quarta-feira, 22 de abril de 2009

Fatal




USA, 2008
Direção: Isabel Coixet


Taí uma bela surpresa. Baseado na obra de Philip Roth, "Fatal" nos conta a história de um famoso crítico literário e professor universitário que desaba do alto de sua maturidade ao apaixonar-se perdidamente por uma aluna.

O filme possue um elenco firme e talentoso. Temos o eterno Gandhi e ótimo ator Ben Kingsley no papel do protagonista. A excelente e linda vencedora do último Oscar Penélope Cruz em um papel totalmente diferente do que lhe rendeu o prêmio e ainda os ótimos coadjuvantes Dennis Hopper no papel de melhor amigo de Ben e Patricia Clarkson no papel da amante que só busca sexo, embora se encontrem a 20 anos para isso.

Se não bastasse, a direção fica por conta da boa surpresa Isabel Coixet, mais famosa por seu trabalho "A Vida Secreta das Palavras", com Tim Robbins.

O ótimo roteiro gira em torno do ápice da maturidade atingida por seu personagem principal. Ben Kingsley interpreta um homem muito bem sucedido e reverenciado no seu meio. Um crítico das letras que conhece tudo do bom e do melhor. Um homem com a cultura à flor da pele, que toca piano, revela suas fotos, entende de Teatro e odeia a instituição casamento, pois já viveu um que foi um fracasso e repete a todo momento como se arrepende. Tem verdadeiro pavor a qualquer relacionamento mais profundo e talvez por isso, prefira conquistar as suas jovens alunas, pois sabe que o encanto pela sabedoria do velho uma hora será trocada pela juventude de um pretê mais compromissado.

Para ele a vida está ótima assim, até que ele conhece a jovem e encantadora Consuelo. Ele apaixona-se perdidamente pela moça e perde o auto-controle que sempre teve. Afinal, onde está toda aquela sua vivência e experiência. E a paixão vira obsessão e ele vê-se paranóico quando ela não está por perto e chega ao cúmulo de vigiá-la para ver se ela diz a verdade.

Dennis Hopper é o amigo do peito para quem ele desabafa suas atitudes adolescentes como o próprio Ben classifica, ao relatar o episódio da perseguição com uma certa repulsa e vergonha.

O problema maior é que seu amor é correspondido. Consuelo também o ama, mas como trabalhar o início de uma nova relação e fazer planos quando a mulher por quem você está apaixonado é quase 40 anos mais nova que você? Como atender ao simples pedido da moça para que você vá conhecer os pais dela, quando esses pais devem ter a mesma idade que você? Imagino que seja um verdadeiro calvário. E foi o que Ben imaginou também. Apesar de perdidamente apaixonado, seu lado racional foi mais forte e mais uma vez, ele expulsa uma mulher de sua vida.

Seu amigo diz que mulheres bonitas são invisíveis, que ele está apaixonado pela beleza exterior dela, mas que nunca procurou saber como é realmente aquela beldade internamente. Ele está certo. É preciso trespassar este muro da beleza para atingir o centro de seu coração num processo de desmistificação do belo.

Ben não aguenta a barra e foge. E sofre. Sofre muito. Mas o destino lhe reserva uma surpresa e ele terá uma nova chance de mostrar que realmente ama aquela mulher e que não se importa com o futuro. Pois Consuelo questionou certa vez se ele via um futuro com ela e quando esta pergunta parte de uma mulher 35 anos mais nova que você, fica praticamente impossível vislumbrar um futuro comum para os dois. O negócio é viver o presente e não se ater ao que pode vir a acontecer, na verdade, o melhor é não pensar.

Bom filme, com ótimos atores e um belo roteiro. Para se pensar e pensar ou melhor ... Para se esquecer. Viva o presente!





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resmunga ai