sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Jogo de Cena



Brasil, 2007
Direção: Eduardo Coutinho


Michael Moore realizou um grande feito ao fazer a massa prestar atenção nos documentários. O ápice foi quando ele venceu Cannes com "Fahrenheit", algo até então inimaginável. E o mundo aplaudiu. Desde então o gênero documentário vem popularizando-se e criando grandes sucessos como o francês "A Marcha dos Pinguins" e o ótimo "Homem Urso", para citar apenas alguns exemplos globais. No Brasil não poderia ser diferente, vide os excelentes "Estamira" e "Santiago", na minha opinião, um dos melhores do ano.

Finalmente chegamos a obra de Eduardo Coutinho que dispensa comentários. Este senhor de 70 e poucos anos é um dos mais produtivos cineastas da atualidade, tendo produzido quase um filme por ano nos últimos cinco. Realmente um fenômeno que deve alcançar se o destino permitir a longevidade de nosso conterrâneo Manoel Oliveira, trata-se de dois grandes mestres.

Aprendemos com a popularização do documentário que este tipo de filme é sinônimo de veracidade e realidade, vide o nome do maior festival de documentários do país, o "É TUDO VERDADE". Pois bem, era tudo verdade. Com "Jogo de Cena", Coutinho chega para inovar o gênero e quebrar todos os protocolos, pois aqui, a verdade se confunde com a ficção.

Num jogo de interpretações e depoimentos, Coutinho cria um emaranhado de declarações onde o telespectador tem que descobrir quem está falando a verdade, quem é personagem e quem é atriz. Com participações de Fernanda Torres, Andréa Beltrão e Marília Pêra, Coutinho mostra realmente tratar-se de um monstro da cinematografia nacional, tamanho respeito que essas atrizes tem por ele. Ele sabe como ninguém entrevistar pessoas e retirar delas o mais puro e emocionante depoimento.

Jogo de Cena intercala depoimentos reais com representações das atrizes aqui citadas. A partir de um anúncio de jornal onde procuravam-se mulheres acima de 18 anos com histórias pra contar, a sempre reduzida equipe de Coutinho aguarda as candidatas em um teatro vazio onde ocorrem as filmagens.

São depoimentos muito tristes no geral, mas verdadeiros e a forma como Coutinho conduz, não deixa os depoimentos cairem no sentimentalismo piegas. São histórias trágicas, tocantes. Uma em especial me chamou muita atenção. A de uma mãe que não se dá bem com a filha e gostaria de tentar uma reaproximação. Seu depoimento é riquissímo e mistura angústia com tristeza e despero, além da comédia no teor de suas declarações. Ao final, ela canta uma música com a qual costumava ninar sua filha, por coincidência, a mesma que minha mãe cantou para mim na infância. Lindo, emocionante e original. Vida longa à Coutinho. SENSACIONAL!





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