terça-feira, 19 de junho de 2007

Escola Do Riso



Japão, 2004
Direção: Mamoru Hosi

Na Mostra de cinema de São Paulo do ano passado conheci o Sr. José, um simpático Sr. de 70 e poucos anos apaixonado pela Sétima arte. Ficamos amigos, assistimos alguns filmes da Mostra juntos e nunca mais o vi. Ele me liga de 2 em 2 meses para falarmos de cinema. Ele nunca me dá seu telefone, na verdade, acho que ele não tem um, pois sempre me liga de orelhão.


Quando demora pra ligar fico preocupado, afinal, ele já é um idoso. Nossas conversas são breves e nosso reencontro está marcado para Outubro quando começa a Mostra. Sua última ligação um mês atrás foi mais ou menos assim: ÉÉEE Sr Rogério? E aí japonês, não vou tomar seu tempo, só digo uma coisa: "Escola do Riso", lá da sua terra, muuuito bão! Vai ver e depois te ligo para saber o que você achou. Ele ainda não ligou de volta, mas eu não poderia deixar de conferir uma dica do Sr. José, uma verdadeira enciclopédia viva do Cinema. E lá fui eu.

"Escola do Riso" conta a história de um autor de teatro tentando convencer o censor a liberar sua peça. O Japão está em Guerra, logo , a censura torna-se um problema constante, já vivemos situações parecidas por aqui... Dos encontros constantes para reapresentar a peça com as alterações impostas pelo censor, nasce uma relação inesperada, porém verdadeira e extremamente forte.

O censor, interpretado pelo maravilhoso Kôji Yakusho começa a tomar gosto pela arte do teatro e da comédia. Sem dar-se conta, ele sugere alterações que sempre melhoram o texto do autor, tornando a peça, cada vez mais engraçada. Como diz o provérbio: "Deus escreve certo por linhas tortas". É exatamente o que ocorre neste filme.

O filme é lindo e mostra o quão excitante pode ser o processo de criação teatral. A cenografia e o figurino estão perfeitos, muita cor e vida, lembrando um pouco o final de "Zaitochi". A música é uma delícia, jazz de big bands dos anos 40 e os atores dão show, beneficiados pela ótima direção e pelo roteiro enxuto e conciso.

Não perca mais tempo e vá aprender ou reaprender a sorrir com este delicioso filme.

Passei minha infância ouvindo o Bozo dizer que o melhor é sempre rir e nunca tive dúvidas de que deveria levar suas palavras grudadas ao meu pensamento pelo resto da minha vida. Obrigado Bozo e obrigado principalmente ao Sr. José por ter designado esta tarefa de casa para mim.

Aguardo ansiosamente Outubro chegar para nos reencontrarmos e conversarmos sobre essa paixão em comum que arrebata nossos corações: O CINEMA!!!

ps: uma hora depois dessa postagem, Seu José me ligou.





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