizarro e a criatura que vê pelas mãos .... Algumas cenas da Guerra também são muito fortes.

É um conto de fadas sombrio, sinistro, mas as fadinhas estão lá, o sapão, a mandrágora, planta que pensa ser gente e o velho sacrifício .....

Tecnicamente o filme é impecável, e contar uma história de fadas enquanto uma guerra acontece, embora pareça não combinar, o resultado ficou muito excelente. Os atores estão ótimos para a proposta. Na verdade, tinha que ser um conto sombrio para não destoar do momento pelo qual o país passava. Trata-se de um filme de autor e nesse caso, podemos criticar qualquer coisa de Guillermo, menos falta de criatividade, o filme é uma viagem só. Uma viagem das melhores diga-se de passagem.





segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

O Ano Em Que Meus Pais Saíram De Férias


Brasil, 2006
Direção: Cao Hamburger

O melhor filme nacional de 2006 com certeza. Desculpe, mas chega a ser tão bom que nem lembra um filme brasileiro. Sabe, aquela coisa de miséria, pobreza, sofrimento, FINALMENTE, alguém trocou o disco. Obrigado Cao.

Tive a oportunidade de trabalhar com Cao Hamburger quando ele estava para filmar seu primeiro longa "Castelo Rá Tim Bum", e naquela época ele já era considerado um mago em tratando-se de filmar crianças. Descobriu o menino que fez maravilhosamente o papel de "Nino", no "Castelo" e desta vez parece ter se superado. As crianças literalmente são o melhor deste seu novo trabalho. O roteiro é ótimo, maravilhoso, retrata temas conhecidíssimos, mas com uma abordagem inédita, na verdade, chega a lembrar de leve "A Vida é Bela", mas por conta do contexto da película.

Tudo é muito bem cuidado para retratar o ano de 1970, quando o Brasil foi tricampeão do Mundo e época em que o Brasil sofria nas mãos dos militares. O foco do filme é na Copa e no momento turboloso vivido pelo país. Tudo isso através da visão de um garoto de 10 anos, que é gói no bairro judeu do Bom Retiro em São Paulo. Ex- bairro judeu, porque hoje os coreanos dominaram a área.

Direção de arte e figurino impecáveis e uma direção maravilhosa. Quem é do meio, sabe a dificuldade de trabalhar com crianças e Cao faz tudo parecer tão simples. Mauro e Hanna roubam a cena e visivelmente se destacam. As passagens históricas e principalmente o momento dos jogos da seleção são de arrepiar. E o engraçado, é que não se trata de um filme infantil. Trata-se de um filme protagonizado por elas, com um roteiro inteligente, forte quando necessário, mas leve na maioria do tempo, voltado para o público adulto.

Desde "Cinema, Aspirinas e Urubus" o cinema brasileiro não produzia algo tão bom. Parabéns Cao. Espero que seu filme ajude a mostrar à outros cineastas que ainda existe muita história a ser contada sobre nosso país que foge do já cansativo tema miséria X sofrimento. Valeu!!!





Volver


Espanha, 2006
Direção: Pedro Almodóvar

Sou suspeito para falar da obra de Almodóvar. Sempre acompanhei seu trabalho desde os tempos de "Pepi Luci" e "Kika". Assim como todos nós, Almodóvar envelheceu, passou por momentos não tão significativos e voltou com força neste "Volver", seu melhor trabalho desde " Fale com Ela". Chega até a parecer um filme biográfico, sobre as mulheres da vida do diretor e principalmente o retorno à cidade que um dia ele chamou de lar.

A relação de duas irmãs com a mãe que reaparece após ter sido dada como morta. Trata-se de um filme onde homem não tem vez. Após anos de divórcio, a diva Carmen Maura está de volta aos filmes de Almodóvar no papel da mãe. Esta separação nunca deveria ter ocorrido, pois trata-se de um casamento perfeito no mundo da sétima arte. Tem também a linda Penélope Cruz que deveria permanecer no cinema de seu berço e evitar as incursões hollywoodianas que acabam fazendo muito mal, principalmente para ela. Em "Volver" ela esta muito bem, em todos os sentidos.

Como todos os filmes de Almodóvar o prato principal está na riqueza de seus personagens, na simplicidade e sutileza dos diálogos e ações e claro, muita cor e música. Elementos que sempre destacaram seu cinema e que Almodóvar realiza com extrema maestria.

A sequência inicial torna-se marcante a partir do momento em que você descobre que a cidade retratada detém o maior índice de viúvez da Espanha. Aliás, o filme tenta desmitificar a idéia de que a morte seja algo ruim. Os personagens tratam a morte como deve ser tratada: Uma sequência da vida e nossa única certeza. A população desta cidade compra seus jazigos e ficam lustrando-os para quando chegar a hora estar tudo perfeito. Não, não se trata de um filme mórbido. Passa longe da ambiguidade de "Fale com Ela", mas ainda assim, as metáforas estão lá. E muito roupa suja será lavada, principalmente entre 4 mulheres, tem a filha de Penélope também.

Um filme simples, como a maioria do filmes de Almodóvar, com personagens encantadores e um roteiro muito inteligente. Não tem erro.




Os Infiltrados


EUA, 2006
Direção: Martin Scorcese

Que filme!!!! Scorcese está de volta a velha forma. Existem diretores que quando sofrem uma queda criativa dificilmente retornam a realizar grades trabalhos, diria que Spielberg é um deles. Scorcese flertou com isso nos seus últimos trabalhos, vide "Gangues de Nova Iorque", não chega a ser um filme ruim, mas quem conhece Scorcese, sabe que está muito aquém do seu histórico e capacidade. Que bom que o Scorcese de "Táxi Driver", uma de minhas obras preferidas está de volta e com muito fôlego. Aliás, você também vai precisar deste ar extra.

"Os Infiltrados" aborda a máfia irlandesa na América, no caso do filme, temos o maravilhoso Jack Nicholson no papel do vilão mor, Matt Damon no papel do menino mau e Di Caprio no de mocinho. Mas péra lá, fiz esta definição para simplificar, porque, o personagem de Caprio, não é tão mocinho assim .... Matt Damon é um bom ator, mas pra mim, não deslancha, parece sempre ter a mesma cara, mas ele vai muito bem no papel de bad boy e convence, aliás, acho que trata-se de uma de suas melhores atuações. Leo Di Caprio dispensa comentários, sou fã de seu trabalho e neste em particular ele rouba a cena, inclusive de Nicholson.

Scorcese voltou inspirado. As câmeras nervosas, seus closes, todos os elementos que fizeram sua carreira estão de volta e principalmente, as surpresas. E que surpresas... Não se deixe levar pelas aparências, porque quando você menos imaginar, tudo poderá mudar, e são mudanças radicais.

Trata-se de um elenco de peso e mesmo assim, ninguém está a salvo das peripécias de Martin. Na verdade, eu quase fui literalmente ao delírio quando um deles .....

Meu, o filme é muito bom, as atuações sensacionais e a direção primorosa. O roteiro então ... Soberbo. Não demore mais para conferir este grande trabalho e muita atenção nos detalhes também, não é um filme difícil, mas prestar atenção é fundamental, pois nada escapa da lente de Martin. Muita testosterona. Se sua mulher não se convencer nem com a presença dos galãs para conferir este filme, não titubeie, vá com um amigo, vá sozinho, mas vá, porque você, meu amigo leitor homem, tenho certeza de que gostará do que viu, não um pouco, MAS MUITO!!! FILMAÇO!!!