quinta-feira, 10 de maio de 2012

UM MÉTODO PERIGOSO


Canadá/ReinoUnido/Alemanha/Suiça, 2011
Direção: David Cronenberg

Diretor consagrado de filmes clássicos e bizarros como "A Mosca", "Scanners" e "Crash", Cronenberg  nos leva ao universo dos dois maiores mestres da história da psicanálise: Carl Jung e Sigmund Freud, interpretados pelos ótimos Michael Fassbender e Viggo Mortensen.

Jung inicia um tratamento inovador na histérica Sabina (Keira Knightley), a cura através da palavra. Sabina possue distúrbios psicológicos consequentes da educação grotesca recebida pelo pai. Adulta, ela ainda sofre com as lembranças do tratamento recebido quando criança e cabe a Jung tentar curar seus males. Utilizando de seu método, o tratamento mostra-se eficaz. Ele só não esperava que o mesmo colocasse dúvidas em sua cabeça, a ponto de envolver-se emocionalmente com a paciente. Sabina por sua vez, tornou-se após curada, umas das primeiras mulheres psicanalistas da história.

25Jung sempre teve Freud como seu grande mestre e este acreditava fielmente que Jung seria seu seguidor e pupilo, o homem que levaria adiante suas teorias, porém, ao se conhecerem pessoalmente e discutirem o caso de Sabina, as diferenças de pensamento e crenças entre os dois começam a transparecer.
Freud era uma pessoa racional, já Jung, acreditava em outros fatores para a causa dos traumas pessoais que não condiziam com as teorias freudianas. Aliás, para Freud, a maioria dos problemas psicológicos estavam relacionados ao sexo. Jung vai além e nunca se satisfez com a simplicidade das respostas de Freud.

Mestre e discípulo então entram em conflito. Sabina mostra-se curada e Jung, perdido. A breve visita de Otto Gross (Vincent Cassel), à Jung é um dos melhores momentos do filme. Otto diz à Jung tudo o que ele queria e precisava ouvir e arrisco a dizer que ele teve mais influência sobre Jung do que o próprio Freud.
A dupla protagonista de atores dispensa comentários. São ótimos. A Sabina histérica de Keira soa um tanto exagerada, mas é a cara de Cronenberg. Não espere uma sessão de análise para buscar a origem de seus traumas, o filme aborda essencialmente os dois mestres, seus conflitos e problemas.

Cronenberg vem assumindo uma cinematografia mais palatável e saindo um pouco do mundo surreal de seus filmes mais antigos. "Marcas da Violência", "Senhores do Crime" e o ainda inédito "Cosmópolis" mostram bem essa transição. Mas ele ainda se mantém fiel a sua principal essência: Questionar e chocar. Croneneberg, nem mesmo Freud explica. Talvez Jung fosse mais bem sucedido para dissertar sobre sua obra. Segundo Jung, as vezes é preciso fazer algo imperdoável para conseguir continuar vivendo. Talvez ele esteja certo.

20

Um comentário:

resmunga ai