terça-feira, 9 de setembro de 2008

NOME PRÓPRIO


Brasil, 2007
Direção: Murilo Salles

Estava muito curioso para conferir este filme, mais pela atriz que admiro desde seu trabalho em "A Ostra e o Vento" do que pelo tema em si.

"Nome Próprio" conta a história de Camila, uma jovem caótica que vêm para São Paulo em busca de seus sonhos como tantos outros emigrantes. Blogueira ativa, ela tem como principal meta escrever um livro que é adiado a todo momento. No entanto, seu Blog é atualizado constantemente divagando sobre seu dia-a-dia, suas paixões frustradas, traições, crenças e a paixão pela poesia. Enfim, um tema mais que atual em tempos de web 2.0 e a exposição deliberada proporcionada pela Internet.

O filme que se passa em São Paulo, nos apresenta a história daquela que poderia muito bem ser sua melhor amiga. Todos conhecemos ou já nos deparamos com alguma "Camila", quero dizer, uma personagem muito comum na nossa paulicéia desvairada. É muito legal ver sua cidade natal na tela, principalmente quando suas locações fazem parte de seu cotidiano.

Recentemente estive visitando alguns apartamentos na região oeste, mais precisamente em Perdizes e pude conferir vários similares as moradias de Camila. Muitos de meus amigos moram na região e claramente a Camila poderia ser nossa vizinha, além de frequentar lugares em comum. O velho "Filial", bar na Vila Madalena aparece no filme. O "Milo Garage", a " Casa Belfiore", ou o popular "CB" se preferir também estão lá. Ela aparece até curtindo, mais ou menos, um jogo do verdão em pleno "Palestra Itália". Poxa, ela tá na minha quebrada rs.

Esta proximidade com o público causa certa simpatia, mas o filme não decola. Ponto para sua experimentação, o resgate da poesia pelo Blog da personagem e o retrato de uma geração constantemente on-line. As referência literárias não poderiam faltar em tratando-se de uma personagem aspirante à escritora. E dá-lhe Leminski e Bukowski.

Camila é auto-destruidora por natureza. Ela não consegue ser feliz 100%. Quando tudo parece bem, ela apronta ou aprontam para ela. Vive tomando anfetamina pra ficar ligadona, aliás, sua dieta baseia-se em anfetamina, cerveja e cigarro. Muitos cigarros. Ela procura o caos e quando não procura, o atrai. Se apaixona pelos caras errados e possue uma enorme vocação para o sofrimento, o que já é meio caminho andado para se dar bem no mundo das letras.

Conheci algumas Camilas na minha vida, sem dever nada à personagem de Leandra Leal. Na verdade, elas são muito carentes. Querem amar e serem amadas, um relacionamento estável, mas basta uma faísca para pegarem fogo e colocarem tudo à perder. Vivem por impulso e só medem as consequências depois que a cagada está feita. São daquelas pessoas que vivem minuto após minuto, não que eu descorde. Para mim, o que ficou para trás não volta e eu quero mais é viver meu presente, sem vislumbrar o futuro, mas tudo tem sua medida certa e cabe a você, designar a dose. Camila é 8/80, e assim vai tocando sua vida caótica, o que com certeza, lhe renderá um belo livro. Muito melhor que o roteiro deste filme.

Como já esperava, o filme é 100% Leandra Leal e este lhe proporcionou a oportunidade de explorar todo seu talento dramático. Por ela, vale muito. Pelo filme em si ... Acho que não. Mesmo porque, essa história, muitos de nós já presenciamos pessoalmente, seja através de uma amiga ou de uma namorada. Infelizmente, nada de novo em um filme que aborda um universo tão recente. Mas vale para conferir uma atriz no seu ápice interpretativo, mesmo que o roteiro não colabore.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

resmunga ai