quinta-feira, 21 de maio de 2009

Che - Parte 1


Espanha/EUA/França, 2008
Direção: Steven Soderbergh

Bem que eu queria ter visto a versão integral na última Mostra, mas mesmo com 5 horas de filme, é claro que os loucos cinéfilos paulistas não deixaram nenhum lugarzinho para mim. Tudo bem.

A crítica que havia ficado na minha cabeça sobre "Che" era: Aula de história não é cinema. Entendi o que o crítico quis dizer, mas descordo, porque com certeza, qualquer história dá um filme. É batata. Pode ser ruim, mas podemos filmar praticamente qualquer coisa.

Soderbergh mostra a história do revolucionário a partir do momento em que ele conhece Fidel, aliás, o ator que o interpreta, é extremamente parecido com o original.

Soderbergh vai fundo nos detalhes que tornaram o Homem em mito, mas apega-se somente as suas qualidades. Seria ele fã do homem? Não tenho dúvidas. A caracterização histórica é quase perfeita. Se não fosse tendenciosa, realmente o seria.

O diretor não mostra o matador frio e impiedoso que era Che. Ele mandou matar um menino de 15 anos que era acusado de grafitar muros com mensagens contra Fidel. Quando a mãe do garoto foi pedir clemência, ele ordenou a execução imediata.
Será que na parte 2, Soderbergh irá mostrar que a ditadura de Batista foi substituída pela ditadura de Fidel, Che e Raúl? Que milhares de cubanos perderam suas propriedades e que muitos fugiram ou acabaram mortos? Espero que na segunda parte ele seja mais fidedigno a história e menos tendencioso.

Del Toro como sempre arrasa no papel. Sou fã incondicional de seu trabalho e ele encarnou a lenda. Rodrigo Santoro, no papel de Raúl, irmão de Fidel, não fede nem cheira. Aliás, tirando Del Toro, na primeira parte do filme ninguém mais se destaca.

A direção corre muito bem, pelo menos no que o diretor propôs contar. Reconstituição da época, cenários e figurinos estão perfeitos.

Trata-se realmente de uma aula de história muito bem filmada. Não chega a envolver, pois são muitos detalhes, muita informação, mas quem disse que Soderbergh está preocupado? Ele fez o filme pra ele. E vêm mais por aí. O homem acaba de comprar os direitos da obra sobre Martin Luther King. Um sonho antigo e que agora esta prestes a se tornar realidade. Lá vem mais uma cinebiografia épica, podem apostar.

O filme é bom, mas poderia mostrar, pelo menos um pouco, o lado negro de Che. Do jeito que Soderbergh filmou, ele está mais para Robin Hood ou Madre Teresa de Calcutá. Aguardemos a segunda parte.





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