quarta-feira, 27 de junho de 2007

500 Almas


Brasil, 2005
Direção: Joel Pizzini

As iniciativas ainda são poucas se considerarmos o tamanha da cidade, mas já são válidas para um país onde cultura não é prioridade, então devemos vangloriar e prestigiar as instituições que oferem cultura gratuitamente.

O Cine Bombril já vem realizando sessões gratuitas hà algum tempo. Semana passada pude conferir a pré-estréia do documentário "500 Almas" seguida de debate com o diretor (Joel Pizzini), montadora (Idê Lacreta) e o músico (Lívio Tragtenberg) .

Quem conhece um pouco do cinema nacional sabe que trata-se de verdadeiras lendas do nosso cinema e somente pelo debate já valeria a pena, mas ainda teve o filme e tudo isso de graça! Não marque toca e antene-se para desfrutar das oportunidades que são ofertadas.

O diretor viveu na região do Mato Grosso, o que explica o fato dele querer contar esta história. Trata-se de um documentário poesia sobre os índios Guatós, ou melhor, sobre o que restou deles. Trata-se do processo de reconstrução da memória e identidade dos Guatós, hoje, dispersos na região pantaneira.

Durante o documentário, o ator Paulo José faz intervenções como um emissário papal, um juiz e outros personagens. Os índios Guatós estão desaparecendo e sua língua está praticamente morta. Joel mostra a relação desses índios com o homem branco, com as águas do Mato Grosso e faz uma ligação com a Alemanha através de uma ativista que estuda os Guatós.

Em alguns momentos o documentário mostra-se um pouco confuso e sinceramente, poderia ser mais curto. Mostrar os índios limpando seu próprio alimento pode ser interessante visualmente, mas uma vez basta e não o cardápio inteiro. As vezes parece uma aula de culinária Guató. Você aprende a limpar piranha, jacaré, galinha, anta ..... Haja bicho. E não é breve não, ele mostra minunciosamente, no melhor estilo francês.

Talvez seja interessante saber que os Guatós são os únicos índios com barba, embora rala como a de um chinês. Curioso? Talvez. O trunfo do filme na minha opinião está na bela fotografia e na linda trilha. A relação com a Alemanha achei forçada, ainda mais depois de saber que eles gastaram tanto dinheiro para filmar um museu por lá. Acho que é muita poesia pro meu gosto.

Tentei até enxergar algum paralelo com o maravilhoso "Serras da Desordem" do Tonacci, mas não rolou. Mas como o que vale é a intenção, parabéns, só acho que seus olhos estão viciados. O filme é cansativo e isso nunca é bom. Mas a discussão no final foi muito prazerosa. Para quem gosta de cinema, o debate é muito interessante e para quem faz cinema, o debate é obrigatório. Vira e mexe tem um. Então demorou. Corre atrás.





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