segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Terra Vermelha


Brasil/Itália, 2008
Direção: Marco Bechis


Com certeza este foi o ano do índio, ao menos no que diz respeito ao Cinema. Tivemos os ótimos documentários "Serras da Desordem", obrigatório, e "500 Almas". E para fechar com chave de ouro, este sensacional "Terra Vermelha", com certeza um dos grandes filmes do ano e obrigatório para toda a nossa nação.

Infelizmente foi preciso um italiano para realizar o filme definitivo e fidedigno sobre a situação enfrentada nos dias atuais pelos verdadeiros donos desta terra chamada Brasil.

Rodado no Mato Grosso do Sul, "Terra Vermelha" nos apresenta a luta dos indíos Cayowáa contra os latifundiários locais que acham que aquela terra lhes pertence.

O filme é baseado em fatos reais, infelizmente, e aborda com uma realidade cruel os inúmeros suicídios que ocorreram durante determinado período entre os jovens indígenas desta tribo aqui retratada.
O filme foca na falta de identidade dos jovens que não sabem se devotam-se as suas tradições ou deixam inserir-se na sociedade branca e doente impulsionada pelo consumismo. Sentem-se pressionados de ambos os lados e não se identificam com nenhum.

O filme mostra também como é explorado o turismo selvagem para gringos que acreditam em tudo o que vêem. A cena inicial, digo sem dúvida alguma, é uma das mais fortes e antológicas do cinema atual.

Outro grande momento é quando o personagem do latifundiário tenta argumentar com o líder da tribo de que está naquela terra à 60 anos. 3 gerações produzindo comida. De que aquilo tudo lhe pertence por direito. A resposta não poderia ser melhor, não vou contar para não estragar a surpresa da força desta cena.

O filme mostra também a relação entre brancos e índios, que até parece ser amistosa, mas a história guarda muitas mágoas para que essa relação seja saudável.
O filme é lindo e obrigatório para nossa população. Um belo roteiro. Atores sensacionais, principalmente no lado do elenco indígena que foram maravilhosamente dirigidos por Bachis.
Em tempos de "Raposa do Sol", o tema não poderia ser mais atual. Quem somos nós para delimitar onde os índios podem viver? Vocês tem que ficar na reserva ... Eles que deveriam dizer onde podemos ficar. O que fizemos com nossos índios? O que estamos fazendo com os poucos que nos restaram? Um país que não respeita seu passado, não pode ter um futuro digno. Cada um colhe o que merece e no nosso caso, nada de ruim que acontece por aqui deveria ser surpresa. Seremos eternas vítimas de nossos atrozes colonizadores. Uma herança impossível de se orgulhar.
Ótimo filme. Era preciso alguém de fora mesmo para conseguir retratar sem milongas essa história vergonhosa.

ps: São Paulo com certeza é a cidade do país com mais salas de cinema. O fato de "Terra Vermelha" estar somente em uma sala da capital, representa a importância que a população dá aos nossos índios e sua situação: NENHUMA! E o mais triste de tudo isso é constatar na pele que o gringo se preocupa e se interessa muito mais pela situação do que nós. Metade da sala no dia em que fui ver o filme era composta por uma audiência de ... FRANCESES. Tá certo que haviam 20 pessoas na sala, mas ainda assim, uma vergonha!







Um Conto de Natal


França, 2008
Direção: Arnaud Desplechin

Que país poderia transpor para a película as mazelas de uma família em frangalhos? Se sua resposta foi França, parabéns, você sabe que os franceses adoram dissecar os podres familiares na telona. E na minha humilde opinião, são os que o fazem da melhor maneira, as vezes um pouco exagerado é verdade, mas ainda assim, o realizam muito bem.

Nesta melancólica comédia de humor negro ou poderíamos classificar o filme também como um drama engraçadinho. Não importa, o sarcasmo está onipresente neste filme. Muito dele representado pelos personagens da eterna bela Catherine Deneuve e do excelente Mathieu Amalric.

A personagem de Catherine descobre que está com um câncer. Sem o tratamento, lhe resta pouco tempo de vida, contudo, o tratamento tampouco representa a salvação. Se por acaso seu organismo rejeitar a medula doada, a doença poderá acelerar. Um drama certo? Errado. Na verdade, quem mais sofre com tudo isso é o marido de Catherine que tenta a todo custo convencê-la de optar pelo tratamento. A própria doente trata a doença de maneira super normal e não se mostra muito preocupada. Mantém até um certo ar blasé, típico de sua cultura, como quem não tá nem aí com a proximidade da morte.

Mediante esta situação, a família que não se reunia à anos, resolve passar o natal ao lado da matriarca doente. E la se vão os filhos, sobrinhos e netos para a casa de Catherine. Ótima oportunidade para lavar a roupa suja de anos não é mesmo? É sim, a tragédia está anunciada.

Catherine procura na família alguém que tenha a medula compatível para que seja realizado o transplante e por ironia do destino, o filho pouco amado e irmão odiado (interpretado por Mathieu é claro) é o único compatível. Quer dizer, temos o neto também, mas ele faz parte do hall de personagens que eu eliminiaria do elenco.
A conversa entre mãe e filho é um dos grandes momentos do filme. Um dos poucos na verdade. Catherine e Mathieu destilando todo veneno e sarcamo imaginários.

Agora falemos um pouco sobre o filme. Acredito que o filme seria muito melhor se cortasse ao menos metade dos personagens. O neto louco, a nora ninfomaníaca que deu para todos os membros da família, a irmã deprê e o irmão frágil são absolutamente desnecessários. É claro que cada um tem seu papel no filme e não digo que deveriam ser cortados por completo, pois suas ações são essenciais para o desenrolar da trama, mas não daria tanta importância. Da mesma maneira que entraram, eles sairiam. Sem muito alarde. Mas não, o diretor reserva um momento de explicação de cada personagem e essa enrolação desnecessária faz com que o filme atinja 2:30 sem que haja necessidade.

O personagem de Mathieu é o melhor de todos. Sua namorada também proporciona bons momentos. Ela está lá pra causar burburinho e o faz muito bem. Entra e sai do filme sem muito alarde, como muitos dos personagens citados acima deveriam ter sido trabalhados. O patriarca da família proporciona a parte cultural que não poderia faltar em um filme francês é claro. Ele é responsável por citações de mestres franceses e é fã de jazz, o que traz momentos muito agradáveis para nossos ouvidos, seja através da música ou da poesia.

O filme está longe de ser ruim. É bonzinho até. Quem não está acostumado a acompanhar filmes franceses e esteja estreiando na cinematografia francesa talvez até ache o filme sensacional, mas para quem troca Hollywood pelo cinema europeu, há de concordar que "Um Conto de Natal" é mais do mesmo. Família problemática, reunião em torno de um ente doente e lavação de roupa suja faz parte de muitas fitas francesas.

O negócio é ver quem consegue ser o mais arrojado. Quem faz os melhores diálogos e quem ousa "ousar" mais. Aqui por exemplo, Arnaud disserta sobre uma mãe que não se importa com a morte. Essa mesma mãe admite ao filho que não gosta dele e ele retruca dizendo que divide o mesmo sentimento com relação à ela, mas vai doar sua medula. E ainda temos a nora que na noite de natal dá para o primo do marido e esse acha tudo super normal.

Admito que a França seja um país muito mais avançado em todos os sentidos, mas essa vontade de mostrar que são seres muito mais evoluídos que o resto do mundo e que trata bizarrices como a coisa mais normal do mundo já está virando marketing e ficando difícil de engolir. Talvez eles tenham que começar a rever essa necessidade de ser a nação mais "prafrentex" do Universo, pois alguém pode querer conferir e se não corresponderem ... Por Mathieu e Catherine e claro, pelas palavras do patriarca e suas intervenções jazzísticas. O resto não interessa muito.








quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz Natal!





segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Rebobine, Por Favor


EUA, 2008
Direção: Michel Gondry

HAHAHA! Só de lembrar já me mijo de rir. Eu sei, eu sei. Como algo que já é esperado pode causar risadas? Concordo que talvez a expectativa tenha sido quebrada de tanto que falou-se deste filme, mas acredite, vale a pena e é muito engraçado. Longe de ser mais uma comédia americana mongolóide. Não o filme também não prima pela inteligência e tampouco é este seu objetivo. Seu foco é entreter e de quebra render uma justa homenagem a tantos personagens que fizeram parte de nossa adolescência na já distante década de 80. E isso ele faz muito bem.

A começar pela escolha do elenco. Jack Black aqui está em casa e o papel caiu como uma luva para ele. Temos ainda Mos Def que sempre admirei, principalmente após conferir o homem atuando no palco quando vivi em Nova Iorque. Um arraso de ator. E coadjuvantes como Danny Glover e Mia Farrow, que andava sumidinha, não é pra qualquer um.
Em uma decadente cidadezinha de New Jersey, o personagem de Danny Glover ainda insiste em manter uma video locadora com fitas vhs. Pobre coitado, é claro que em tempos de dvd, o negócio vai mal, muito mal. O lema da loja é: Uma fita, um dólar, um dia. Mas quem ainda aluga vhs? E para piorar, o prédio onde está instalada a loja é o mesmo onde ele vive e está sendo ameaçado de demolição caso ele não faça as reformas exigidas pela prefeitura. Problemas não faltam e a solução não poderia vir de maneira mais torta.

Um belo dia após uma tentativa de sabotar a rede elétrica local, que por acaso o deixa magnetizado, o personagem de Jack Black entra na locadora e desmagnetiza todas as fitas deixando-as em branco. Os poucos clientes começam a pressionar e a solução encontrada é eles próprios refazerem os filmes solicitados.

O primeiro é Ghostbusters em sequências de lacrimejar os olhos. Tudo muito tosco, mas com uma criatividade e energia incríveis.
A intervenção faz um sucesso que eles não imaginavam que pudesse ocorrer. Logo surgem outros pedidos e outros filmes até ficarem famosos localmente. Filmes como "Robocop" e "Rush Hour" são refilmados à maneira deles ocasionando em sequências que arrisco dizer que já nasceram clássicas. A imitação de Jackie Chan está impagável.

Um filme sem muitas pretensões a não ser a de divertir. E qual o problema nisso? Tem coisa melhor do que rir e sair do cinema flutuando de alegria rsss. Um único porém talvez seja que os filmes homenageados tenham ficado datados. Não adianta levar seu sobrinho de 10 anos pois ele não conhece os filmes aqui homenageados. É muito mais engraçado para nós trintões rsss.

Divertido, bem feito e muito criativo. Ótimas interpretações e um belo roteiro original. E não venha me dizer que trata-se do "Saneamento Básico" americano como disse algum crítico nojentinho de um jornal que não vou citar o nome. Rebobine é muuuuuuuuuito melhor. Sem comparações.
Para este povo, se o filme não faz pensar e não carrega centenas de metáforas, não vale a pena. Se faz rir com piadas normais então .... Não presta. Eita povinho amargo. Vai comer chocolate meu filho!







O Silêncio de Lorna


Bélgica/Inglaterra/França/Itália/Alemanha, 2008
Direção: Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne

Mais um belo trabalho dos belgas e irmãos Dardenne. Em "O Silêncio de Lorna", os irmãos focam na questão dos imigrantes que vão à Europa em busca da tão sonhada cidadania que na visão deles é a única maneira de poderem sonhar com um futuro melhor ou um presente digno, mas o caminho a ser percorrido para atingir tal objetivo é árduo e cruel na maioria das vezes.

Lorna é uma imigrante albanesa que arruma um casamento falso com um belga drogado (interpretado muito bem pelo ator fetiche dos irmãos, Jeremie Renier). O plano inicial era casar com um drogado, pois a chance de uma morte por overdose é grande e logo, ela nem precisaria dár-se a o trabalho de inventar alguma desculpa para conseguir o divórcio, afinal, ser viúva neste caso é muito mais natural e melhor para sua imagem.
O drogado exige cuidados e é muito carente. E embora ela não queira envolver-se, aos poucos ela vai cedendo. Lorna não é uma mulher cruel, ela pagou pelo casamento ao louquinho drogado como é chamado pelos bandidos que circulam Lorna e sofre com as recaídas de seu "suposto" marido. Ela só quer conseguir sua cidadania e abrir um restaurante para viver dignamente com seu namorado.
Lorna tenta de todas as maneiras evitar o plano da overdose e começa a se autoflagelar para tentar dar entrada ao divórcio alegando que o marido à agride. Ela tenta convencê-lo de que esta seria a melhor solução, porém ele é incapaz de levantar a mão para ela. E por aí vai.

Além da questão da imigração, os Dardenne abordam principalmente o sentimento de culpa que pode devorar internamente uma pessoa até levá-la à loucura. E quem conhece o trabalho dos irmãos, sabe que não se deve esperar um final feliz.


O roteiro é muito bom e os atores estão excelentes. Alguns momentos são muito delicados e os poucos sorrisos de Lorna no meio de tanta decepção são como um arco-íris no meio do cinza.

Resumo da ópera: devemos sempre estar atentos as nossas decisões e escolhas, pois as consequências podem ser desastrosas e nos afetarem por toda a vida. Saiba bem o que você quer e tenha certeza de que os meios, justificam o fim. Belo filme.








Madonna em Sampa 20.12.08


Finalmente a rainha do pop resolveu dar o ar de sua graça novamente em terras tupiniquins. E pode-se dizer que foi uma espera dolorosa, afinal, passaram-se mais de 10 anos da sua última visita.

O terrorismo que foi criado em torno das condições do show foram absurdas. Vá de táxi. Tão cobrando R$ 200, 00 reais nos estacionamentos. Vai chover. Houveram furtos na entrada e por aí vai o dramalhão. E claro, que eu, como a maioria das pessoas que foram ao show do Sábado, já foram precavidas, como se fosse alguma novidade adotar um esquema diferente para acompanhar um evento de tamanha magnitude. Quem está acostumado a frequentar grandes shows, sabe que o tumulto faz parte, estamos no Brasil gente e nada do que aconteceu foi novidade. Faça a sua parte direitinho que nada vai atrapalhar.
Resumindo, sai de casa as 18:00 em direção a casa de um primo que mora próximo ao estádio, lá deixei o carro e ele me levou, me deixando na porta. Assim que cheguei, peguei a fila da pista e em 10 minutos estava pisando no gramado "rosa". Fácil assim? Pois é. Como não sou um fã doente e nunca pretendi ficar grudado no palco, mesmo porque, agora inventaram a pista VIP e isso não iria ocorrer mesmo, resolvi ir após a abertura dos portões e driblar o tumulto da entrada. A chegada foi mamão com açucar e outras pessoas comentavam a espantosa tranquilidade com que chegaram ao Morumbi.

As 20:00 em ponto Paul Oakenfold entrou no palco para seu set de músicas poperô de fm, tentou até puxar o saco dos brazukas tocando Rappa e Marcelo D2, mas a galera queria mesmo ver a Diva e assim que o público começou a ameaçar as primeiras vaias, ele pegou sua vitrolinha e mandou-se.

A chuva ameaçava e até chegou a cair, mas foi muito pouco e nada atrapalharia aquela noite. As 21:30 Madonna pisa no palco para o delírio da galera. Somente meia horinha de atraso, isso mesmo. O set list do show foi uma mescla de sucessos eternos com sucessos recentes. Todos os clássicos como "Vogue", "Like a Prayer" , "Human Nature", "Isla Bonita", "Borderline" receberam novos arranjos e pelo visto, foram aprovadíssimos pelo público.

A produção do show é digna de nota máxima e não poderia ser diferente em tratando-se de Madonna. Os cenários grandiosos, os figurinos, os bailarinos, o show divido por temas, os super telões que interagem com o cenário de maneira que eu nunca havia presenciado. Não fui ao show por ser fã de sua música, sou fã da mulher Madonna. Fui para ver todo seu circo, o conjunto da obra. E a mulher domina o palco e seu público como ninguém, sem contar que os shows em terras brazukas são famosos por fazerem grandes artistas quebrarem o protocolo. Madonna estava mais simpática do que nunca, falando com o público, brincando. Na hora de alguém da platéia pedir a música que ela canta à capela, o escolhido se deu mal. Você é bonito Ronaldo, mas escolheu a música errada, soltou para o fã espremido na grade da pista vip.

Sou fã mesmo de rock n roll e para mim o importante são 4 caras no palco debulhando seus instrumentos sem muito frufru. Mas não poderia deixar de ver a maior artista do século em atividade. No meu trabalho é muito importante acompanhar novas tendências e a Madonna dita tendências pelo mundo e esta sempre cercada do que há de melhor no mundo do entretenimento. Os melhores produtores musicais pop como os fantásticos "Timbaland" que tudo que tocam vira ouro. Ela quer manter-se no mainstream, quer ser a maior de todas e trabalha muito para isso. E na verdade, acho que já atingiu esse status a um bom tempo.

Teve um crítico que disse que o show era mais business do que show. E qual o problema do business meu amigo? Este foi o modelo que escolheram para nós e a não ser que você viva em Cuba ou na Coréia do Norte, mesmo porque o comunismo Chinês não deve durar muito mais tempo, você tem que se adaptar ao capitalismo queridão. Pára com esse romantismo e nostalgia de um tempo que não volta mais e olha pra frente. Pega um pouco do "sweet" da Diva e seja menos amargo. Todos precisam de dinheiro, a questão é como utilizá-lo e isso vai de cada um. Dúvido que ele encontre algum fã que tenha alguma crítica com relação ao show. Pode ter certeza amigão, de que assim que ela tocou o primeitro acorde, todos os problemas enfrentados para conseguir vê-la em ação foram esquecidos. Ela tem esse poder. Ela pode e fez por onde, goste você ou não.

O show foi excelente, ocorreu as mil maravilhas e estavam todos muito felizes, extasiados ao final. Digam o que disser, ela é a rainha do pop meus caros e mantém este título com muito louvor.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Queime Depois de Ler


EUA, 2008
Direção: Joel e Ethan Coen

Após a ressaca de prêmios do excelente "Onde os Fracos Não Têm Vez", os irmãos Coen voltam à cena com esta ácida comédia de humor negro.

Agente da CIA é despedido e resolve escrever um livro sobre sua experiência na agência. Um cd contendo um rascunho do livro vai parar em uma academia onde dois funcionários o encontram e passam a chantagear o agente, exigindo dinheiro para devolver as informações que "supostamente" poderiam interessar à alguém.

Aqui os irmão Coen estão na sua praia. Humor negro é uma de suas especialidades se não for a maior. E nada como a fama para conseguir juntar esta verdadeira constelação. Brad Pitt? Tem. George Clooney? Também. E a mulherada? Que tal Tilda Swinton? Fraco não né. Mas ainda não acabou. Ainda tem a excelente Frances McDormand de "Fargo" e a lenda John Malcovich hehehe. Todos extremamente bem dirigidos, o que resultou em interpretações no mínimo marcantes.

Temos o personagem bobalhão de Pitt em uma atuação cômica com direito a um dos cabelos mais ridículos do Cinema. Chega a ser exagerado é verdade, mas o exagero é proposital, bem caricato mesmo para avacalhar com a sociedade americana. George Clooney e Frances são o fio dramático que sustenta a parte "tragédia" da película em atuações empolgantes e competentes. Malcovich dispensa comentários e dirigido por esta dupla então ...

Os irmãos conseguem dar um tom cômico à este roteiro melancólico e trágico. Temos a paranóia americana representada pelos russos. A traiçao e banalização da instituição "casamento" mostrada como algo fadado ao fracasso. Temos um retrato muito triste da solidão em tempos de internet com seus deprimentes "blind dates". A obsessão pelo corpo perfeito, que no caso deste filme, é o mote principal e o total descaso com a vida humana. Qual o preço de uma cirurgia plástica?

É claro que acabamos rindo de tudo. Os atores são sensacionais, o roteiro é ótimo e os diretores sabem manipular como ninguém sua platéia. Mas temos algumas poucas passagens dramáticas que representam a idéia principal do filme, como quando Frances vai encontrar pela primeira vez um homem de um site de relacionamentos sem saber o que esperar, representação máxima da solidão de alguém que chegou no seu limite e está desesperada. A violência gratuita dos minutos finais com Malcovich e sua machadinha. O encontro à la "Os Infiltrados" de Clooney e Pitt, nada disso esta ali por acaso.

A verdade é uma só: A raça humana é sádica por natureza e se diverte com a desgraça alheia. Como os Coen não são bobos, exploram como ninguém essa característica instintiva de nossa espécie.
O filme é muito bom. Ainda bem que é uma comédia, pois este roteiro em outras mãos correria o grande risco de ser extremamente depressivo.










quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Amor à Flor da Pele - A Trilha


Não poderia deixar de incluir no "Trilha da Hora" esta sensacional obra realizada para o filme "Amor À Flor da Pele" de Wong Kar-wai. Aliás, este foi o filme que me despertou para o universo deste diretor chinês de quem hoje sou grande fã. Se bem que não gostei muito de sua incursão pela América com "Blueberry Nights" não. Acho melhor ele manter-se em sua moldura asiática, mas valeu a tentativa, afinal, temos sempre que buscar novidades em nossas vidas não é mesmo? E isso é assunto pra outra postagem.

O fato de Kar-wai dar extrema importância para a música em seus filmes não é questão de marketing como poderíamos dizer que é o que acontece nas trilhas de Tarantino, ótimas, mas nem sempre necessárias. Kar-wai sempre filma o amor e muitas vezes este amor é melhor representado pela música do que pelas imagens.

Aqui, o caminhar em câmera lenta dos atores fetiches de Kar-Wai (Tonny Leung e Maggie Cheung) são acompanhados pela maravilhosa melodia de Shigeru Umebayashi. Dá para ouvir perfeitamente a agonia e sofrimento de seu violino. Lindo. Temos também a sensacional trilha de Michael Galasso que marca a solidão e a melancolia da sequência no Templo de Angkor Wat. E se não bastasse, ainda há toda a recriação da Hong Kong da década de 60, ou seja, estamos na era do rádio e as canções populares e tradicionais daquele período não poderiam ficar de fora. Como consequência, temos a presença de Nat King Cole que pontuou esta época. Mas a minha música preferida do filme é "Yumeji´s Theme". Eu poderia ficar o dia inteiro ouvindo e me lembrando daquelas cenas sob a chuva, aquela melancolia no ar, Tony Cheung e seu cigarrinho encostado no muro sob a luz e Maggie Cheung chegando toda linda em seu belo vestido. M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O! Sou suspeito pra falar rsss.
Você sai do cinema com a música na cabeça, que faz com que lembremos consequentemente de seus personagens e suas histórias. No meu caso a música não saiu até hoje e com certeza não irá sair, pois trata-se de uma das mais belas trilhas já realizadas para um filme. Lindo demais. Então chega de conversa e vamos viajar no tempo, para a Hong Kong de 1960 ao embalo destas lindas músicas. Boa viagem!
1. Yumeji's Theme 2:29
2. Mo-wan's dialogue 0:09
3. Angkor Wat Theme I 2:12
4. ITMFL I 2:09
5. "Aquellos Ojos Verdes" - Nat King Cole 2:12
6. "Shuang Shuang Yan" - Deng Bai Ying 2:53
7. ITMFL II 1:03
8. Radio Zhou Xuan Announcement / "Hua Yang De Dian Hua" - Zhou Xuan 3:18
9. "Quizas, Quizas, Quizas (Perhaps, Perhaps, Perhaps)" - Nat King Cole 2:45
10. "Bengawan Solo" - Rebecca Pan 2:51
11. ITMFL III 1:32
12. "Shuang Ma Hui" - Zhang Yun Xian and Hou Li Jun 1:13
13. Li-zhen's dialogue / "Te Quiero Dijiste (Magic Is The Moonlight)" - Nat King Cole 2:42
14. Te Quiero Dijiste - Nat King Cole
15. Angkor Wat Theme II 2:05
16. Casanova's Flute 2:18
17. Yumeji's Theme / Lizhen's dialogue 2:29
18. Angkor Wat Theme Finale 2:44
ps: não costumo colocar o álbum inteiro. sempre dou uma editada de leve, corto umas músicas, troco de lugar. Nesta trilha em especial, resolvi tirar pouca coisa, pois todas as músicas são importantes para suas imagens e ao ouvir esta trilha, automaticamente o filme vêm a cabeça, com aquelas cenas maravilhosas rsss. Então tem bastante música. Uma delícia rs.



Confira os filmes que tocam na Radio Trilha:
- Back to the Future (De Volta para o Futuro) - 1 música
- Ferris Bueller´s Day Off (Curtindo a Vida Adoidado) - 1 música
- In the Mood for Love (Amor à Flor da Pele) - 17 músicas
- Into the Wild (Na Natureza Selvagem) - completa
- Once (Apenas uma Vez) - 5 músicas
- The Talented Mr. Ripley (O Talentoso Ripley) - 1 música