quinta-feira, 22 de maio de 2008

Control


Inglaterra/ EUA, 2007
Direção: Anton Corbijn


Este filme foi um dos sucessos da última Mostra de Cinema de São Paulo. Sessões lotadas e super concorridas. Não é pra menos. Control conta um pouco da história de um dos gênios que a música mundial já conheceu: Ian Curtis, vocalista da cultuada e extinta banda Joy Division, que após sua morte se transformaria em New Order.
Corbijn retrata o biografado com muita fidelidade e sem afetações, comuns nos filmes de celebridades biografadas, principalmente nas produções hollywoodianas. Ian Curtis encontra-se no mesmo "altar" de Jimi Hendrix, Jim Morrison e Kurt Cobain. Ele foi um mito que revolucionou a música inglesa e mundial. Sua música era depressiva, mas muito forte. O homem era um poeta triste, aliás, muito triste.
Corbijn prefere seguir o caminho da desconstrução do personagem, interpretado magistralmente por Sam Riley. Um rapaz aparentemente comum, talvez um pouco mais sensível que os outros, mas comum. Teria sido ele o primeiro emo? Um rapaz que teve que trabalhar cedo, casou-se cedo e foi pai muito cedo. Sofria de problemas de saúde (epilepsia) e vivia intensamente. Era fã de Bowie e Lou Reed. Juntar-se à Warsaw, a banda que mais tarde viria a ser Joy Division, era a forma de extravasar sua tristeza.
Sua agonia devia-se ao fato dele sempre tomar decisões por impulso. O casamento e a paternidade não representavam obrigatoriamnete uma grande mudança em sua vida. Mas ele foi um rapaz bom, responsável e que amava a família. Só que tudo aconteceu muito rápido, quando o Joy Division, nem era conhecido ainda.

Sua família foi a base para que ele atingisse o topo. Veio o sucesso e com ele a descoberta de um novo mundo. Ele apaixonou-se por outra mulher e sofria muito por gostar da amante. Sofria, porque sabia que Debbie, sua esposa, não merecia sua traição. Ao mesmo tempo, não conseguia abandonar Annik, sua amante. Ele literalmente amava as duas e ficaria com ambas se possível fosse. Como não era ...
De sua agonia e sofrimento, surgiram clássicos como " She´s Lost Control " e " Love will tear us Apart ". Seus ataques de epilepsia tornavam-se cada vez mais constantes. Seu desespero era incontrolável e Curtis já não conseguia sustentar uma música no palco. Sofreu muito por amar tanto e não conseguir perdoar-se pelo fato de trair sua esposa. Ter que escolher entre as duas foi a gota d´água e aos 23 anos, Curtis suicidou-se.
Como já foi dito, a atuação de Sam Riley é um primor, aliás, o filme é ele. Mesmo os personagens que poderiam ter mais destaque como o resto da banda, sua esposa e a amante, estão ali apenas para compor, na realidade, acho que o empresário, é o personagem que aparece um pouquinho mais. Peter Hook faz algumas piadinhas de mau gosto, deixando a entender que ele era um grosso sem sentimentos. Bernard Summer, bem ... nada inclui, e o baterista entra mudo e sai calado. Melhor assim, eles tocavam muito e formaram uma super banda depois, talvez até mais conhecida que o próprio Joy Division. Dancei muito ao som de New Order.
O filme é fotografado em preto e branco. Uma fotografia extremamente elegante e nada afetada. O trabalho de ator é simplesmente sensacional. A trilha ... bem, não preciso nem falar, e sua vida deu um roteiro e tanto que foi muito bem dirigido por Corbjin.

Um filme indispensável para amantes da música e do cinema. Um belo trabalho que só fez aumentar minha admiração por este astro que foi gente como a gente e que nunca teve medo de expor seus sentimentos. Agora com licença que preciso ouvir meu velho vinyl " Substance ", uma das belas obras deste triste homem.











Postado no O Crítico Sou Eu em 22/05/2008.

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