quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Erva do Rato


Brasil, 2008
Direção: Julio Bressane

Mais um filme do sempre polêmico Bressane chega as telonas. O filme foi até bem recebido no Festival de Veneza onde poucas pessoas deixaram a sala. Pois é, ele é famoso pela evasão da sala escura no decorrer de suas películas, embora eu nunca tenha abandonado um filme seu. Seu trabalho não me incomoda, na verdade, me instiga, porque eu sei que se trata de um homem muito inteligente, embora seja pessimista ao extremo.

Após "Filme de Amor" e "Cleópatra", chega "A Erva do Rato", baseado livremente em dois contos de Machado de Assis: Um Esqueleto e A Causa Secreta. De antemão já vou avisando, pois quem avisa amigo é, que será de enorme valia você procurar saber do que se trata tais contos para não correr o risco de abandonar a sala no meio do filme. Dá um google e salve sua sessão.

Mais uma vez a ligação de Bressane com as artes plásticas encontra-se intensa, mas o que realmente chama a atenção, é a presença da literatura, super marcante e decisiva para o desenvolvimento do filme.

Um casal protagonizado pelo ótimo e onipresente do cinema nacional Selton Mello e a atual musa (muito bem escolhida por sinal) de Bressane, a bela e talentosa Alessandra Negrini, se conhecem por acidente em um cemitério. Na cena seguinte já estão juntos em uma sala onde ela conta sua vida para ele e ele promete cuidar dela para sempre.

Não existe sexo nessa relação, mas a submissão feminina ao homem está fortemente presente. De início, nas transcrições literárias ditadas por ele e escritas por ela, onde eles tratam sobre Hércules e Cleópatra e mais adiante, nas fotos eróticas que ele realiza da mulher.

O rato surge para provocar o macho. Além de comer as fotos, ele compartilha uma relação erótica com a mulher. Desperta os desejos dela e provoca a ira do homem.

Aliás, mais uma vez o despudorado Bressane coloca a genitália em foco. Sempre o achei meio tarado. Pedro Cardoso teria um ataque cardíaco se sua mulher fosse convidada para um de seus filmes, mas descobri na conversa com o diretor pós filme, que ele é um tarado com teoria HAHAHA.

Para ele (e McLuhan) hehehe, o humano associa o belo à genitália, ao falo, que tudo que possue forma fálica é mais atrativo e etc, mas o pudor da sociedade atual, torna isso feio.

Os pontos fundamentais do filme estão na relação do Homem com a morte e com os animais. Não estou falando de sociedade protetora e PETA, o âmbito aqui discutido é muito mais filosófico. Enfim...

Confesso que sempre achei seus filmes meio bizarros, mas sua bizarrice atrai e instiga. Você fica pensando: O que virá agora? Isso move o cinema de Bressane. Para ele, o que decretou a morte do Cinema nacional foi querer fazer filme para o público. Público este que vive em função do consumismo. Peguntou-se se ele não estava sendo muito pessimista com relação ao cenário discutido e eis que ele responde: Rapaz, eu sou o pessimismo. HAHAHA.

Pessimista, tarado, polêmico, seja lá o que for, Bressane conquistou seu espaço filmando como sempre quis, filmando aquilo que ele acredita e aquilo que lhe satisfaz. Claro que isso gera confronto com parte do público, ao final alguns até ensaiaram uma vaia, embora a maioria tenha aplaudido. Como não amo e tampouco odeio, confesso que fiquei em cima do muro para discernir melhor sobre a obra após uma maturada. E como sempre, já estou curioso para a próxima insanidade Bressaniana. Acompanhe um rápido diálogo entre espectador e diretor, mais ou menos na íntegra:

Bressane: Machado de Assis achava seus leitores idiotas, gostava de brincar com eles ...

Espectador: À exemplo de Machado, você também acha seus espectadores idiotas?

Bressane: HEHEHE, éeeee, seria muito anti-social dizer isso né. Éeeee, claro que não.

Hahaha, claro que não ...









Nenhum comentário:

Postar um comentário

resmunga ai